domingo, 30 de junho de 2013

O Pogrom de 1506

O Pogrom de 1506

Damião de Góis, in "Crónica de D. Manuel I", capítulo CII da Parte I.

"...Nos dois derradeiros capítulos desta primeira parte, tratarei de um tumulto e levantamento que, a dezanove de Abril de 1506, Domingo de Pascoela, houve, em Lisboa, contra os Cristãos-novos.s, para fora da igreja, e mataram-no e queimaram logo o corpo no Rossio.

No mosteiro de São Domingos existe uma capela, chamada de Jesus, e nela há um Crucifixo, em que foi então visto um sinal, a que deram foros de milagre, embora os que se encontravam na igreja julgassem o contrário. Destes, um Cristão-novo (julgou ver, somente), uma candeia acesa ao lado da imagem de Jesus. Ouvindo isto, alguns homens de baixa condição arrastaram-no pelos cabelo.



Ao alvoroço acudiu muito povo a quem um frade dirigiu uma pregação incitando contra os Cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro com um crucifixo nas mãos e gritando: "Heresia! Heresia!" Isto impressionou grande multidão de gente estrangeira, marinheiros de naus vindos daHolanda, Zelândia, Alemanha e outras paragens.


Juntos mais de quinhentos, começaram a matar os Cristãos-novos que encontravam pelas ruas, e os corpos, mortos ou meio-vivos, queimavam-nos em fogueiras que acendiam na ribeira (do Tejo) e no Rossio. Na tarefa ajudavam-nos escravos e moços portugueses que, com grande diligência, acarretavam lenha e outros materiais para acender o fogo. E, nesse Domingo de Pascoela, mataram mais de quinhentas pessoas.  

A esta turba de maus homens e de frades que, sem temor de Deus, andavam pelas ruas concitando o povo a tamanha crueldade, juntaram-se mais de mil homens (de Lisboa) da qualidade (social) dos (marinheiros estrangeiros), os quais, na Segunda-feira, continuaram esta maldade com maior crueza. E, por já nas ruas não acharem Cristãos-novos, foram assaltar as casas onde viviam e arrastavam-nos para as ruas, com os filhos, mulheres e filhas, e lançavam-nos de mistura, vivos e mortos, nas fogueiras, sem piedade. E era tamanha a crueldade que até executavam os meninos e (as próprias) crianças de berço, fendendo-os em pedaços ou esborrachando-os de arremesso contra as paredes. 

E não esqueciam de lhes saquear as casas e de roubar todo o ouro, prata e enxovais que achavam. E chegou-se a tal dissolução que (até) das (próprias) igrejas arrancavam homens, mulheres, moços e moças inocentes, despegando-os dos Sacrários, e das imagens de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e de outros santos, a que o medo da morte os havia abraçado, e dali os arrancavam, matando-os e queimando-os fanaticamente sem temor de Deus.Nesta (Segunda-feira), pereceram mais de mil almas, sem que, na cidade, alguém ousasse resistir, pois havia nela pouca gente visto que por causa da peste, estavam fora os mais honrados.

E se os alcaides e outras justiças queriam acudir a tamanho mal, achavam tanta resistência que eram forçados a recolher-se para lhes não acontecer o mesmo que aos Cristãos-novos.Havia, entre os portugueses encarniçados neste tão feio e inumano negócio, alguns que, pelo ódio e malquerença a Cristãos, para se vingarem deles, davam a entender aos estrangeiros que eram Cristãos-novos, e nas ruas ou em suas (próprias) casas os iam assaltar e os maltratavam, sem que se pudesse pôr cobro a semelhante desventura.

Na Terça-feira, estes danados homens prosseguiram em sua maldade, mas não tanto como nos dias anteriores; já não achavam quem matar, pois todos os Cristãos-novos, escapados desta fúria, foram postos a salvo por pessoas honradas e piedosas, (contudo) sem poderem evitar que perecessem mais de mil e novecentas criaturas. 

Na tarde daquele dia, acudiram à cidade o Regedor Aires da Silva e o Governador Dom Álvaro de Castro, com a gente que puderam juntar, mas (tudo) já estava quase acabado.

Deram a notícia a el-Rei, na vila de Avis, (o qual) logo enviou o Prior do Crato e Dom Diogo Lopo, Barão de Alvito, com poderes especiais para castigarem os culpados. Muitos deles foram presos e enforcados por justiça, principalmente os portugueses, porque os estrangeiros, com os roubos e despojo, acolheram-se às suas naus e seguiram nelas cada qual o seu destino. (Quanto) aos dois frades, que andaram com o Crucifixo pela cidade, tiraram-lhes as ordens e, por sentença, foram queimados." 

Damião de Góis, em "Crónica de D. Manuel I" em capítulo CII da Parte I


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Amantes dos Reis de Portugal

Amantes dos Reis de Portugal

Maja desnuda de Goya
Dinastia de Borgonha

D. Afonso Henriques teve 7 filhos legítimos de sua mulher D. Mafalda de Sabóia, mas teve também 4 filhos bastardos, mas não se conhecem as mães.

D. Sancho I teve 11 filhos da sua mulher D. Dulce e 9 filhos bastardos de : 

D. Maria Alves, de Fornelos (3 ). Depois da morte do rei casa com D. Gil Vasques de "Soverosa" 

D. Maria Pais Ribeira ( a Ribeirinha ) filha de D. Paio Moniz ( 6 )


D. Maria Pais Ribeira, célebre dama da primeira metade do séc. XIII, uma das favoritas de D. Sancho I, notável pela sua formosura. Era filha de Paio Moniz e de Urraca Nunes talvez natural de Lanhoso.

As suas relações com o D. Sancho I, devem datar de antes de 1200. pois o rei nasceu em 1154 e por esta altura tinha 46 anos, morrendo 11 anos depois, de enfermidade crónica, parece que pelos seus desregramentos nestes assuntos.

