A Conquista de Silves
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- Resumo
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- A 15 de Julho de 1189, era rei de Portugal D. Sancho I, a hoste do alferes-mor D. Mendo de Sousa, chega diante de Silves, levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco. E logo que a larga fila de navios (galés portuguesas e frota de Cruzados), subindo o rio, ancora diante da praça de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes Cruzados um assalto de surpresa às muralhas.
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- A proposta de D. Mendo foi aceite. Este ataque foi tão forte, que os Mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas refugiando-se na almedina, seu último refúgio.
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- Na madrugada seguinte, os cristãos fazem uma nova investida contra os Mouros, tentando conquistar a almedina. O ataque fracassou e os Cristãos retrocederam, aproveitando a pausa para se reorganizar e reconstruir as máquinas de guerra.
- Com a chegada da hoste real com D. Sancho, a 29, começou o assédio em força. Um novo ataque foi realizado, e mais uma vez os Mouros refugiaram-se na almedina e não se deixaram vencer.
- Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga desmoralizaram os Cruzados. Pensou-se em levantar o cerco. D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real. Os Cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prolongar o cerco.
- Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os Mouros, exaustos, capitularam.
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- História da batalha
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- Decidido o ataque, o alferes-mor D. Mendo de Sousa, o Sousão, é enviado por terra, à frente da grossa hoste, em guarda avançada, para reconhecer os caminhos e a praça. Entretanto voltavam do sul as galés portuguesas que, agregadas à frota de cruzados, para lá se tornaram a dirigir.
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- Só então D. Sancho, com as mesnadas dos bispos de Caminha e Porto, alguns esquadrões do Templo, do Hospital e de freires de Calatrava e numerosa peonagem e cavalaria dos concelhos, marcha pelo Alentejo contra Silves.
- A 15 de Julho de 1189 a hoste de Sousão chega diante de Silves, que levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco. Dias depois, a 20, surge à barra de Portimão a frota aliada, começando pelas habituais assolações às povoações ribeirinhas dos mouros.
- E logo que a larga fila de navios, subindo o rio, ancora diante da praça de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes cruzados um assalto de surpresa às muralhas.
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Silves
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- Mais opulenta e forte que Lisboa, a praça de Silves constava da cidade velha (almedina), localizada em sítio alto e muralhado, coroada ao alto pela soberba alcáçova, e da cidade baixa, nos seus subúrbios, delimitada por um cerca exterior de muralhas e torres, cuja maciça albarrã dominava toda a campina.
- Uma forte couraça de estrada coberta ligava, pela encosta, as muralhas da sobranceira almedina com a torre albarracã da cerca, em baixo.
- Largos fossos rodeavam de água toda a cinta de muralhas dos subúrbios. Aceite a proposta de Sousão, no dia seguinte deu-se o assalto de surpresa às muralhas dos subúrbios.
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- Tão impetuoso foi, tão furiosamente os cruzados se lançaram aos fossos e ergueram as escadas, sob a tempestade de setas, pedradas e balas incendiárias vomitadas das ameias, que os mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas, a cidade baixa, e refugiaram-se na almedina, seu último refúgio.
- Todo o subúrbio foi ocupado nesse mesmo dia pelos cristãos que, excitados pela fácil vitória, no dia seguinte, ao romper da madrugada, se arrojaram também contra as muralhas da própria almedina para a levarem à escala. Não foi tão feliz essa segunda investida, porque, apesar das descargas de flechas que lhes protegia o assalto, por toda a cinta de muralhas foram os cruzados repelidos com graves perdas.
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- Ao cair da noite, desistiram; e lançado fogo aos subúrbios, abandonaram-nos e recolheram-se ao acampamento, para começarem o assédio regular, assim que D. Sancho tivesse chegado. Entretanto aproveitariam o tempo para construir e montar as necessárias máquinas de guerra - arietes, catapultas, manteletes, um monstruoso erício dos alemães. Com a chegada da hoste real, a 29, começou o assédio em forma.
