quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A Batalha de São Mamede - 1128

Motivos da batalha

Após a morte de D. Henrique, em 1112, fica D. Teresa a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, já que lhe tinha sido dado por seu pai na altura do casamento. Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava. Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido uma filha.


A crescente influência dos condes galegos no governo do condado Portucalense levou à revolta verificada em 1128, protagonizada pela grande maioria dos infanções do Entre Douro e Minho. Estes escolheram para seu caudilho, D. Afonso Henriques, filho de D. Henrique e de D. Teresa.
  1. "A Galiza, incluindo debaixo desta denominação a extensa província portugalense e que naturalmente se devia considerar como incorporado o território novamente adquirido ao Garb muçulmano, constituía já um vasto estado remoto do centro da monarquia leonesa. 

    Os condes que dominavam os distritos em que esse largo tracto de terra se dividia ficavam assaz poderosos para facilmente se possuírem das ideias de independência e rebelião comuns naquele tempo, tanto entre os sarracenos como entre os cristãos. Afonso VI pôde evitar esse risco convertendo toda a Galiza, na mais extensa significação desta palavra, em um grande senhorio, cujo governo entregou a um membro da sua família (...)"

(História de Portugal de Alexandre Herculano)


Batalha de São Mamede

Na batalha de São Mamede defrontam-se os exércitos do conde Fernão Peres de Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão Peres pretendiam apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense ao príncipe herdeiro.

A intervenção dos barões portucalenses, liderada pelos senhores de Sousa e de Ribadouro, resultava de um longo percurso, ao longo do qual as linhagens de Entre Douro e Minho tinham solidificado o poder que exerciam na região. Pretendiam, como desde o tempo da condessa Mumadona Dias ocupar um lugar que não estivesse subordinado a ninguém, a não ser uma autoridade local em serviço dos seus interesses. O jovem herdeiro do condado servia exactamente a essa pretensão. Após a vitória Afonso Henriques tomou a autoridade com todo o vigor.

Afonso VII de Leão, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a aceitar o preito de fidelidade de D. Afonso Henriques em 1137. Porque isso contribuía para engrandecer o prestígio do imperador Afonso VII, a chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o qual tem reis por vassalos.

Entre os pricipais barões portucalenses que participaram na batalha de São Mamede ao lado de D. Afonso Henriques, estão Soeiro Mendes de Sousa «O Grosso» (1121-1137), Gonçalo Mendes de Sousa «Sousão» (1154-1167), Egas Moniz de Ribadouro «O Aio» (1108-1146), Gonçalo Mendes da Maia «O Lidador» e outros.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Conquista de Malaca

A Conquista de Malaca
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Afonso de Albuquerque

 Condensado de página da NET de José Martins
O  mercado de Malaca, por séculos, foi absorvido pelos árabes que através das rotas do Golfo Pérsico, Mar Vermelho e depois por terra abasteceram os mercados, tradicionais do Norte de África, Veneza, Piza e Génova em Itália. Empórios que deixaram de ter qualquer significado, mercantil, após os portugueses terem chamado a si o abastecimento das "coisas" da Ásia a toda a Europa.

Dez anos depois da chegada dos portugueses ao Oriente, parte do comércio da Índia já era dominado pela Coroa Portuguesa e bem conhecidas as riquezas de Malaca. Porém falta, apenas, explorar as costas do Coramandel e as da ilha de Ceilão.

São úteis e vitais para o bom sucesso da expansão e conquista do comércio oriental todas as informações, sobre os portos e rotas obtidas das tripulações muçulmanas que por inocência ou dinheiro as revelavam. Estavam longe de suspeitar, os muçulmanos, que o objectivo dos portugueses seria arrebatar-lhes o secular, monopólio, do comércio da praça de Malaca.

D. Manuel I vai recebendo, chegadas a Lisboa, as mensagens credíveis dos comandantes das caravelas que navegam de Cochim (Índia) também chamada a "terra da pimenta", da imponência, esplendorosa de Malaca. O Rei Venturoso, sonha, animado pelo espírito do Infante D. Henrique e pretende a todo o custo transformar um Portugal (flagelado pela peste e fome) numa potência económica da Europa.
Em Abril de 1508 uma esquadra naval, sob o comando de Diogo Lopes Soares de Sequeira passa a Barra do Tejo com destino a Malaca. Atraca, primeiro na Ilha de Sumatra, implanta um Padrão na cidade de Pedir, outro em Pecém e a sua frota de naus está ancorada no porto de Malaca no dia 11 de Setembro de 1509

Diogo Lopes Sequeira regressa a Lisboa, sem trazer a boa-nova a D. Manuel I que Malaca já era praça de Portugal. Deixou, pela má sorte, alguns portugueses prisioneiros. Entre os quais está Duarte Fernandes que viria ser o primeiro português a pisar terra siamesa. Fernandes, durante dois anos de detenção, aprendeu a língua malaia, granjeou do Sultão a simpatia que será estendida aos seus companheiros de cárcere. Com isto viria a gozar a total liberdade de movimentação.
Afonso de Albuquerque, finalmente, é o senhor de Goa. O indomável guerreiro e exímio diplomata, prepara uma armada naval e parte para Malaca, com o propósito de a conquistar. Dá-lhe o primeiro assalto em 1511 e arrebata-a. Envia, como emissário, à cidade de AyuthayaDuarte Fernandes para informar o Rei do Sião que Malaca tinha sido conquistada. Fernandes é portador de uma espada, e guarnecida de ouro e diamantes incrustados para presentear o monarca siamês. Foi bem acolhido pelo Rei Rama Thibodi II.
Afonso de Albuquerque, homem intrépido, e de uma metodologia impressionante (que vamos encontrar nas suasCarta a El-Rei de Portugal), nos seus cálculos, para firmar o poderia de Portugal na Ásia, não poderia desistir de conquistar Malaca. 
 
Segundo o historiador John Villiers, num artigo seu, publicado na monografia "Portugal e a Tailândia" - Fundação Calouste Gulbenkian 1988 - relata
 
» Nessa altura, o reino de Sião ainda reclamava a soberania sobre Malaca e Albuquerque, quando planeava atacar este porto, procurou uma aliança com o rei Rama Thibodi II de Ayuthaya (1491-1529), oferecendo-lhe soberania directa sobre todos os territórios governados pelo sultão de Malaca caso o ataque fosse bem sucedido. Para este efeito, enviou Duarte Fernandes (que viera para Malaca em 1509 como oficial da frota portuguesa comandada por Diogo Lopes Sequeira e que falava um pouco de tailandês) a Ayuthaya, onde lhe foi concedida uma audiência com o Rei Rama Thibodi II, na qual este foi presenteado com uma espada cuja bainha era de ouro incrustada com diamantes.
O Rei do Sião, apesar de não manifestar qualquer oposição ao ataque dos portugueses a Malaca, mostrou pouco interesse na proposta da aliança. Deste modo Albuquerque atacou e tomou sózinho a cidade. No entanto, após a conquista, não perdeu tempo a mandar novas embaixadas a Ayuthaya. Em 1512 enviou António Miranda de Azevedo, tendo este permanecido no Sião durante dois anos, regressando a Goa acompanhado de um enviado tailandês portador de uma carta de amizade de Rama Tibodi II para Rei D. Manuel I de Portugal.
Conquista de Malaca
Em 1516, Duarte Coelho deslocou-se a Ayuthaya como enviado do governador de Malaca, tendo concluído o primeiro tratado de aliança e comércio entre o Sião e Portugal. Nos termos do tratado de 1516, os portugueses acordaram em fornecer armas e munições ao Sião em troca da autorização do estabelecimento de feitorias comerciais em Ayuthaya, Ligor, Patani, Tenassarim e Mergui. Também lhes foi concedida a liberdade de culto religioso e, deste modo, pouco tardou a que construíssem uma igreja em Ayuthaya, vindo aí a trabalhar padres missionários. Em comemoração da conclusão do tratado e como marca da possessão de uma nova colónia na capital, Duarte Coelho foi autorizado a erigir um padrão".
 