A liberdade dos costumes de então apresenta-se bem cantada pelo trovador Paio Soares de "Taveirós", e um dos apaixonados pela bela «senhora branca e vermelha» que se "casava" com o rei:

ay,
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraya,vós,
quando eu vos vi en saya!
filha de don Paay Moniz
e des aquel dia, ay!
me foi a mi muy mal!»

O rei encadeado de paixão deixava-lhe bons versos de sua lavra, para ela cantar nas ausências dele, como por ocasião da fundação da Guarda:

«muito me tarda
o meu amigo na Guarda»

Parece que depois da morte de D. Sancho I, um descendente de Egas Monis, rapta D. Maria ferindo gravemente o seu irmão e foge com ela para Espanha. Rebelo da Sila publica este lance romanesco em "Ódio Velho não cansa". D. Maria Pais era sobrinha de Martim Moniz o herói da tomada de Lisboa. Casa depois da morte do rei com D. João Fernandes"o de Lima". Deve ter falecido já idosa depois de 1245.

D. Afonso II teve 4 filhos da sua mulher D. Urraca e 1 filho bastardo de mãe que se ignora.

D. Sancho II foi casado com D. Mécia Lopez de Haro e não teve filhos.

D. Afonso III foi primeiramente casado com D. Matilde condessa de Bolonha da qual não teve descendência. Casou depois com D. Beatriz ou Brites, filha ilegítima de Afonso X de Castela, de quem teve 7 filhos. 

De várias mulheres teve 5 filhos bastardos. Apenas se conhece: D. Marinha Peres de Enxara dos Cavaleiros, de quem 1 filho, D. Afonso Dinis

D. Dinis foi casado com D. Isabel de Aragão de quem teve dois filhos legítimos. 

Teve 7 filhos bastardos, de várias mulheres, das quais se conhecem: 

D. Aldonça Rodrigues Telha, ( 1 filho)- Afonso Sanches ( 1289-1329)D. 
Maria Pires «huma boa dona do Porto de Gança» (1 filho)
D. Marinha Gomes nobre dama de Lisboa (1 filha)
D. Grácia Fróis (1 filho) Pedro Afonso Conde de Barcelos (1287-1354)
Outras "senhoras" (3 filhos)

D. Afonso IV foi casado com D. Beatriz ou Brites, filha de Sancho IV de Castela. Teve 7 filhos legítimos. Não se lhe conhecem filhos bastardos.

D. Pedro I foi casado primeiramente com D. Branca de Castela, não se consumando o matrimónio por doença da noiva.

Casou depois com D. Constança de quem teve 3 filhos legítimos.

Luís (1340)
Maria, princesa de Portugal (1342-1367), casada com Fernando, príncipe de Aragão
Fernando, rei de Portugal (1345-1383)

D. Inês de Castro - A mais famosa das amantes reais e que está sepultada em Alcobaça, ao lado de D,. Pedro I (4 filhos) . Talvez seja a única amante real sepultada no transepto de uma Abadia.



Alcobaça - Tumulo de Inês de Castro

A Figura de Inês de Castro

Afonso de Portugal (Morreu em criança) 

Beatriz, princesa de Portugal (1347-1381) 

João, príncipe de Portugal (1349-1387) 

Dinis, príncipe de Portugal (1354-1397) 

D. Teresa Lourenço teve 1 filho, o mais famoso dos bastardos reais, que veio a ser Mestre de Avis e Rei de Portugal como D. João I.


D. Fernando I foi casado com D. Leonor Teles, que deve ter sido amante do rei quando ainda era casada com João Lourenço da Cunha. 

Teve 3 filhos legítimos, um dos quais D. Beatriz casou com D. João I de Castela. 

De mulher que se ignora teve 1 filha, D. Isabel. Foi esta bastarda que foi mãe de D. Constança de Noronha, que veio a ser esposa de D. Afonso, conde de Barcelos, filho ilegítimo de D. João I e mais tarde 1º Duque de Bragança.

D. Leonor Teles foi a mais perversa e afortunada amante dos reis de Portugal. Perversa porque foi capaz de tudo para conseguir os seus fins, inclusive provocar a morte da própria irmã, afortunada porque chegou a rainha de Portugal, casando com D. Fernando I. Leonor Teles de Meneses, natural de Trás-os-Montes, era filha de Martin Afonso Teles de Meneses e de D. Aldonça de Vasconcelos.  

Casou muito nova com D. João Lourenço da Cunha, senhor de Pombeiro, de quem teve um filho, Álvaro da Cunha. Ambiciosa e perversa, de tal forma conseguiu insinuar-se no ânimo de D. Fernando - aquando das suas estadas no Paço, a pretexto de visitar sua irmã D. Maria Teles casada com o infante D. João - que o rei "Formoso", indiferente a todos os conselhos e subestimando os altos interesses nacionais, resolveu unir-se à " adultera e barregã" , como lhe chamava o povo, apesar de comprometido pelo tratado de Alcoutim em casar com uma princesa castelhana. 

"Louçã, aposta e de bom corpo" como dizia Fernão Lopes, Leonor Teles tinha então o perfil, que alguns diriam hoje, para mulher de sucesso. Amante do rei, quando mulher de João Lourenço, consegue que o casamento com este seja anulado, por sentença canónica baseada em questões de parentesco e casa com ela publicamente em Leça de Bailio entre 15 e 18 de Maio de 1372. Este casamento desagradou ao povo, e em Lisboa Fernão Vasques à frente à frente de muitos outros ergueu ingloriamente a sua voz. 

Os protestos foram afogados em sangue, e Leonor recebe meio Portugal como presente de casamento. Receosa do prestígio do seu cunhado o infante D. João, filho de Pedro I e Inês de Castro, casado com a sua irmã D. Maria Teles, promete a este a mão de sua filha a infanta D. Beatriz, ficando portanto herdeiro do trono, mas teria que matar primeiramente a sua sua mulher. D. João assim o faz, matando-a à punhalada e apresentando o pretexto do seu mau comportamento. Mas D. Leonor Teles casou a filha com D. João I rei de Castela e o infante assassino teve que fugir de Portugal. 

