segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Conquista de Silves


A Conquista de Silves
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Resumo
 
A 15 de Julho de 1189, era rei de Portugal D. Sancho I, a hoste do alferes-mor D. Mendo de Sousa, chega diante de Silves, levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco. E logo que a larga fila de navios (galés portuguesas e frota de Cruzados), subindo o rio, ancora diante da praça de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes Cruzados um assalto de surpresa às muralhas.
 






A proposta de D. Mendo foi aceite. Este ataque foi tão forte, que os Mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas refugiando-se na almedina, seu último refúgio.
 
Na madrugada seguinte, os cristãos fazem uma nova investida contra os Mouros, tentando conquistar a almedina. O ataque fracassou e os Cristãos retrocederam, aproveitando a pausa para se reorganizar e reconstruir as máquinas de guerra.

Com a chegada da hoste real com D. Sancho, a 29, começou o assédio em força. Um novo ataque foi realizado, e mais uma vez os Mouros refugiaram-se na almedina e não se deixaram vencer.

Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga desmoralizaram os Cruzados. Pensou-se em levantar o cerco. D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real. Os Cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prolongar o cerco.
Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os Mouros, exaustos, capitularam.
 
História da batalha
 
Decidido o ataque, o alferes-mor D. Mendo de Sousa, o Sousão, é enviado por terra, à frente da grossa hoste, em guarda avançada, para reconhecer os caminhos e a praça. Entretanto voltavam do sul as galés portuguesas que, agregadas à frota de cruzados, para lá se tornaram a  dirigir.
 
Só então D. Sancho, com as mesnadas dos bispos de Caminha e Porto, alguns esquadrões do Templo, do Hospital e de freires de Calatrava e numerosa peonagem e cavalaria dos concelhos, marcha pelo Alentejo contra Silves.

A 15 de Julho de 1189 a hoste de Sousão chega diante de Silves, que levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco. Dias depois, a 20, surge à barra de Portimão a frota aliada, começando pelas habituais assolações às povoações ribeirinhas dos mouros.
E logo que a larga fila de navios, subindo o rio, ancora diante da praça de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes cruzados um assalto de surpresa às muralhas.
 

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Silves
Mais opulenta e forte que Lisboa, a praça de Silves constava da cidade velha (almedina), localizada em sítio alto e muralhado, coroada ao alto pela soberba alcáçova, e da cidade baixa, nos seus subúrbios, delimitada por um cerca exterior de muralhas e torres, cuja maciça albarrã dominava toda a campina.
Uma forte couraça de estrada coberta ligava, pela encosta, as muralhas da sobranceira almedina com a torre albarracã da cerca, em baixo.
Largos fossos rodeavam de água toda a cinta de muralhas dos subúrbios. Aceite a proposta de Sousão, no dia seguinte deu-se o assalto de surpresa às muralhas dos subúrbios.
 

Tão impetuoso foi, tão furiosamente os cruzados se lançaram aos fossos e ergueram as escadas, sob a tempestade de setas, pedradas e balas incendiárias vomitadas das ameias, que os mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas, a cidade baixa, e refugiaram-se na almedina, seu último refúgio.
Todo o subúrbio foi ocupado nesse mesmo dia pelos cristãos que, excitados pela fácil vitória, no dia seguinte, ao romper da madrugada, se arrojaram também contra as muralhas da própria almedina para a levarem à escala. Não foi tão feliz essa segunda investida, porque, apesar das descargas de flechas que lhes protegia o assalto, por toda a cinta de muralhas foram os cruzados repelidos com graves perdas.
 