O sistema de defesa do Reino do Sião, antes dos portugueses encetarem o relacionamento diplomático, era de certo modo bastante obsoleto e, praticamente, as armas de fogo desconhecidas. Nas batalhas a luta era efectuada de lutas corpo-a-corpo, no terreno, ou no dorso de elefantes. As armas de defesa eram facas, espadas e as pontas de lança forjadas no ferro que recebiam a têmpera para lhes dar resistência.»
 
Representam assim os portugueses um papel importante e primordial na defesa do reino do Sião, ensinando os siameses no manuseamento das armas de fogo, como na arte de as construir.
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Conquista de Silves


A Conquista de Silves
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Resumo
 
A 15 de Julho de 1189, era rei de Portugal D. Sancho I, a hoste do alferes-mor D. Mendo de Sousa, chega diante de Silves, levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco. E logo que a larga fila de navios (galés portuguesas e frota de Cruzados), subindo o rio, ancora diante da praça de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes Cruzados um assalto de surpresa às muralhas.
 






A proposta de D. Mendo foi aceite. Este ataque foi tão forte, que os Mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas refugiando-se na almedina, seu último refúgio.
 
Na madrugada seguinte, os cristãos fazem uma nova investida contra os Mouros, tentando conquistar a almedina. O ataque fracassou e os Cristãos retrocederam, aproveitando a pausa para se reorganizar e reconstruir as máquinas de guerra.

Com a chegada da hoste real com D. Sancho, a 29, começou o assédio em força. Um novo ataque foi realizado, e mais uma vez os Mouros refugiaram-se na almedina e não se deixaram vencer.

Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga desmoralizaram os Cruzados. Pensou-se em levantar o cerco. D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real. Os Cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prolongar o cerco.
Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os Mouros, exaustos, capitularam.
 
História da batalha
 
Decidido o ataque, o alferes-mor D. Mendo de Sousa, o Sousão, é enviado por terra, à frente da grossa hoste, em guarda avançada, para reconhecer os caminhos e a praça. Entretanto voltavam do sul as galés portuguesas que, agregadas à frota de cruzados, para lá se tornaram a  dirigir.
 
Só então D. Sancho, com as mesnadas dos bispos de Caminha e Porto, alguns esquadrões do Templo, do Hospital e de freires de Calatrava e numerosa peonagem e cavalaria dos concelhos, marcha pelo Alentejo contra Silves.

A 15 de Julho de 1189 a hoste de Sousão chega diante de Silves, que levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco. Dias depois, a 20, surge à barra de Portimão a frota aliada, começando pelas habituais assolações às povoações ribeirinhas dos mouros.
E logo que a larga fila de navios, subindo o rio, ancora diante da praça de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes cruzados um assalto de surpresa às muralhas.
 

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Silves
Mais opulenta e forte que Lisboa, a praça de Silves constava da cidade velha (almedina), localizada em sítio alto e muralhado, coroada ao alto pela soberba alcáçova, e da cidade baixa, nos seus subúrbios, delimitada por um cerca exterior de muralhas e torres, cuja maciça albarrã dominava toda a campina.
Uma forte couraça de estrada coberta ligava, pela encosta, as muralhas da sobranceira almedina com a torre albarracã da cerca, em baixo.
Largos fossos rodeavam de água toda a cinta de muralhas dos subúrbios. Aceite a proposta de Sousão, no dia seguinte deu-se o assalto de surpresa às muralhas dos subúrbios.
 

Tão impetuoso foi, tão furiosamente os cruzados se lançaram aos fossos e ergueram as escadas, sob a tempestade de setas, pedradas e balas incendiárias vomitadas das ameias, que os mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas, a cidade baixa, e refugiaram-se na almedina, seu último refúgio.
Todo o subúrbio foi ocupado nesse mesmo dia pelos cristãos que, excitados pela fácil vitória, no dia seguinte, ao romper da madrugada, se arrojaram também contra as muralhas da própria almedina para a levarem à escala. Não foi tão feliz essa segunda investida, porque, apesar das descargas de flechas que lhes protegia o assalto, por toda a cinta de muralhas foram os cruzados repelidos com graves perdas.
 
Ao cair da noite, desistiram; e lançado fogo aos subúrbios, abandonaram-nos e recolheram-se ao acampamento, para começarem o assédio regular, assim que D. Sancho tivesse chegado. Entretanto aproveitariam o tempo para construir e montar as necessárias máquinas de guerra - arietes, catapultas, manteletes, um monstruoso erício dos alemães. Com a chegada da hoste real, a 29, começou o assédio em forma.
Cerrou-se então o cerco, por mar e por terra; prepararam-se as máquinas de guerra. De novo nos subúrbios, os mouros provocavam, do alto das muralhas, o furor dos cristãos com insultos e crueldades. Decresceram de ritmo os combates para que os sapadores pudessem cobrir de minas a base das muralhas. Duas catapultas comandadas por D. Sancho e o monstruoso erício de pontas de aço, montado pelos alemães, atacaram sem cessar, durante dias, a maciça muralha. Por fim, o incêndio, devorando as escoras das minas, fez aluir uma torre e parte das muralhas.
 
Os cristãos precipitaram-se na brecha, forçando em breve os mouros a refugiarem-se parte na almedina, parte na albarrã. A torre albarrã, em baixo, logo atacada, em breve caiu também. O poço de água que abastecia a praça foi logo entulhado. À brutalidade dos golpes ia juntar-se também os horrores da sede. E novamente senhores dos subúrbios, pela segunda vez os cruzados se arrojaram sobre a almedina para a levarem à escala viva; mas pela segunda vez, apesar da sede, apesar das febres, apesar do tórrido céu de Verão, os heróicos defensores da praça por toda a parte repeliram a feroz escalada.

Um tanto desanimados, voltaram os assaltantes ao repor das minas contra as muralhas do castelo. Mas, uma saída feliz dos sitiados inutilizou as minas. D. Sancho, enervado já com a valorosa resistência, dá ordem de assalto geral a 18 de Agosto. Ainda, mais uma vez, o heroísmo dos sitiados, a aspereza da encosta e o incêndio da lenha que entulhava os fossos fizeram malograr em toda a linha a nova investida. 
 Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga desmoralizaram os cruzados. Pensou-se em levantar o cerco. D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real. Por um pouco estiveram para vir às mãos em sangrentas rixas os louros gigantes do norte e os trigueiros homens do sul. Na praça a situação dos sitiados (soube-se por um desertor) era atroz.
 
Mastigava-se barro para humedecer a boca. Havia mães que esmagavam o crânio dos filhos contra as paredes para os não verem sofrer. ( Sente-se o Oliveira Martins ) Do inclemente céu não caía gota de água. E de África nem promessas de auxílio, nem quaisquer notícias.
 
Os cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prolongar o cerco. Voltou-se ao moroso mas seguro sistema das minas. Mas os mouros, engenheiros hábeis, contra-minaram. As galerias cruzavam-se, entrecortavam-se, rompiam-se. Os ferozes combates à luz do dia transportaram-se para o coração da terra. Os sapadores cristãos e mouros, ardendo de febre, em ódio, chacinavam-se ali na treva, como trágicas toupeiras.
 
Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os mouros, exaustos, capitularam.
 