Morto D. Fernando, em 22 de Outubro de 1383, Leonor que ainda em vida do rei, como dizia o povo, era amante de João Fernandes Andeiro, conde de Ourém, toma a regência do reino. Andeiro acaba por ser morto pelo Mestre de Avis e por Rui Pereira em 6 de Dezembro de 1383. Nas lutas e intrigas que se seguem foge de Lisboa para Alenquer, mas acaba por ser desterrada para Castela, e internada, na condição de prisioneira, no Mosteiro de Tordesilhas, onde morre a 27 de Abril de 1386.

Dinastia de Aviz

D. João I do seu casamento com D. Filipa de Lencastre teve 7 filhos legítimos: D. Branca (1388-1389), D. Afonso (1390-1400), D. Duarte que herdou a coroa, D. Pedro ( 1392-1449), D. Henrique ( 1394- 1460), D. Isabel ( 1397-1471 ), D. João (1400-1442 ), D. Fernando ( 1402-1443 ). 

Da união anterior ao casamento, com uma Inês Pires teve dois filhos, D. Afonso ( 1380-1461 ), que foi 8º conde de Barcelos e 1º Duque de Bragança, e D. Beatriz ( 1382-1439 ).

Inês Pires Amante do Mestre de Aviz e depois D. João I, era filha de Pero Esteves e de Maria Anes e natural de Veiros, segundo uns, ou ou de Portel, segundo outros. Dos amores com o Mestre de Aviz nasceu D. Afonso, que depois casou com D. Beatriz filha de D. Nuno Álvares Pereira . D. Afonso foi o 1º Duque de Bragança. 

Daqui procede a casa de Bragança. Inês Pires foi depois comendadeira de Santos. Dizem os cronistas que Pero Esteves, desgostoso com os amores da filha nunca mais cortou as barbas e daí o povo o alcunhou de "Barbadão". Diz ainda a tradição que Pero Esteves concebeu o plano de matar o mestre, desistindo do intento por saber que D. João I era o primeiro a respeitar o seu desgosto.

D. Duarte teve sete filhos do seu casamento com D. Leonor de Aragão: D. João ( 1429- 1433 ), D. Filipa ( 1430-1439 ), D. Afonso V, que herdou a coroa de Portugal, D. Fernando ( 1433-1470 ), D. Maria ( 1432-1432 ), D. Leonor ( 1434-1467 ), D.Duarte ( 1435-1435 ). 

De união anterior ao casamento com D. Joana Manuel, nobre de ascendência castelhana, teve D. João Manuel, ( 1420-1476 ), religioso da Ordem do Carmo, que foi provincial dessa ordem, bispo de Ceuta e primaz da África e depois bispo de Guarda onde residiu. Deixou dois filhos D. João Manuel e D. Nuno Manuel.

D. Afonso V teve 3 filhos da sua mulher D. Isabel, D. João que morreu novo, D. Joana ( 1452-1490), e D. João II que herdou a coroa. Não se lhe conhecem filhos ilegítimos. Por morte de D. Isabel voltou a casar com a sua sobrinha D. Joana filha de Henrique IV de Castela. Este matrimónio nunca se consumou por falta da necessária dispensa.

D. João II foi casado com sua prima co-irmã, D. Leonor filha de D. Fernando, duque de Viseu.Deste matrimónio nasceram: D. Afonso (1475-1491).

De: D. Ana de Mendonça teve um filho D. Jorge de Lencastre ( 1481-1550), que foi mestre de Santiago e de Aviz.

O Senhor Dom Jorge de Lancastre (Abrantes, 1481 - Setúbal, 22 de Julho de 1550) foi filho bastardo do Rei D. João II de Portugal com D. Ana de Mendonça, foi 2.º Duque de Coimbra desde 1509, Grão-Almirante de Portugal, 13.º Mestre da Ordem de Santiago e 9.º Administrador da Ordem de Avis.

Aos três anos de idade seu pai mandou-o confiar para criar à sua única irmã, Santa Joana Princesa, já nessa altura professa em Aveiro.

Ali foi educado, no Convento de Jesus, até à morte de sua tia em 1490, quando tinha nove anos, idade em que, a pedido do rei, veio acabar de se educar na corte junto do Príncipe seu irmão, D. Afonso, e do jovem futuro rei D. Manuel, todos sob a égide da rainha D. Leonor, que aceitou recebê-lo e dar-lhe os cuidados de mãe.
D Manuel I casou a primeira vez em 1497 com a viuva do infante D. Afonso, D. Isabel filha dos Reis Católicos. Com a morte de D. Isabel em 1498, voltou a casar em 1500 com a infanta D. Maria, irmã da sua primeira mulher. Viúvo de novo em 1517, volta a casar com D. Leonor, irmã de Carlos V, e que fora primeiramente destinada ao seu filho. Teve 1 filho do 1º matrimónio, 9 do segundo e três do 3º matrimónio. Não se lhe conhecem amantes nem filhos ilegítimos.

D. João III foi casado com D. Catarina e teve 9 filhos, D. Afonso (1526-1526), D. Maria( 1527-1545) que casou com Filipe II, D. Isabel (1529-1529), D. Beatriz (1530-1530), D. Manuel (1531-1537), D. Filipe (1533-1539), D. Diniz (1535-1537), D. João (1537-1554) , D. António (1539-1540). 

Ainda solteiro teve um filho natural de D. Isabel Moniz filha do alcaide de Lisboa, D. Duarte ( 1521-1543)

Dinastia de Bragança

D. João IV do seu casamento com D. Leonor de Gusmão teve 8 filhos, D. Teodósio ( 1634-1653), D. Ana ( 1635-1635), D. Joana (1635-1653), D. Catarina (1638-1705), D. Manuel ( 1640-1640), D. Afonso VI que herdou a coroa, D. Pedro II que lhe sucedeu. 