- Cerrou-se então o cerco, por mar e por terra; prepararam-se as máquinas de guerra. De novo nos subúrbios, os mouros provocavam, do alto das muralhas, o furor dos cristãos com insultos e crueldades. Decresceram de ritmo os combates para que os sapadores pudessem cobrir de minas a base das muralhas. Duas catapultas comandadas por D. Sancho e o monstruoso erício de pontas de aço, montado pelos alemães, atacaram sem cessar, durante dias, a maciça muralha. Por fim, o incêndio, devorando as escoras das minas, fez aluir uma torre e parte das muralhas.
- Os cristãos precipitaram-se na brecha, forçando em breve os mouros a refugiarem-se parte na almedina, parte na albarrã. A torre albarrã, em baixo, logo atacada, em breve caiu também. O poço de água que abastecia a praça foi logo entulhado. À brutalidade dos golpes ia juntar-se também os horrores da sede. E novamente senhores dos subúrbios, pela segunda vez os cruzados se arrojaram sobre a almedina para a levarem à escala viva; mas pela segunda vez, apesar da sede, apesar das febres, apesar do tórrido céu de Verão, os heróicos defensores da praça por toda a parte repeliram a feroz escalada.
- Um tanto desanimados, voltaram os assaltantes ao repor das minas contra as muralhas do castelo. Mas, uma saída feliz dos sitiados inutilizou as minas. D. Sancho, enervado já com a valorosa resistência, dá ordem de assalto geral a 18 de Agosto. Ainda, mais uma vez, o heroísmo dos sitiados, a aspereza da encosta e o incêndio da lenha que entulhava os fossos fizeram malograr em toda a linha a nova investida.
- Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga desmoralizaram os cruzados. Pensou-se em levantar o cerco. D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real. Por um pouco estiveram para vir às mãos em sangrentas rixas os louros gigantes do norte e os trigueiros homens do sul. Na praça a situação dos sitiados (soube-se por um desertor) era atroz.
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- Mastigava-se barro para humedecer a boca. Havia mães que esmagavam o crânio dos filhos contra as paredes para os não verem sofrer. ( Sente-se o Oliveira Martins ) Do inclemente céu não caía gota de água. E de África nem promessas de auxílio, nem quaisquer notícias.
- Os cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prolongar o cerco. Voltou-se ao moroso mas seguro sistema das minas. Mas os mouros, engenheiros hábeis, contra-minaram. As galerias cruzavam-se, entrecortavam-se, rompiam-se. Os ferozes combates à luz do dia transportaram-se para o coração da terra. Os sapadores cristãos e mouros, ardendo de febre, em ódio, chacinavam-se ali na treva, como trágicas toupeiras.
- Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os mouros, exaustos, capitularam.
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( Condensado de terravista.pt/ancora/1627 - Site que se recomenda por informação sobre Batalhas de Portugal )
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- Comentário - Apesar de todo esta luta e sofrimento para cristãos e muçulmanos, Silves que já tinha sido anteriormente conquistada por Fernando Magno de Leão em 1060 e depois perdida, volta a caír nas mãos dos árabes em Abril de 1191, conquistada por Ibne Juçufe. Tinha durado pouco o título que D. Sancho I tinha adoptado de :" Sancius, Dei Gratia, Portugallis Rex, Silvis et Algarbii Rex".
- Parece que cruzados alemães a voltaram a tomar em 1198, voltou a ser perdida e só foi definitivamente reconquistada para Portugal em 1240, já no reinado de D. Sancho II, por D. Paio Peres Correia mestre da Ordem de San´Tiago que num golpe de sorte, aproveitando a saída das tropas de Almansor, que tinha abandonado a cidade, deixando-a indefesa, para atacar Estombar.
- Nessa refrega o próprio Almansor depois de derrotado, procura fugir, morre afogado num pego dos arredores de Portimão, que durante muito tempo foi conhecido pelo «pego de Almansor». Esta segunda conquista de Silves e de todo o Algarve, entrou mais facilmente do que a primeira, nos domínios da lenda e fantasia para escritores e poetas.
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