( Condensado de terravista.pt/ancora/1627 - Site que se recomenda por informação sobre Batalhas de Portugal )

Comentário - Apesar de todo esta luta e sofrimento para cristãos e muçulmanos, Silves que já tinha sido anteriormente conquistada por Fernando Magno de Leão em 1060 e depois perdida, volta a caír nas mãos dos árabes em Abril de 1191, conquistada por Ibne Juçufe. Tinha durado pouco o título que D. Sancho I tinha adoptado de :" Sancius, Dei Gratia, Portugallis Rex, Silvis et Algarbii Rex".
Parece que cruzados alemães a voltaram a tomar em 1198, voltou a ser perdida e só foi definitivamente reconquistada para Portugal em 1240, já no reinado de D. Sancho II, por D. Paio Peres Correia mestre da Ordem de San´Tiago que num golpe de sorte, aproveitando a saída das tropas de Almansor, que tinha abandonado a cidade, deixando-a indefesa, para atacar Estombar.
Nessa refrega o próprio Almansor depois de derrotado, procura fugir, morre afogado num pego dos arredores de Portimão, que durante muito tempo foi conhecido pelo «pego de Almansor». Esta segunda conquista de Silves e de todo o Algarve, entrou mais facilmente do que a primeira, nos domínios da lenda e fantasia para escritores e poetas.
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Rainhas de Portugal - Dinastia de Borgonha

D. Mafalda - Matilde ou Mahaut ( 1125 - 1157 ) - D. Afonso Henriques

Também conhecida como D. Matilde condessa de Sabóia e Maurienne. Primeira rainha de Portugal, mulher de D. Afonso Henriques, com quem casou em 1145. Era filha de Amadeu II, conde de Sabóia e Piemonte, vassalo do imperador romano - germânico e da condessa Mafalda de Albon. Morreu em 1157.

O casamento de D. Afonso Henriques correspondeu a um desejo de estabelecer relações fora da órbita de Castela, nomeadamente com os condados da Sabóia e da Borgonha, num esforço de afirmação de independência política. Teve 7 filhos : Henrique, Mafalda. João, Sancha, D. Sancho I, Urraca e Matilde.

D. Dulce de Aragão - D. Sancho I



Rainha de Portugal, filha da rainha de Aragão e do conde de Barcelona, sabe-se que nasceu após 1152. Esposa de D. Sancho I, teve mais de onze filhos. Não se conservam informações seguras acerca da sua vida. Também a data do seu casamento é incerta, pensando-se que este deverá ter ocorrido por volta de 1175.

Morreu em Coimbra, em 1198, tendo sido sepultada no mosteiro de Santa Cruz, na mesma cidade. Teve 11 filhos : Beata Teresa, Constança, Beata Mafalda, Henrique, Pedro, Raimundo, Sancha, Branca, D. Afonso II, Berengária e Fernando. 

D. Urraca de Castela - Afonso II

Rainha de Portugal, filha de D. Afonso VII de Castela, casou em 1208 ou 1209 com o então futuro rei de Portugal, D. Afonso II. Morreu em 1220.

O enlace não decorreu de modo pacífico, já que o bispo do Porto, D. Martinho Rodrigues, considerando que os noivos eram parentes, se recusou a participar nas cerimónias e a recebê-los na cidade do Porto, provocando deste modo uma acesa cadeia de lutas entre o clero e o rei.

 É atribuído a D. Urraca um papel importante no estabelecimento da Ordem de São Francisco em Portugal. D. Urraca teve cinco filhos de D. Afonso II, entre os quais o futuro rei D. Sancho II. Teve 5 filhos : Leonor, D.Sancho II, Fernando e Afonso III.



D. Mécia Lopes de Haro - D. Sancho II


D. Mécia Lopes de Haro (ou Mécia Lopez de Haro) (Nasceu em Biscaia, c. 1215 - Palência, c. 1270) foi uma dama leoneso-biscaínha, que pelo seu casamento com D. Sancho II terá sidorainha de Portugal.

Mécia Lopes de Haro era filha de Urraca de Leão, bastarda de Inês Iniguez de Mendonza e de Afonso IX de Leão, e de Lopo Dias de Haro.

Descendia, por via da mãe, Urraca Afonso, do primeiro rei português, D. Afonso Henriques, pois o seu avô materno, o rei Afonso IX de Leão era filho de Urraca de Portugal e, portanto, era neto materno de Afonso I de Portugal e de Mafalda de Sabóia. Seu pai foi Lopo Dias de Haro, senhor da Biscaia, filho de Maria Manrique de Lara e de Diogo Lopes de Haro, 10º senhor de Biscaia.

Casou-se em primeiras núpcias com Álvaro Perez de Castro, e mais tarde, cerca de 1239, com o rei português D. Sancho II, filho de Afonso II de Portugal e de Urraca de Castela.

Como era estéril, não gerou filhos nem do primeiro, nem do segundo marido. Foi pomo de discórdia durante a guerra civil que viria a depor o rei português; considerada rainha maldita, foi acusada de dominar o espírito fraco do rei, tendo sido raptada  por nobres afectos ao conde de BolonhaD. Afonsoe levada para o paço real de Vila Nova de Ourém.

De resto, aquando da deposição do rei pela bula de 1245 do Papa Inocêncio IV, no Concílio de Leão, que declara que o seu casamento não é canónico, por não haver tido a dispensa legal requerida entre parentes próximos (como era o caso).Sancho, assim humilhado, acabou por se recolher ao exílio em Toledo, onde viria a falecer.

Pouco mais se sabe da sua vida após a morte do rei D. Sancho. D. Mécia Lopes de Haro esteve na origem da Lenda daDama Pé-de-Cabra, compilada por Alexandre Herculano nas suas Lendas e Narrativas

Matilde de Bolonha - D. Afonso III

Condessa de Bolonha, casou em 1238 com o príncipe D. Afonso de Portugal, que assim adquiriu o título de conde de Bolonha, tornando-se vassalo do rei de França, Luís IX.

A incapacidade política de seu irmão, o rei D. Sancho II, levou D. Afonso a reclamar o poder em 1245. Depois da morte de Sancho II, em 1248, D. Afonso foi aclamado rei de Portugal. O casamento ilegítimo de D. Afonso III com D. Beatriz, filha de Afonso X de Castela, em 1253, na sequência do tratado de paz entre os dois Reinos, levou a condessa de Bolonha a queixar-se ao papa. 


Beatriz de Castela - D. Afonso III

Beatriz de Castela e Gusmão ou Beatriz de Castilla y Guzman, em castelhano. Nasceu em Saragoça, reino de Aragão, em 1242 e faleceu a 27 de Outubro de 1303. Foi uma infanta de Castela, rainha de Portugal entre 1253 e 1279 e rainha-mãe de 1279 a 1303.


Era filha do rei Afonso X de Leão e Castela, o Sábio (que mais tarde tornar-se-ia tambémSacro Imperador Romano-Germânico, e de Maior Guillen de Guzmán, por isso neta materna de D. Maior Gonzalez Giron e de D. Guillén Peréz de Guzman, e meia-irmã do rei Sancho IV de Castela

Em 1253 o rei D. Afonso III de Portugal repudiou a sua primeira esposa Matilde de Bolonha, devido a esta não lhe poder dar um herdeiro para o trono português, e casou-se com Beatriz de Gusmão. D. Afonso era primo direito do avô de Beatriz, Fernando III de Leão e Castela, uma vez que a mãe de Fernando, a infanta Berengária de Castela, era irmã da rainha D. Urraca de Castela, esposa de Afonso II de Portugal e mãe de Afonso III.


As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. D. Beatriz de Gusmão deteve, por doação deste último, Torres NovasAlenquer, e posteriormente o respectivo padroado.

Beatriz de Castela faleceu em 27 de Outubro de 1303, com 61 anos, e está sepultada no Mosteiro de Alcobaça. Teve 7 filhos, Branca, D. Dinis, Afonso, Vicente, Fernando, Sancha, Maria.

Isabel de Aragão (Santa Isabel) - D. Dinis

Isabel de Portugal (M. Prado)

Isabel de Aragão OSC ( Saragoça, 4 de Janeiro de 1271 — Estremoz, 4 de Julho de 1336), foi uma infanta aragonesa e, de 1282 até 1325, rainha consorte de Portugal. Ficou para a história com a fama de santa, tendo sido beatificada e, posteriormente, canonizada. Ficou popularmente conhecida como Rainha Santa Isabel ou, simplesmente, A Rainha Santa.