De mãe desconhecida teve uma filha, D. Maria (1644-1693) que se dedicou à vida religiosa e está sepultada no Convento de S. João dos Carmelitas Descalços.

D. Afonso VI, casou em 1666 com D. Maria Francisca de Isabel de Sabóia, mas não teve descendência. Na vida desregrada de D. Afonso VI entrou uma D. Ana de Moura, freira de Odivelas, o que fazia que o rei visitasse muito o mosteiro e organizasse cavalgadas e touradas no seu pátio.

D. Pedro II que nasceu em Lisboa em 6 de Janeiro de 1668 e faleceu no Palácio de Palhavã a 21 de Outubro de 1690, foi casado primeiramente com a sua cunhada D. Maria Francisca Isabel de Sabóia de quem teve uma filha D. Isabel Luísa Josefa ( 1668-1690). 

Casou depois com D. Maria Sofia de Newburg ( 1666-1699) de quem teve 8 filhos: D. João (1688-1688), D. João V que herdou o trono, D. Francisco Xavier José António Bento Urbano ( 1691.1742), D. António Francisco Xavier José Bento Teodósio Leopoldo Henrique (1695-1757), D. Teresa Maria Francisca Xavier Josefa Leonor (1696-1704), D. Manuel José Francisco António Caetano Estevão Bartolomeu ( 1697-1736), D. Francisca Josefa ( 1699-1736.

Foram amantes de D. Pedro II: 

D. Maria da Cruz Mascarenhas, de quem teve uma filha D. Luisa ( 1679-1732 que casou primeiramente com D. Luís e depois com D. Jaime de Melo, respectivamente, 2º e 3º duques do Cadaval. 

Ana Armanda du Verger francesa teve um filho D. Miguel (1703-1756), reconhedido com irmão por D. João V e que casou com D. Luísa Casimira de Nassau e Ligne, herdeira da casa de Arronches. 

D. Francisca Clara da Silva teve um filho, D. José ( 1703-1756) que foi doutor em Teologia e Arcebispo de Braga.

D. João V casou em 1708 com D. Ana de Austria Arquiduquesa de Áustria, filha do imperador Leopoldo I de Áustria e da imperatriz D. Leonor Madalena. Teve seis filhos, entre os quais a infanta D. Maria Bárbara (que viria a casar com D. Fernando de Espanha), D. Pedro (que casaria com D. Maria I) e D. José (que seria rei de Portugal).

Foram amantes de D. João V

D. Luísa Clara de Portugal, casada com D. Jorge de Menezes, e que pertencia à casa da Flor da Murta, e que ficou como a galante alcunha da amante real de quem teve uma filha D. Maria Rita monja do Convento de Santos. 

D. Madalena Máxima da Silva Miranda Henriques, de quem teve um filho D. Gaspar pela crisma e Manuel pelo baptismo(1716-1789) que foi o segundo "Menino de Palhavã". Foi arcebispo de Braga. O povo chamava aos filhos de D.João V, os meninos de Palhavã por residirem no palácio com esse mesmo nome. 

D. Luísa Inês Antónia Machado Monteiro, de quem teve um filho D. António, muito dedicado à música.

E muitas outras de todas as classes sociais.

A Madre Paula 

Esta freira portuguesa que se destacou como a amante mais célebre do rei D. João V, chamava-se Paula Teresa da Silva e Almeida, e nasceu em Lisboa em 30 de Janeiro de 1718. Era neta de João Paulo de Bryt, de nacionalidade alemã, que fora soldado da guarda estranjeira de Carlos V, e se estabelecera em Lisboa como ourives. 

Paula entrou para o convento de Odivelas aos dezassete anos de idade, e ali professou, apó um ano de noviciado. D. Joao V, frequentador assíduo do convento de Odivelas, onde mantinha vários amantes que ia substituindo conforme lhe parecia, ao topar com a jovem Paula ficou loucamente apaixonado por ela. Nessa altura, já a famosa freira se havia tornado amante de D. Francisco de Portugal e Castro, conde de Vimioso, e que pouco antes tinha sido agraciado com o título de marquês de Valenças. 

O soberano não teve problemas, chamou o fidalgo e disse-lhe: " Deixa a Paula, que eu te darei duas freiras à tua escolha". Assim se fez, e soror Paula passou a ser amante do rei que era trinta anos mais velho do que ela. A influência de Madre Paula sobre o rei foi imensa. Quem carecesse de uma mercê do soberano já sabia que a maneira mais segura de a conseguir, seria recorrer às valiosa protecção da madre Paula que o soberano visitava todas as noites. 

A astuta freira que sabia muito bem aproveitar-se do rei, transformou-se em pouco tempo. numa verdadeira Pompadour. Das numerosas amantes de D. João V, foi a madre Paula a única que o soube dominar até à morte. O rei foi extremamente generoso não só com ela como com a sua família, chegando o pai de Paulo a ser agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo e a receber uma tença de doze mil reis e outros benefícios que lhe permitiram viver à larga. 

 O luxo em que vivia Paula no convento de Odivelas, foi bem reproduzido num, documento da época, por Ribeiro Guimarães no seu Sumário de Vária História, onde descreve a magnificência asiática dos aposentos da madre Paula e sua irmã. Para a servir tinha a madre Paula nove criadas. Destes amores nasceu um menino que foi baptizado com o nome de José, como o príncipe herdeiro, que foi chamado o mais jovem "Menino de Palhavã" e veio a exercer as funcões de inquisidor geral. 

Mais tarde nos tempos de Pombal, numa discussão, atirou-lhe com a cabeleira à cara e foi desterrado para o Buçaco. A vida desregrada do rei escandalizava, não só a corte, mas até os súbditos mais humildes, mas ninguém se atrevia a repreender o régio devasso. 