Ao cair da noite, desistiram; e lançado fogo aos subúrbios, abandonaram-nos e recolheram-se ao acampamento, para começarem o assédio regular, assim que D. Sancho tivesse chegado. Entretanto aproveitariam o tempo para construir e montar as necessárias máquinas de guerra - arietes, catapultas, manteletes, um monstruoso erício dos alemães. Com a chegada da hoste real, a 29, começou o assédio em forma.
Cerrou-se então o cerco, por mar e por terra; prepararam-se as máquinas de guerra. De novo nos subúrbios, os mouros provocavam, do alto das muralhas, o furor dos cristãos com insultos e crueldades. Decresceram de ritmo os combates para que os sapadores pudessem cobrir de minas a base das muralhas. Duas catapultas comandadas por D. Sancho e o monstruoso erício de pontas de aço, montado pelos alemães, atacaram sem cessar, durante dias, a maciça muralha. Por fim, o incêndio, devorando as escoras das minas, fez aluir uma torre e parte das muralhas.
 
Os cristãos precipitaram-se na brecha, forçando em breve os mouros a refugiarem-se parte na almedina, parte na albarrã. A torre albarrã, em baixo, logo atacada, em breve caiu também. O poço de água que abastecia a praça foi logo entulhado. À brutalidade dos golpes ia juntar-se também os horrores da sede. E novamente senhores dos subúrbios, pela segunda vez os cruzados se arrojaram sobre a almedina para a levarem à escala viva; mas pela segunda vez, apesar da sede, apesar das febres, apesar do tórrido céu de Verão, os heróicos defensores da praça por toda a parte repeliram a feroz escalada.

Um tanto desanimados, voltaram os assaltantes ao repor das minas contra as muralhas do castelo. Mas, uma saída feliz dos sitiados inutilizou as minas. D. Sancho, enervado já com a valorosa resistência, dá ordem de assalto geral a 18 de Agosto. Ainda, mais uma vez, o heroísmo dos sitiados, a aspereza da encosta e o incêndio da lenha que entulhava os fossos fizeram malograr em toda a linha a nova investida. 
 Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga desmoralizaram os cruzados. Pensou-se em levantar o cerco. D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real. Por um pouco estiveram para vir às mãos em sangrentas rixas os louros gigantes do norte e os trigueiros homens do sul. Na praça a situação dos sitiados (soube-se por um desertor) era atroz.
 
Mastigava-se barro para humedecer a boca. Havia mães que esmagavam o crânio dos filhos contra as paredes para os não verem sofrer. ( Sente-se o Oliveira Martins ) Do inclemente céu não caía gota de água. E de África nem promessas de auxílio, nem quaisquer notícias.
 
Os cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prolongar o cerco. Voltou-se ao moroso mas seguro sistema das minas. Mas os mouros, engenheiros hábeis, contra-minaram. As galerias cruzavam-se, entrecortavam-se, rompiam-se. Os ferozes combates à luz do dia transportaram-se para o coração da terra. Os sapadores cristãos e mouros, ardendo de febre, em ódio, chacinavam-se ali na treva, como trágicas toupeiras.
 
Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os mouros, exaustos, capitularam.
 
( Condensado de terravista.pt/ancora/1627 - Site que se recomenda por informação sobre Batalhas de Portugal )

Comentário - Apesar de todo esta luta e sofrimento para cristãos e muçulmanos, Silves que já tinha sido anteriormente conquistada por Fernando Magno de Leão em 1060 e depois perdida, volta a caír nas mãos dos árabes em Abril de 1191, conquistada por Ibne Juçufe. Tinha durado pouco o título que D. Sancho I tinha adoptado de :" Sancius, Dei Gratia, Portugallis Rex, Silvis et Algarbii Rex".
Parece que cruzados alemães a voltaram a tomar em 1198, voltou a ser perdida e só foi definitivamente reconquistada para Portugal em 1240, já no reinado de D. Sancho II, por D. Paio Peres Correia mestre da Ordem de San´Tiago que num golpe de sorte, aproveitando a saída das tropas de Almansor, que tinha abandonado a cidade, deixando-a indefesa, para atacar Estombar.
Nessa refrega o próprio Almansor depois de derrotado, procura fugir, morre afogado num pego dos arredores de Portimão, que durante muito tempo foi conhecido pelo «pego de Almansor». Esta segunda conquista de Silves e de todo o Algarve, entrou mais facilmente do que a primeira, nos domínios da lenda e fantasia para escritores e poetas.
 

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