Isabel era a filha mais velha do rei Pedro III de Aragão e de Constança de Hohenstaufen, princesa da Sicília. Por via materna, era descendente deFrederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico, pois o seu avô materno eraManfredo de Hohhenstaufen, rei da Sicília, filho de Frederico II.

Teve cinco irmãos, entre os quais os reis aragoneses Afonso III e Jaime II, eFrederico II da Sicília. Para além disso, foi sobrinha materna de Santa Isabel da Hungria, também considerada santa pela Igreja Católica.



D. Dinis I de Portugal tinha 19 anos quando subiu ao trono e, pensando em casamento, convinha-lhe Isabel de Aragão, tendo por isso enviado uma embaixada a Pedro de Aragão em 1280. Formavam-na João Velho, João Martins e Vasco Pires. Quando lá chegaram, estavam ainda à espera de resposta enviados dos reis de França e de Inglaterra, cada um desejoso de casar com Isabel um dos seus filhos. Aragão preferiu entre os pretendentes aquele que já era rei.


D. Beatriz de Molina e Castela - D. Afonso IV

Rainha de Portugal. Nasceu em 1293 e faleceu em Lisboa a 25 de Outubro de 1359. Era filha deD. Sancho IV e de D. Maria, reis de Castela, casou a 12 de Setembro de 1309 com D. Afonso IV. D. Beatriz teve um importante papel na resolução do conflito entre o marido e o filho D. Pedro, após o assassinato de D. Inês de Castro, em 1355, evitando o encontro militar entre ambos, e conseguindo a sua reconciliação no acordo, celebrado em Canaveses, naquele mesmo ano. Faleceu em Lisboa no ano de 1359, tendo sido sepultada ao lado de seu marido, na capela-mor da Sé de Lisboa.

Beatriz era filha do rei Sancho IV de Castela e de Maria de Molina. Teve seis irmãos, entre os quais o rei Fernando IV de Castela, e Isabel (duquesa da Bretanha pelo seu casamento com João III da Bretanha). Em 12 de Setembro de 1309 casou-se com o herdeiro do trono português, o qual ascendeu ao poder em 1325 como D. Afonso IV.

As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. De D. Dinis recebeu, como dote, Évora, Vila Viçosa, Vila Real, Gaia e Vila Nova, estas duas últimas trocadas por Sintra em 1334. Dispunha ainda de herdades em Santarém e da lezíria da Atalaia (1337) e, através de mercê se seu filho (D. Pedro) de Torres Novas (1357). Teve 6 filhos: Maria ( Depois Maria de Castela com Afonso XI ), Afonso, Dinis, Isabel,D.Pedro I, João Leonor ( Depois Leonor de Aragão com Pedro IV )

D. Constança Manuel - D. Pedro I

Rainha portuguesa por casamento com D. Pedro I (na altura, ainda príncipe). Anteriormente noiva de Afonso XI, rei de Castela, foi recusada por este, que a manteve como refém contra a possível retaliação do pai de D. Constança.D. Pedro, sem filhos da sua primeira mulher, escolheu-a então para sua consorte, mas o rei castelhano não a libertou. Este episódio levou a uma guerra entre os dois Reinos, que terminaria em 1340.Casada desde 1336, por procuração, D. Constança só nessa data pôde deslocar-se para Portugal, trazendo no seu séquito D. Inês de Castro, com quem D. Pedro viria a ter um romance ainda antes da morte da esposa 

O casamento com a presença dos dois noivos foi então celebrado em Lisboa, a 24 de Agosto de 1339. As rainhas de Portugal contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens adquiridos, na maioria, por doação. D. Constança recebeu como dote as vilas deMontemor-o-Novo, Alenquer e ViseuTeve 3 filhos: D. Fernando I, Luís e Maria.. 

D. Leonor Teles - D. Fernando


Rainha de Portugal, era filha de Martim Afonso Telo de Meneses e de D. Aldonsa de Vasconcelos. Casou muito nova com João Lourenço da Cunha, senhor de Pombeiro, de quem teve um filho, Álvaro Cunha. 

De visita a sua irmã, Maria Teles, dama da corte da infanta D. Beatriz, em Lisboa, seduziu o rei D. Fernando, que decidiu unir-se-lhe após a anulação do casamento de D. Leonor com João Lourenço da Cunha. Teve 1 filha, D. Beatriz que foi rainha de Castela.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Legião Romana


A Legião Romana


A legião romana era a divisão fundamental do exército romano. As legiões variavam entre os 1.000 e os 8.000 homens, dependendo das baixas que eventualmente sofressem nas batalhas. Para além dos soldados, há que contar com os inúmeros servos, escravos e seguidores que os acompanhavam. Durante as suas campanhas na Gália, as legiões de Júlio César eram compostas por não mais de 3.000 soldados.

Raiz dos exércitos modernos

Durante a República e certos períodos do Império Romano, não havia um exército romano propriamente dito. Cada general, ou alto magistrado, possuía uma ou mais legiões que lhe eram fiéis e obedeciam antes as suas ordens que as de um comandante geral. Durante a República, cada cônsul era responsável por suas próprias legiões, devendo também comandá-las.


As legiões romanas venceram gregos, cartagineses, gauleses, bretões, sírios, egípcios, lusitanos e hispânicos. Sua força ocupou dez mil quilômetros de fronteiras e saiu da Europa rumo à África e ao Oriente Médio: eram os grupos de guerreiros que formavam o exército do império. Em seu auge, século I AC., organizadas para realizar manobras bastante difíceis, cada legião tinha até seis mil homens distribuídos em três grandes grupos: as coortes, os manípulos e as centúrias. Suas duas maiores lições são copiadas, até hoje, pelos exércitos do mundo todo: disciplina e estratégia.

Dos, em média, 5.000 homens em uma legião, cerca de 300 eram provenientes de cidades ou estados vassalos, e faziam o papel de auxiliares de infantaria ou cavalaria.

O componente principal da legião era a infantaria pesada, formada por soldados que lutavam a pé, armados com pilo e gládio, protegidos por uma lorica segmentata, um escudo retangular convexo e um capacete, sendo que o mais utilizado no período foi o modelo imperial gálico. A infantaria era organizada em forma de xadrez, com as tropas intercaladas. Na primeira linha de combate ficavam os guerreiros mais jovens, chamados de hastati.


Homens mais resistentes, chamados príncipes, formavam a segunda linha de combate e entravam em ação quando os hastati falhavam. Na terceira linha, os soldados mais experientes entravam na briga nos momentos decisivos. Faziam, ainda, parte da infantaria, as bandeiras coloridas que, no meio do caos(da guerra), mostravam onde estava cada um dos grupos de soldados. Uma legião era dividida em centúrias (divisões com 80 a 100 legionários), comandada pelos centuriões. Também essas eram, eventualmente, divididas em grupamentos de dez.

Cinco a oito centúrias formavam a coorte, geralmente comandada por um tribuno; seis a oito coortes em média formavam uma legião.

Origem das legiões

As legiões tiveram origem quando Roma era ainda uma cidade modesta, que enfrentava constantes conflitos com povos vizinhos, como etruscos, samnitas, vênetos e outros. Começaram com um dever patriótico, pelo qual todo romano livre, do sexo masculino e maior de idade tinha o dever de pegar em armas, quando necessário, para defender a cidade. Passado o perigo, o exército dispersava-se e cada um voltava às suas atividades normais. 

Mais tarde, com a expansão territorial que viria a dar origem ao Império Romano, surgiu a necessidade de um exército profissional, que estivesse disponível permanentemente e pudesse ser enviado para onde fosse necessário. Daí em diante, as legiões passaram a ter caráter voluntário. Em geral não havia falta de interessados, já que o soldo de um legionário era consideravelmente superior ao salário dos trabalhadores comuns, além de (salvo exceções) ser pago com regularidade. 