"..Não se levanta de graça quem se deita por dinheiro..." 

Para se fazer uma ideia da moralidade desse tempo, bastará recordar o que disse a abadessa D. Feliciana de Milão, às damas da raínha que não se levantaram, como lhes competia à sua passagem. "..Não se levanta de graça quem se deita por dinheiro..." 

Após a morte do rei que lhe deixou uma mesada principesca, continuou no seu recolhimento, recebendo os grandes que ainda se lhe aproximavam. Assim se conservou ainda durante trinta e cinco longos anos, com a altivez de uma soberana em exílio. Faleceu com 67 anos de idade, e foi sepultada na Casa do Capitulo do Convento de Odivelas 

( Condensado de Enciclopédia Portuguesa Brasileira ).

A Casa da Madre Paula

A casa da Madre Paula foi mandada construir por D. João V. Ficava sobre a casa do capítulo, encostada à torre e tinha três andares. Para aceder ao 1.º piso subia-se uma escada ao lado do parlatório. Ali ficava a cozinha, que era decorada com azulejos onde figuravam os vários utensílios usados para cozinhar. O painel da chaminé representava uma cena mitológica. 

Este piso tinha mais seis divisões. Na maior delas guardavam-se 18 caixotões de lixa negra com pregaria de prata e estava toda cheia de prata com que se fez a copa e ainda sobrou muita, porque, dizem os manuscritos, ali se guardavam três baixelas. Havia ainda muitas outras arcas com roupas de casa e de vestir, adornos, fitas e mesmo jóias. O serviço era assegurado por nove criadas, que estariam instaladas neste piso.

D. José I era casado com Mariana Vitoria de Borbón, princesa espanhola, e tinha 4 filhas. Apesar de ter uma vida familiar alegre, (o rei adorava as filhas e apreciava brincar com elas e levá-las em passeio),

A Amante Fatal

D. José I teve uma amante : Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora, o que deu origem ao famoso "Processo dos Távoras", devido à tentativa de regicídio contra D. José. e à execução extremamente bárbara dos condenados por esse atentado. Bárbaro para a nossa época, mas muito comum na altura, em todos os países da Europa e outros. Leia-se por exemplo o livro biográfico "Maria Antonieta" deStefan Zweig, para ler os suplícios que se aplicavam aos condenados no século XVIII.

Os detractores de Pombal, dizem que tudo não passou de uma mentira inventada por ele, para amedrontar e castigar a alta nobreza, que deve ter sido um assalto comum, por assaltantes que nem sabiam quem ia na carruagem.

Mas no seu livro "Portugal ao tempo do Terramoto" Suzanne Chantal,, descreve em pormenor tudo aquilo que realmente deve ter passado, e que o Marquês apenas aproveitou para castigar a alta nobreza, que não o tolerava, e que ofensivamente o tratava por Sebastião José ! 

Leia-se também o livro "Sebastião José" de Agustina Bessa Luís.

D. Pedro IV Foram amantes de D.Pedro IV, D. Domitila de Castro Canto e Melo, Marquesa de Santos:
De quem teve um rapaz (1823), nado morto, e :

Isabel Maria de Alcântara Brasileira, (1824 - 1898) Duquesa de Goiás; Pedro de Alcântara Brasileiro, (1825 - 1826) Maria Isabel de Alcântara Brasileira, (1827), Duquesa do Ceará (que morreu com um ano de idade);

Maria Isabel II Alcântara Brasileira (1830 - 1896), que se tornaria condessa de Iguaçu pelo casamento com Pedro Caldeira Brant.

Com a francesa Noémi Thierry teve:
O menino Pedro, falecido antes de completar um ano.

Com Maria Benedita Bonfim, futura baronesa de Sorocaba e irmã da marquesa de Santos, teve:
Rodrigo Delfim Pereira.

Com a uruguaia María del Carmen García teve uma criança nati morta.

De sua amante francesa Clémence Saisset teve:
Pedro de Alcântara Brasileiro.

Com a monja portuguesa Ana Augusta teve outro menino de nome Pedro.




terça-feira, 25 de junho de 2013

A Figura de Fernão de Magalhães


Quem era Fernão de Magalhães?

Fernão de Magalhães, filho de Rui Magalhães e Alda de Mesquita, nasceu em 1480 em Sabrosa ou no Porto e morreu em 27 de Abril de 1521 em Mactan, Filipinas. Fui pagem da Raínha D. Leonor em Lisboa. Navegou sob as bandeiras de Portugal ( 1505-1512 )e Espanha (1519-21) e é considerado por muitos, como o maior navegador de todos os tempos.

Ainda há poucos anos, foi homenageado pela NASA, que enviou ao espaço uma nave com o seu nome.


Além de Vasco da Gama, Fernão de Magalhães é o único português a figurar na lista das cem figuras mais importantes do último milénio, de acordo com um inquérito internacional da revista Life.


Em 1505 alistou-se na armada de Francisco de Almeida, partindo de Lisboa em 25 de Março. Lutou na batalha naval de Cannanor onde parece ter sido ferido. Tomou parte na grande batalha de Diu, na conquista da Malaca e das Molucas.

Em 1512 regressou a Lisboa combateu em Azamor, e em 1514 pediu a D. Manuel I um aumento da sua pensão. Como o rei tinha recebido informações de conducta irregular de Fernão de Magalhães no cerco de Azamor, recusou o seu pedido e reenviou-o para Marrocos. Magalhães volta a renovar o pedido em 1516, mas D. Manuel I volta a recusar e demite-o dos seus serviços.

Assim, Fernão de Magalhães vai para Espanha, e chega a Sevilha em 20 de Outubro de 1517, renuncia à sua nacionalidade, entrando ao serviço de Carlos V, e passa a chamar-se Fernando de Magallanes, casando com Beatriz de Barbosa, filha de um importante oficial de Sevilha.