Inicialmente só cidadãos romanos podiam ingressar nas legiões, o que não significa que exclusivamente italianos as integrassem: filhos de cidadãos romanos nascidos nas províncias, muitas vezes de mães nativas, eram igualmente cidadãos.

Os legionários

O exército romano, para melhorar os pontos fracos da cavalaria, alistava soldados dos povos dominados. Quem lutasse na legião e saísse vivo, ganhava a cidadania romana. Para lutar, os legionários usavam uma lança, uma espada curta e um pequeno punhal. Para se defender, uma armadura e um escudo gigantesco.

Não havia uma idade determinada para alistar-se, mas a maioria dos candidatos a legionários sentava praça logo ao atingir amaioridade, o que, entre os romanos, acontecia aos 17 anos. Embora tenha havido variações ao longo do tempo, durante a maior parte da história das legiões o tempo de serviço regulamentar era de vinte anos. 

Ao dar baixa, o legionário fazia jus a uma recompensa em dinheiro equivalente a um ano de soldo, por vezes com um bônus para os que concordassem em fixar residência na província onde houvessem servido por último. Com isso, o ex-soldado podia comprar um pedaço de terra ou abrir um negócio.


Legionários reformados morando nas províncias tornavam-se, assim, fazendeiros, comerciantes ou artesãos, geralmente casavam-se com mulheres locais, e era muito provável que seus filhos viessem futuramente a se tornar também legionários. Dessa forma, as legiões, além de sua importância militar, também se constituíram num poderoso elemento de difusão da cultura romana.

Evolução da legião

O exército no período monárquico

Legião (de legere, escolher em latim) era a palavra que, nos primeiros tempos, designava o exército inteiro. O antigo romano era civise miles: cidadão e soldado. O exército não constituía algo à parte, organizado especialmente para a defesa do Estado. Estava formado pelo conjunto de cidadãos; era, antes, uma guarda nacional composta de pequenos proprietários.

Segundo a tradição, até Sérvio Túlio, os efetivos do exército abrangiam três mil infantes (milles) comandados por três tribuni mílitum e trezentos cavaleiros (céleres) comandados por um tribunas celerum. A constituição atribuída ao supracitado soberano deu uma nova organização militar a Roma. Os cidadãos, divididos de acordo com seus haveres, formavam a cavalaria e a infantaria. 

A primeira era constituída pelos mais ricos: mil e oitocentos homens integravam as dezoito centuriae equitum (centúrias de cavaleiros). Os cidadãos pertencentes às cinco classes seguintes serviam à infantaria na seguinte ordem: duas legiões de juniores (cidadãos de 17 a 45 anos) formavam o exército ativo, as tropas de choque; duas legiões de seniores (cidadãos de 46 a 66 anos) integravam as tropas de reserva e de defesa territorial.

O armamento de bronze ou de ferro variava de acordo com a classificação do cidadão. Nos primeiros tempos, a infantaria atacava sem ordem definida de batalha, sendo frequentes os combates singulares. Ao depois, foi adotada a disposição da falange na ordem de combate.

O exército no período republicano
Reforma de Camilo

Atribui-se a Marco Fúrio Camilo uma nova reforma na constituição do exército romano. Vejamos, brevemente, as inovações introduzidas.

a) O exército se compunha de legiões articuladas em manipules e centúrias. Cada legião abrangia trinta manipules e cada manipulo duas centúrias. O manipulo era a unidade tática: um quadrado de oito a doze homens de frente e de profundidade. Cada linha de batalha abrangia 10 manípulos dispostos em quincunce (quincunx): aos claros de uma linha correspondem os manípulos da seguinte.

b) Os legionários propriamente ditos formavam a infantaria pesada e se distribuíam em três filas segundo a idade:

Hastati, os mais moços, à frente;

Príncipes, os homens de idade madura, na segunda fila;

Triarii ou pilani, os mais velhos, na terceira fila.

“Esses nomes devem ter sido tomados de alguma organização anterior, pois, na legião posterior a Camilo, os hastati não têm hasta(isto é, lança); os príncipes não se acham na frente, como indica o nome, e os pilani não têm pilum (dardo). Pelo contrário, os hastatie os príncipes, também chamados antepilani, usavam pilum, ao passo que os triarii eram armados de hasta. O gládio, ou espada curta, de origem hispânica, só foi introduzido no exército romano após a Segunda Guerra Púnica”.

c) A infantaria ligeira (velites) compreendia os cidadãos pobres que faziam parte da antiga quinta classe. Os velites se distribuíam, de acordo com a necessidade, pelas três filas da infantaria pesada.

d) A cada legião acrescentava-se um corpo de cavalaria dividido em dez esquadrões (turmae) de três decúrias (decuriae), num total de trezentos homens.

O exército romano era completado pelas tropas aliadas (socii) e pelas tropas auxiliares (auxilia), formadas de mercenários bárbaros, tais como os arqueiros (sagittarii) cretenses e os fundibulários (íunditores) das Ilhas Baleares.

Reforma de Mário

Caio Mário introduziu uma reforma revolucionária no exército romano quando, em vez de fazer o recrutamento na ordem das classes censitárias, aceitou simplesmente o ingresso de linha de frente contínua com cinco fileiras de profundidade, todos os cidadãos. Permitiu, assim, pela primeira vez, a incorporação dos proletarii nas legiões. Desde então, foi supressa a diferença entre hastati, príncipes e triarii e o armamento foi uniformizado. Os velites foram extintos e, em seu lugar, ficaram os contingentes dos soberanos vassalos ou de povos submetidos.

O manípulo foi substituído como unidade tática pela coorte (cohors), formada por dois manípulos (Júlio César elevou esse número para três). Uma legião passou a ter, então, dez coortes: cada coorte continha dois (ou três) manípulos; cada manipulo era integrado por duas centúrias. A legião assim organizada tornou-se o grande instrumento de vitória, não só no último século da República mas durante grande parte do Império. "A força, divisão e armamento da legião mal variaram durante toda a época imperial até Diocleciano".

Observe-se que no século I a.C., a antiga cavalaria legionária foi cedendo lugar à cavalaria fornecida por forças auxiliares como, por exemplo, os cavaleiros númidas, ibéricos, germanos ou trácios. "De sorte que já César teve necessidade de dar à sua fiel Legião Décima os cavalos dos povos tributários para poder apresentar-se, durante seu encontro com Ariovisto, protegido e escoltado pela cavalaria romana. Nos primeiros tempos da época imperial voltou-se a introduzir a arma da cavalaria nas legiões, agregando-se a cada uma delas cento e vinte cavaleiros".

O legionário romano, a partir de Mário, é movido não só pelo dever mas também pelo interesse: os pobres que haviam ingressado na vida militar encaravam a guerra como uma indústria cujo produto deveria reverter em seu favor, pondo-lhes fim à miséria. "O exército profissional que Mário criou, sob o aguilhão da necessidade, conduziria fatalmente, um dia, aos pronunciamentos e à ditadura militares. 

Era, em potência, um exército monárquico, e se não gerou, logo em seguida, a monarquia, foi porque seu chefe Mário, tanto por indigência intelectual como por convicção, ficava preso às formas políticas que tinha sempre conhecido e porque, de resto, vivendo o presente sem preocupação do futuro e tendo alma de guerreiro, não possuía outra ambição que a de acumular as expedições felizes e de eternizar-se, para sua glória de parvenu, nos comandos externos".

Características do exército republicano
O recrutamento

Até a época de Mário, o exército era organizado anualmente na primavera (mês de março) e licenciado no outono. A partir de Mário, o exército tornou-se praticamente permanente, com a possibilidade da incorporação dos proletarii, que se fizeram soldados profissionais.