Devido ao tratado de Tordesilhas, Espanha entende que as ilhas das especiarias, as Mollucas, lhe pertenciam , e envia uma expedição naval, comandada por Magalhães, que sai de Sanlúcar de Barrameda em 20 de Setembro de 1519,


A frota passa por Tenerife, chega à costa do Brasil em 20 de Setembro, e seguindo para o sul, chega às costas da da actual Argentina, Chile e depois ao oceano Pacífico. Descobriu o famoso estreito que hoje tem o seu nome, a "desejada passagem do sudoeste" e atravessou o oceano com uma sorte espantosa, tal a calma do mar que encontrou, que lhe chamou o"Oceano Pacífico". 

Nas Filipinas, na ilha de Mactan, foi morte em combate com os indígenas, e Sebastián Elcano termina a viagem, chegando a Espanha a 8 de Setembro de 1522.
Como conta William Oncken, na sua História Universal, o mérito da viagem de Fernão de Magalhães só foi reconhecido nos tempos modernos. E tudo isto, escreve Oncken, por duas razões principais:

Para Espanha - Fernão de Magalhães era um navegador PortuguêsPara Portugal - Fernão de Magalhães ter feito a viagem ao serviço da Espanha.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Raínhas de Portugal - Dinastia Filipina

D. Ana de Áustria - Filipe I 

Filipe I, casou em 13 de Novembro de 1543 com D. Maria Manuela de Portugal, filha de D. João III e de D. Catarina. D. Maria Manuela morreu em1545 ao dar à luz o príncipe D. Carlos. Filipe I casou 2ª vez em 1554 com Maria Tudor, raínha de Inglaterra que faleceu em 1558 . Casou 3ª vez com Isabel de Valois filha do rei de França e de Catarina de Médicis que nasceu em 1546 e morreu em 1568.. Volta a casar com Ana de Austria ilha de Maximiano II.

Ana de Áustria (1549 - Badajoz, 26 de Outubro de 1580) foi a quarta mulher de Filipe IIde Espanha, e
por conseguinte, rainha de Espanha e, durante um período de escassos meses,rainha de Portugal.

Ana era filha do imperador alemão Maximiliano II, primo do rei Filipe II de Espanha, sendo esta portanto também sua prima. O casamento foi celebrado em 12 de Novembro de 1570.Deste casamento nasceram cinco filhos, mas apenas um logrou sobreviver até à idade adulta e tornar-se o futuro Filipe III de Espanha. Os demais filhos foram:


Fernando (1571-1578)
Carlos Lourenço (1573-1575)
Diogo Félix (1575-1582)
Maria (1580-1583)

Ana de Áustria morre de peste em 26 de Outubro de 1580, em Badajoz quando acompanhava Filipe I nas suas campanhas de ocupação de Portugal.

D. Margarida de Áustria - Filipe II 

Filipe II casou com D. Margarida de Áustria, filha do arquiduque Carlos, no dia 18 de Abril de 1599.
Margarida de Áustria (1584 - 3 de Outubro de 1611) foi arquiduquesa daÁustria e, desde 1599 até à sua morte, rainha de Espanha, Portugal, Nápolese Sicília.

Margarida era filha do Arquiduque Carlos da Áustria (o que fazia dela neta do Sacro Imperador Romano-Germânico Fernando I) e da arquiduquesa Maria Ana da Baviera.Teve catorze irmãos, entre os quais se contam a rainha Ana da Polónia(esposa de Sigismundo II da Polónia) e o imperador alemão Fernando II.

Em 18 de Abril de 1599, pelo seu casamento com o primo Habsburgo Filipe III de Espanha (II de Portugal), tornou-se rainha consorte de Espanha,Portugal, Nápoles e Sicília.Teve oito filhos, entre os quais Ana de Áustria, esposa de Luís XIII de França e regente durante a menoridade do seu filho, Luís XIV, o rei Filipe IV de Espanha (III de Portugal) e ainda Maria Ana de Espanha, que mais tarde seria imperatriz alemã, pelo casamento com o imperador Fernando III.

Isabel de Bourbon - Filipe III 

Rainha de Espanha e Portugal ( 1621-1640 ), Filipe III, casou em 25 de Novembro de 1620 com Isabel de Bourbon, que nasceu emFontainebleau em 1603 e faleceu em Madrid a 6 de Outubro de 1644. era filha de Henrique IV de França e de Maria de Médicis. 

Vélasquez imortalizou-a na sua pintura que está exposta no Museu do Prado. A desastrosa política do Conde-Duque de Olivares encontrou nela forte oposição, que depois do 1º de Dezembro de 1640, que tirou Portugal ao domínio espanhol, obteve a destituição do ministro.

Animou a luta na fronteira portuguesa e na Catalunha, contribuindo para a formação do exército. 

Foi portanto rainha de Portugal de 1621 até 1640. Foi a mãe de Carlos II. Depois da morte de Isabel de Boubon, Filipe IV de Espanha volta a casar com Maria Ana de Áustria filha de Fernando III., 


domingo, 9 de junho de 2013

Rainhas de Portugal - Dinastia de Bragança

D. Luísa de Gusmão - D. João IV



Natural de Espanha, tornou-se Rainha de Portugal pelo casamento com D. João IV em 1633.

Depois da morte do rei assumiu a regência do reino durante cinco anos, durante os quais teve de enfrentar a oposição do Conde de Castelo Melhor, que pretendia que o futuro rei D. Afonso VI invocasse o seu direito ao trono, facto esse que ocorreu em 1662, apesar da pouca apetência do futuro monarca para o cargo.

Em 1663 afastou-se e foi viver para o Convento das Carmelitas Descalças, em Xabregas.

D. Maria Francisca Isabel de Sabóia - D. Afonso VI e D. Pedro II 

Rainha de Portugal, nasceu em Paris em 21 de Junho de 1646 e faleceu na Palhavã em lisboa, a 27 de Dezembro de 1683. Casou em 1666 com D. Afonso VI. Era filha segunda de Carlos Amadeu de
Sabóia, duque de Nemours e de sua mulher, D. Isabel de Vendôme.