Auxiliados pelos tribunos militares (eleitos pelos comícios tributos), os cônsules, instalados no Capitólio, procediam à incorporação (agere dilectus). O contingente necessário era obtido por sorteio. Aceitavam-se voluntários (volones). Alguns magistrados e sacerdotes, em virtude de suas funções, os doentes, os fisicamente incapazes, e os pobres (até a época de Mário) estavam isentos do serviço militar.

Um veterano prestava o juramento militar (sacramentam) e os demais repetiam: “ldem in me” (Da mesma forma para mim).

Após o juramento, seguia-se a revista (exercitam recensere) e o sacrifício (lustratio).

O armamento

O legionário romano possuía armas defensivas (arma) e ofensivas (tela). Entre as primeiras enumeremos:

Cassis (elmo de bronze) e galea (capacete, a princípio de couro e, posteriormente, de metal);
lorica (couraça de metal e couro que protegia a parte superior do corpo);

Scutum: escudo de madeira, revestido de pano e couro e, depois de Marco Fúrio Camilo, reforçado por uma orla metálica. Era ovalado e convexo no século III a.C.; semicilíndrico no século I a.C. Media cerca de 1,20 m de altura e 80 cm de largura. Algumas coortes de Júlio César usavam um escudo de couro chamado cetra: as cohortes cetratae. 

Parma era um pequeno escudo redondo usado por infantes e cavaleiros.

Entre as armas ofensivas, havia:

a) Gládio: espada curta bigume usada por todos os soldados;

b) Pilo: dardo de madeira com ponta de ferro;

c) Hasta: lança. "A hasta era de madeira, às vezes de ferro, com ponta (cuspis) e, geralmente, na outra extremidade, uma peça metálica, também aguda (spiculum), que servia para fincar a hasta no chão. Da hasta que, com telum, pode ser designação genérica de toda arma de arremesso, são variedades a lancea, lança; osparum, rojão; o iaculum, dardo, cujo nome se prende ao verbo iacere, atirar; a framea, lança germânica de ferro estreito e curto, etc."

Além do armamento individual, os soldados romanos usavam, nas operações militares, diversas máquinas, entre as quais vamos citar: o aríete (aries), a torre (turris mobilis), a catapulta (catapulta), a balista (balista) que faziam parte do complexo arsenal utilizado no ataque (oppugnatio) e no assalto (expugnatio) às cidades.O soldo

Primitivamente o serviço militar era prestado a título gratuito. Atribui-se a instituição do stipendium a Camilo. César aumentou consideravelmente o soldo de seus soldados. Convém lembrar que os militares participavam da presa de guerra e eram regiamente premiados por ocasião do triunfo.A disciplina e as recompensas

Os legionários romanos estavam enquadrados numa rigorosa disciplina em que penas e recompensas se alternavam conformes as faltas e os méritos. Entre as penas, podemos citar: a redução ou privação do soldo e da participação na presa de guerra, o açoite, dizimação, a degradação e a decapitação.

Entre as recompensas, podemos mencionar: elogios (laudes), condecorações (phalerae), braceletes (armillae), coroas (coronae) e outros distintivos. A maior recompensa que um general vitorioso podia obter era o triunfo: o chefe vencedor, com coroa de louros e em carro puxado por quatro cavalos brancos, partia do Campo de Marte para o desfile triunfal. “Precedido de magnífico cortejo, atingia pela Via Sacra o Capitólio e aí oferecia solene sacrifício de touros brancos”.

A Hierarquia

Os graus da hierarquia militar no exército republicano eram, em linhas gerais, os seguintes:
General em chefe: cônsul ou pretor. Comandava todas as legiões do exército. Estava, em geral, acompanhado de ajudantes de campo e de uma guarda de honra.

Centurião Romano
Tribunos militares (oficiais superiores): Cada legião possuía seis tribunos militares, cabendo a cada um o comando de dez centúrias e, por rodízio, o comando da legião.

Centuriões (oficiais subalternos): Cada centurião comandava uma centúria. No manipulo era considerado superior (prior) o chefe da centúria direita e inferior (posterior) o chefe da centúria esquerda.

Suboficiais: Optiones (ajudantes), signiferi (alferes), campidoctores (instrutores). Esses oficiais, em geral, não dispunham de comando, mas dirigiam os serviços gerais. Figuravam entre os mesmos os arquitetos e os médicos militares.

Entre os soldados rasos havia uma graduação: soldados de primeira classe (immunes), isentos de certos serviços, e os de segunda classe (munifices).

Na cavalaria, cada turma era comandada por um prefeito (oficial superior) e as decúrias por decuriões (oficiais subalternos).

O exército no período imperial

O exército, durante o Império Romano, tornou-se permanente (exercitas perpetuas). Embora teoricamente todos os cidadãos estivessem sujeitos ao serviço militar, praticamente o efetivo das tropas era formado quer por voluntários, quer por recrutamentos feitos nas províncias.

A partir de Vespasiano, "os italianos são raros nas legiões que se transformam em milícia provincial. A partir deTrajano, acolhem até mesmo numerosos provinciais do Oriente. A partir de Adriano, prevalece o recrutamento regional. A homogeneidade do exército é assegurada pelos quadros, sobretudo pelos centuriões, que são transferidos de legião em legião".


A legião imperial, organizada, em linhas gerais, nos moldes da reforma de Mário, era identificada pelo número, por um nome (exemplo: Galica, Augusta), e por um sobrenome (exemplo: pia, felix).

Augusto introduziu uma nova organização na cavalaria distribuindo-a em quatro corpos diferentes:

Coortes mistas (compostas de infantes e cavaleiros);

Cavalaria legionária (120 a 300 cidadãos por legião);

Cavalaria das alas (compostas de voluntários);

Corpos de cavaleiros indígenas (não eram permanentes).

No Império, foram criados corpos de milícias locais destinadas a fins especiais. As mais famosas foram as coortes pretorianas, corpo de elite formado, a princípio, por itálicos e, mais tarde, de provinciais escolhidos. Cada cohors praetoria compreendia infantes e cavaleiros. A guarda pretoriana desempenhou, muitas vezes, papel decisivo na escolha do imperador.

A hierarquia militar sofreu alterações no Império. O imperador era o generalíssimo. Foi criado o cargo de prefeito do acampamento(praefectus castrorum) com a incumbência de administrar os acampamentos fixos situados ao longo das fronteiras. Augusto tornou a função de legado (legatus) permanente. Em cada legião havia o legatus legionis, representante do imperador, oficial experimentado a quem os tribunos estavam subordinados.

Note-se que o exército permanente durante o Império teve, muitas vezes, principalmente em pleno esplendor da pax romana, que ficar inativo. Para combater a nefasta ociosidade, os soldados eram obrigados a manobras (decursiones) e a outras espécies de exercícios militares (exercitationes) como marcha, manejo de armas, prática de esportes. Fortificações, estradas e outros trabalhos de interesse público (aquedutos, anfiteatros) foram também realizados pelos soldados.

Na época do Baixo-Império acentuou-se o desinteresse do cidadão romano pela carreira militar. As tropas auxiliares adquiriram cada vez mais importância. Algumas são até mesmo elevadas à dignidade de legiões. Entre as legiões estabelecem-se distinções de acordo com o local em que estão sediadas. Assim, por exemplo, as legiões palatinas se encontram mais próximas do imperador, as riparienses situam-se nos confins do Império e as comitatenses estão alojadas no interior.

A hierarquia militar sofreu também modificações: enquanto que anteriormente o simples soldado só podia atingir a categoria de centurião, agora podia ultrapassá-la. O comando da legião passa do legado para o prefeito do acampamento que se tornou praefectus legionis. O comando supremo vai mesmo ficar ao alcance de bárbaros.

Hierarquia militar

Em termos militares, a hierarquia romana é simples. Acima do soldado raso está o decano, que comanda 10 soldados (decúria), depois o centurião, que comanda 10 decanos (centúria); em alguns momentos o tribuno comandava 4 ou 5 centuriões, formando uma coorte, e o legado (legatus) comandava 10 tribunos, formando uma legião. Legados prestavam contas ao primeiro escalão político - aos cônsules na época republicana, e aos comandantes gerais na época imperial. A marinha possuía como chefes os cônsules da marinha.

Armas e equipamentos
Armas de defesa

Todas as armas dos legionários romanos tiveram uma evolução ao longo da história da República Romana e do Império Romano. As armas de defesa do legionário romano eram:

A lorica em uma das suas variantes: lorica hamata, lorica squamata, lorica segmentata, lorica musculata eram desenhadas para serem flexíveis, mas resistentes;

Um scutum ou escudo (com particular decoração para cada unidade) ;

Um balteus ou cingulum militaris (cinto para segurar as armas e para decoração);

Um elmo, chamado cassis (com proteção para o pescoço e orelhas). O elmo podia ter também uma crista, somente para sob-oficiais e oficiais;

Um caligae ou sandálias de marcha;

Uma túnica de cor vermelha.

Armas ofensivas

Os legionários romanos dispunham de três tipos diversos de armas ofensivas:

O gladius ou gládio: uma espada com uma lâmina longa (50-55 cm]), a arma por excelência do legionário romano, levado à direita da cintura;

O pilum ou pilo, que tinha a função de, depois de lançado, fixar-se no escudo do adversário que era obrigado a privar-se dele, caso o escudo do mesmo fosse resistente; caso não fosse, o pilo atravessava o escudo do adversário, atingindo-o mortalmente.

O pugio ou púgio, punhal que era levado na cintura.

A Marinha Romana

A Marinha Romana foi a força naval da antiga  Roma. Apesar de ter jogado um papel decisivo na expansão romana no Mediterrâneo, a Marinha nunca teve o prestígio das legiões romanas. Ao longo de sua história, os romanos eram um povo essencialmente terrestre, e deixaram os temas nauticos nas mãos de povos mais familiarizados com eles, como os gregos e egípcios para construir navios e manejá-los. Em boa parte por causa disso, a marinha nunca foi totalmente abraçada pelo Estado romano, e era considerada "não-romana" 
Birreme Romana
Nos tempos antigos, as frotas militares e comerciais não têm a autonomia logística de hoje. Ao contrário das forças navais modernas, no exército romano, mesmo no seu auge, não existiam independentemente, mas funcionaram como um adjunto do exército romano.

Durante a Primeira Guerra Púnica , o exército foi  expandido maciçamente e desempenhou um papel vital na vitória romana e a ascensão da República Romana para a hegemonia no Mediterrâneo. Durante a primeira metade do segundo século AC. Roma destruiu Cartago e subjugou os reinos helenísticos do Mediterrâneo oriental , alcançando o domínio completo de todas as margens do mar para o interior, que eles chamavam de Mare Nostrum . 

A frota romana voltou a jogar um papel de liderança no primeiro século AC em guerras contra os piratas e as guerras civis que levaram à queda da República , cujas campanhas se espalharam por todo o Mediterrâneo. Em 31 . C. a grande batalha de Actium acabou com a guerra civil, com a vitória final de César Augusto e do estabelecimento do Império Romano .

Durante o período imperial, o Mediterrâneo era um pacífico "lago romano " pela ausência de um rival marítimo e marinha foi reduzida principalmente para o patrulhamento e tarefas de transporte.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

As Ordens Militares Religiosas

As Ordens Militares Religiosas

As origens das Ordens Militares Religiosas remontam à Idade Média, no tempo das grandes cruzadas. Após a tomada de Constantinopla, pelos Turcos, em fins do século XI, o Papa Urbano II [de 1088 a 1099], alarmado com a situação de perseguição e violência contra os fiéis, decretou, no Concílio de Clermont, a conquista da Palestina.

«Jerusalém fora tomada pelos turcos seijúcidas em 1078.

[Antonio G. Matoso, História de Portugal, Lisboa, 1939, vol. I, 72].

As violências e os vexames a que estes povos muçulmanos começaram sujeitando os peregrinos, que, de toda a Europa, se dirigiam à Terra Santa, para visitar os lugares santificados pela paixão e morte de Cristo, produziram nas almas piedosas daquela época uma profunda emoção, que deu origem às Cruzadas.

Estas expedições, religiosas e militares ao mesmo tempo, nas quais tomaram partequase todos os países europeus, sucederam-se, com intervalos mais ou menos longos, dos fins do séc. XI aos últimos anos do séc. XIII. Umas fizeram-se por terra; outras por mar.» 
Templários

Reuniram-se cerca de 600.000 (seiscentos mil) pessoas, formando um exército monástico-militar, que, em nome da religião católica, partiram em direcção a Constantinopla. Traziam no peito, cosido sobre as vestes, a cruz-latina, do que lhes valeu serem denominados de CRUZADOS «Este original exército, ou antes, esta colossal romagem constituída pelos elementos mais heterogéneos e mais imprevistos, elegeu para chefe Godofredo de Bouillon, duque da Baixa Lorena, e atravessando o estreito de Bósforo, passou à Ásia Menor, onde tomou Nicêa e Antiochia, e, depois de ser dizimado pela peste, pela fome, pelas intempéries e reduzido a cinquenta mil soldados, conseguiu enfim tomar Jerusalém em 1099

«Senhores da Cidade Santa, os cruzados elegeram para seu príncipe a Godofredo de Bouillon, que tomou o título deRei de Jerusalém, e alguns cavaleiros, alojando-se perto do Santo Sepulcro, aí fundaram uma albergaria ou hospital destinado a agasalhar os peregrinos, ao passo que nove outros cavaleiros se albergaram a uma parte ainda habitável do arruinado templo de Salomão e juraram morrer pela fé e na defesa dos mesmos peregrinos contra os infiéis» [Adriano Mendes Strecht de Vasconcellos, Breve Notícia das Ordens Monástico-Militares em Portugal. Vizeu, Typographia da Província, 1909, pág. 4] 

Dos que fundaram o Hospital, próximo ao Santo Sepulcro, deu origem à primeira Ordem Militar, conhecida como dos HOSPITALARES, ou de São João de Jerusalém, de Rhodes ou de Malta. Quanto aos outros cavaleiros que se estabeleceram próximo ao Templo de Salomão, originaram a Ordem dos Cavaleiros do Templo, ou TEMPLÁRIOS.Estas 

Ordens, foram divididas em três classes:

Clérigos - àqueles que recebiam ordenação sacerdotal. Estavam encarregados dos serviços religiosos da Instituição;

Irmãos leigos - representavam o papel dos escudeiros; e

Cavaleiros - formavam o exército combatente da ordem, recrutados, exclusivamente entre os nobres.
.
«A ORDEM DOS TEMPLÁRIOS, fundada por Hugo de Payem, em Jerusalém, em 1118, encontrou em S. Bernardo um amigo dedicado. Foi este luminar da Igreja que fez a sua propaganda no Ocidente, através do seu escrito intitulado «De laude novæ militiæ».

O Papa Inocêncio II criou no concílio de Pisa de 1135 confrarias encarregadas de reunirem fundos para o seu sustento, e tomou-a sob a sua protecção em 1139, por meio da bula «Omne datum optimus». Os seus monges adoptaram o hábito branco dos cistercienses, ao qual juntaram, mais tarde, como distintivo especial, uma cruz vermelha sobre o manto.»