Colaborou na conspiração que conseguiu a demissão e o exílio do conde de Castelo Melhor, escrivão da puridade do rei, e, posteriormente, colaborou no afastamento do próprio D. Afonso VI. 

 Com a declaração da nulidade do seu matrimónio pelo papa, pôde voltar a casar em 1668 com D. Pedro II (do qual já era amante), que tomou conta do governo, primeiro como regente e, depois, jurado nas cortes de Lisboa, nesse mesmo ano. D. Maria Francisca teve, do seu casamento com D. Pedro, uma única filha, D. Isabel.

D. Maria Sofia de Neuburgo - D. Pedro II

Maria Sofia Isabel de Neuburgo, nasceu no ducado de Juliers, em 6 de Agosto de 1666,faleceu em Lisboa, no paço da Ribeira, em 4 de Agosto de 1699) foi a segunda mulher deD. Pedro II. Filha do eleitor palatino do Reno, conde Filipe Guilherme, portanto ligada à casa reinante da Baviera, os
Wittelsbach, e de sua segunda mulher, Isabel Amália.

Por influência de Espanha onde reinava uma princesa da Casa de Neuburgo, Dom Pedro, nomeou Manuel Teles da Silva, 1º marquês de Alegrete, embaixador extraordinário com o encargo de ir pedir a mão de D. Maria Sofia, sendo o contrato de casamento assinado em 11 de Agosto de 1687. A nova rainha recebeu 100.000 florins dedote. 

Quando chegou ao Tejo foi recebida com grandes festas.Casou com D. Pedro em 1687. Foi mãe de sete filhos, entre os quais D. João V

D. Maria Ana Josefa de Áustria - D. João V 

Rainha de Portugal, mulher de D. João V. Arquiduquesa de Áustria, era filha do imperador Leopoldo I de Áustria e da imperatriz D. Leonor Madalena. Nasceu em Linz a 7 de Setembro de 1683 e faleceu em Lisboa a 14 de Agosto de 1754. Em 1708 casou por procuração em Viena de Áustria com D. João V, vindo para Lisboa no mesmo ano, onde foi recebida com grandes festejos. 

Foi regente de Portugal em 1716 e novamente entre 1749 e 1750, nos últimos anos de vida de D. João V. Teve seis filhos, entre os quais a infanta D. Maria Bárbara (que viria a casar com D. Fernando de Espanha), D. Pedro (que casaria com D. Maria I) e D. José (que seria rei de Portugal).

A nova Rainha resignou-se rapidamente ao abandono que D. João V a votava. Muito devota, entregava-se muitas vezes a práticas piedosas. Interessava-se por coisas do mar, passeava ao longo do Rio Tejo com a Família Real e a Corte, onde assistia frequentemente a festas e serenatas no rio e lançamentos de navios no mar.

Apesar do casamento, D. João V continuou ininterruptamente a sucessão de aventuras amorosas. A Arquiduquesa, mais velha do que o Rei seis anos, não conseguiu prender o marido. Apaixonada por música, a Rainha assistia sempre aos concertos e aos serões de ópera que havia na Corte do Paço da Ribeira.

D. Mariana Vitória de Bourbon - D. José I 

Rainha de Portugal. Era filha do rei de Espanha Filipe V e de sua segunda mulher, Isabel Farnésio. Nasceu em Madrid a 31 de Março de 1718, e faleceu em Lisboa a 15 de Janeiro de 1781. Casou com o príncipe do Brasil D. José, em 1729. 

Este casamento foi negociado ao mesmo tempo que o da infanta de Portugal, D. Maria Bárbara, com o herdeiro da coroa de Espanha, o príncipe D. Fernando, tendo sido as duas princesas trocadas nas margens do rio Caia, com grandes festejos. Inicialmente prometida a Luís XV de França, esse casamento de D. Mariana Vitória não se concretizou.

Em 1750, com a subida ao trono de D. José, tornou-se rainha de Portugal. Foi regente do reino em 1776 e 1777 devido ao estado precário da saúde do rei. 

Faleceu no palácio da Ajuda em 1781, depois do seu regresso de uma viagem a Espanha, país com o qual, após a morte de D. José, havia tentado estabelecer uma política de aproximação, numa altura em que se mantinham polémicas as delimitações dos domínios dos dois países na América.

D. Carlota Joaquina - D. João VI 

Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon, Rainha de Portugal, esposa de D. João VI e filha dos reis de Espanha Carlos IV e Maria Luísa de Parma. Nasceu em Aranjuez em 25 de Abril de 1775 e faleceu no Palácio de Queluz a 7 de Janeiro de 1830. Possuidora de uma forte personalidade, tinha frequentemente desavenças públicas com o monarca, seu marido, que considerava de carácter fraco e benevolente. Daí a posição combativa que adoptou face aos tumultos da época.

Apresentou pretensões de regência ao trono de Espanha, aquando da abdicação do seu pai e do irmão, enfrentando as pressões napoleónicas. Esforçou-se por manter na coroa as províncias espanholas da América do Sul, nomeadamente Rio de Prata, por altura da sua permanência no Brasil (1807-1821). No seu regresso a Lisboa, não cedeu às imposições do congresso vintista e recusou jurar a nova Constituição de 1822, tendo sido detida no Palácio do Ramalhão (Sintra).

Encorajou a Vilafrancada (1823) e o golpe seguinte, a Abrilada (1824), com a pretensão de aclamar rei de Portugal seu filho, o infante D. Miguel. Esta tentativa foi novamente falhada, tendo dela resultado o exílio de D. Miguel por quatro anos, o qual foi aclamado, no entanto, rei legítimo em 1828.