«A ORDEM DOS HOSPITALARES, originada numa obra protectora dos enfermos, que recebera regra do Papa Pascual II em 1113, teve como a dos Templários, a sua origem em Jerusalém. Quando Saladino tomou esta cidade aos cristãos em 1187 estabeleceram-se em Chipre. Em 1310 conquistaram a Ilha de Rodes e passaram a chamar-se «Cavaleiros de Rodes». Alí permaneceram em guerra contra os turcos até 1522. Pouco depois obtiveram a ilha de Malta, tomaram o nome de «Cavaleiros de Malta» e continuaram a luta contra os muçulmanos da África até serem esbulhados da sua posse por apoleão em 1798.» Entre 112 e 1128 a rainha D. Teresa teria concedido aos freires desta Ordem o Mosteiro de Leça de bailio, sua primeira casa capitular

Mosteiro de Leça do Bailio
«A ORDEM DE CALATRAVA, fundada por S. Raimundo, ajudado por outro monge cisterciense, Diogo Velasques, com o fim de defender a cidade fronteiriça de Calatrava contra os ataques dos mouros, foi confirmada em 1164 pelo Papa Alexandre III. Entrou em 1166 em Portugal e estabeleceu-se em Évora, pelo que os seus componentes se começaram chamando «Freires de Évora». Foram senhores do castelo de Alcanede, doado por D. Sancho I, e possuíram bens em Coruche, Benavente, Santarém, Lisboa, Mafra, Alpendriz, Panoias, etc. D. Afonso II doou-lhes em 1211 o lugar de Avis, pelo que passaram a ser conhecidos por «Freires de Avis». Mais tarde a Ordem de Avis tornou-se independente da de Calatrava.».

«A ORDEM DE SANTIAGO DA ESPADA, originada na necessidade de proteger os peregrinos que se dirigiam ao túmulo de Santiago, fundada em Espanha talvez em 1170, entrou em Portugal em 1172. D. Afonso Henriques doou-lhe, segundo parece, a vila de Arruda, Alcácer, Almada, etc. D. Sancho I fez-lhe outras doações, entre as quais se conta Palmela. pelo que, por vezes, aparecem designados por «Freires de Palmelas. [...] 

Entre os mestres mais célebres da Ordem de Santiago contam-se Martinho Barregão, que se «houve com tanto heroísmo no cerco de Alcácer, que mereceu os elogios do Papa Honório III, em carta gratulatória aos bispos portugueses, e D. Paio Correia, o herói das conquistas de Mértola, Cacela, Alvor, Ossónoba, Aljezur, Tavira, etc.»
Cavaleiro deSantiago

Ambas as Ordens - Hospitalares e Templários - foram admitidas pelo Conde D. Henrique de Borgonha, Senhor do Condado de Portucale, que viria, pouco tempo depois, em mãos de seu filho, o Conde Afonso Henriques, transformar-se num reino próprio e independente do reino de Leão, com o nome de PORTUGAL.

«Não se sabe quando esta Ordem [dos Templários] foi introduzida em Portugal. Em 1128, D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, doa-lhe o castelo de Soure e a «terra deserta e despovoada entre Coimbra e Leiria», onde fundam os castelos de Pombal, Ega e Redinha. Em 1159 D. Afonso Henriques doa-lhes o castelo de Cêras. Em 1160 começaram a construção do castelo de Tomar, para defesa do lugar onde haviam edificado um convento, que se torna a casa mais importante da ordem entre nós.

Os seus bens aumentam constantemente, com doações no Alentejo, as terras de Idanha-a-Velha e Monsanto, o território de Açafa, etc.. Entre os seus mestres mais eminentes figuram o célebre D. Gualdim Pais, D. Lopo Fernandes, D. Martim Martins, etc. Extinta a Ordem em 1312, as suas terras passaram para a nova Ordem de Cristo em 1319» 


Em 1212, os Templários foram definitivamente expulsos de Jerusalém pelos Turcos. Refugiaram-se na Europa onde, somente na Espanha e em Portugal, encontraram fins para realizarem os seus compromissos na defesa dos fiéis, por estarem, ainda, estes dois reinos, combatendo contra os invasores árabes.

[Antonio G. Matoso, História de Portugal, Lisboa, 1939, vol. I,83, 85,86, 88,89]. 

Entre o ano de 711 - quando um exército de cerca de 12.000 homens, comandados por Tárique, invade a Península - e 1270, data da última cruzada, podemos reusmir os grandes acontecimentos, com o seguinte quadro:

DATASACONTECIMENTOS
711Invasão da Península pelos árabes
718(?)Batalha de Covadonga
737Morte de Pelágio, rei das Astúrias
1037Castela e Leão formam um só reino
c.1140Aportou no Porto, uma armada de cruzados franceses, que navegava para Palestina
1147Aportou no Porto, nova armada, composta de cruzados ingleses, escoceses, flamengos alemães e franceses, que auxiliaram D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa
1054O Cisma do Oriente
1058O Califado de Bagdad foi tomada pelos turcos seljúcidas
1078Jerusalém foi tomada pelos turcos seljúcidas
1085Tomada de Toledo por Afonso VI
1086Derrota dos cristãos em Zalaca
1093Conquista de Santarém, Lisboa e Sintra
1095Concílio de Clermont, onde se inicia a pregação da cruzada pelo próprio Papa
10961.ª CRUZADA [1096-1099], exaltada por Pedro, O Eremita
1103D. Henrique de Borgonha parte para a Terra Santa
1109Morte de D. Afonso VI
1112(?)Morte do Conde D. Henrique de Borgonha
1113(c.)Fundação da Ordem dos Hospitalares, em Jerusalém
1118Fundação da Ordem dos Templários, em Jerusalém
1125D. Afonso Henriques arma-se cavaleiro
1128Batalha de S. Mamede
1139Batalha de Ourique
1144Queda do Condado de Edessa, em poder dos muçulmanos
11472.ª CRUZADA[1147-1149], exaltada por São Bernardo, Conrado III e Luiz VII
1147Conquista de Santarém e Lisboa
1156Os Templários deram foral aos moradores de Ferreira
1158Tomada de Alcácer do Sal
1159Tomada de Évora e Beja
1159Os Templários deram foral aos moradores de Redinha
1160Os Templários começam a construção do castelo de Tomar
1162Ordem Militar de Avis, instituída pelo Rei Afonso I, a 13.08.1162, em Coimbra.
1162Os Templários deram foral aos moradores de Tomar
1164Confirmado a fundação da Ordem de Calatrava.
1166Entra em Portugal a Ordem de Calatrava
1170(?)Criação da Ordem de Santiago da Espada, na Espanha
1172Entra em Portugal a Ordem de Santiago da Espada
1174Os Templários deram foral aos moradores de Pombal
1174Os Templários deram foral aos moradores de Ozêzar
1178D. Sancho invade a Andaluzia
1179D. Afonso Henriques é reconhecido Rei pelo Papa
1185Morte de D. Afonso Henriques
1187Tomada de Jerusalém, pelas tropas de Saladino
11893.ª CRUZADA [1189-1192], exaltada por Guilherme, arcebispo de Tyr
1189Aportou no Tejo, uma armada de cruzados do norte [ frisões, dinamarqueses, etc.]
1189Conquista de Alvôr [Portugal], com ajuda dos cruzados do norte
1189Conquista de Silves [Portugal], com ajuda dos cruzados flamengos, alemães e ingleses
1197Reconquista de Silves, com ajuda dos cruzados alemães.
12024.ª CRUZADA [1202-1204], pregada pelo Papa Inocêncio III
1204Fundação do Reino Latino de Constantinopla, pelos Cruzados
1211Côrtes de Coimbra
1211A Ordem de Calatrava, recebe o lugar de Avis, em Portugal
1212Templários foram definitivamente expulsos de Jerusalém pelos Turcos
1212Batalha de Navas de Tolosa
1217D. Afonso II toma Alcácer do Sal com o auxílio dos Templários
12185.ª CRUZADA [1219-1221], executada por Jean de Brienne, rei de Jerusalém
12286.ª CRUZADA [1228-1229], conduzida pelo Imperador Frederico II, contra a Palestina
1244Conquista de Jerusalém por mercenários do sultão do Egipto
12487.ª Cruzada [1248-1252], dirigida por Luis IX, contra o Egipto
1261Queda do Reino Latino de Constantinopla, fundado pelos Cruzados, em 1204
12708.ª e última CRUZADA [1270], conduzida por Luis IX, contra Tunis