Teoria política e social que advoga o governo representativo, a liberdade de imprensa, de expressão e de credo religioso, a abolição dos privilégios de classe, a utilização dos recursos do Estado para protecção do bem-estar do indivíduo e o comércio livre internacional. Apesar de tudo, João e Carlota Joaquina cumpriram o seu dever, gerando quase uma dezena de infantes durante treze anos (1793-1806), embora o desprezo e o ódio crescentes e mútuos levassem a suspeitar e a dizer que os filhos nascidos após 1801 só eram da rainha. 

 De facto, Carlota Joaquina, mau grado a sua fealdade, ganhou fama de leviana e adúltera, variando aliás as paixões que ia sentindo por alguns que a rodeavam ou que encontrava. (Os métodos científicos actuais poderiam, eventualmente, resolver de uma vez por todas esta questão que tem feito correr tanta tinta).

D. Leopoldina de Áustria - D. Pedro IV

Também Imperatriz do Brasil Rainha de Portugal pelo seu casamento com D. Pedro IVDona Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo. Nasceu em Viena, 22 de Janeiro de 1797 e faleceu no Rio de Janeiro a 11 de Dezembro de 1826, foi arquiduquesa da Áustria, primeira imperatriz doBrasil e, durante oito dias (em 1826), rainha de Portugal.Origem e infância

Pertencia à Casa de Habsburgo. Era filha do imperador do Sacro Império Romano-Germânico Francisco II (1768-1835) (o qual, a partir de 1804, passou a ser apenas imperador da Áustria como Francisco I) e de sua segunda esposa e prima Maria Teresa da Sicília ou de Bourbon - Nápoles (1772-1807) princesa das Duas Sicílias, de um ramo da Casa de Bourbon, pois filha do rei Ferdinando I (1751-1825) e de sua esposa Maria Luisa (1745-1792).

Francisco, seu pai, era viúvo de Elisabeth Guilhermina Luísa de Wurttemberg, morta sem descendência em 1790; casaria por terceira vez com Maria Ludovica d´Este, a quemLeopoldina chamava «mãe», que não teve filhos e morreu em 1816; e casou uma quarta vez com Carolina Augusta da Baviera, morta em 1873 sem filhos.

D. Estefânia - D. Pedro V

D. Estefânia Josefa Frederica Guilhermina Antónia de Hohenzollern-Sigmaringen,nasceu em Krauchenwies em 15 de Julho de 1837 e faleceu em Lisboa a 17 de Julho de1859. Rainha de Portugal pelo seu casamento com D. Pedro V, era princesa deHohenzollern Sigmaringen. O casamento foi realizado por procuração em Berlim, na igreja católica de Santa Edviges, em 1858. 

D. Estefânia chegou a Portugal nesse mesmo ano, tendo morrido cerca de catorze meses após a sua chegada, devido a uma angina diftérica. De acordo com os seus desejos, foi fundado, em 1860, pelo rei, o hospital de D. Estefânia (Lisboa). assim chamado em sua honra

Juntamente com o marido, Estefânia fundou diversos hospitais e instituições de caridade, o que lhe granjeou uma grande aura de popularidade entre os portugueses de todos os quadrantes políticos e sociais.

Decorrido pouco tempo depois de seu casamento de um ano, a rainha faleceu aos vinte e dois anos de idade, vítima de difteria. A doença teria sido contraída durante uma visita aVendas Novas.A morte de D. Estefânia deixou grandemente consternado não só o rei, como também o povo em geral, que por ela desenvolvera um grande afeto. Devido à sua morte precoce, o casal não teve quaisquer filhos.


Maria Pia de Sabóia - D. Luis 

Rainha de Portugal, era filha de Vítor Manuel, rei da Sicília e de Itália depois da unificação de 1869, e da arquiduquesa Maria Adelaide da Áustria. Casou em 1862 com o rei D. Luís. Pessoa de personalidade vincada, enfrentou o duque de Saldanha depois do golpe de 1870, por ofensa ao rei. 

Ao saber do incêndio ocorrido no Porto, no teatro Baquet, apesar do mau tempo que se fazia sentir, embarcou em Lisboa para prestar auxílio às vítimas. 

Depois do regicídio, em que perderam a vida o rei D. Carlos, seu filho, e o neto, herdeiro do trono, enlouqueceu. Morreu no exílio no Piemonte.

D. Maria Amélia - D. Carlos I 

Rainha de Portugal (1889-1908), nascida em Twickenham (Inglaterra). De seu nome completo Maria Amélia Luísa Helena de Bourbon Orleães e Bragança, filha dos condes de Paris, casou, em 1886, com o futuro rei D. Carlos.

Dedicou-se à causa dos tuberculosos, em apoio dos quais criou a Assistência Nacional aos Tuberculosos (1899). Fundou o Museu Nacional dos Coches (1905). Trabalhou na Cruz Vermelha durante a I Guerra Mundial, tendo sido condecorada por Jorge V de Inglaterra. 

Sobreviveu ao atentado de 1908 que vitimou o rei D. Carlos e o seu filho primogénito, D. Luís Filipe. 

Esteve ao lado de seu filho e novo rei de Portugal,D. Manuel II, saindo com este para o exílio aquando da implantação da República em 1910. Está sepultada no Panteão de São Vicente de Fora, em Lisboa.


sábado, 8 de junho de 2013

Tecnologia na dinastia de Bragança

Tecnologia na dinastia de Bragança

O Aqueduto das Águas Livres

Canal coberto de alvenaria ou pedra destinado à condução de água, onde esta corre a descoberto. Para tal, necessita de ter uma inclinação uniforme e pequena, pelo que é construído sobre arcos de altura diversa, consoante o acidentado do terreno, e subterraneamente, se atravessava montes.

Esta arquitectura está muito presente na Península Ibérica e data desde a presença romana, sendo indispensável para o abastecimento hidráulico das povoações.

Em Portugal contam-se inúmeros aquedutos, sendo de salientar o imponente aqueduto das Águas Livres em Lisboa, o aqueduto dos Arcos do Jardim em Coimbra, o aqueduto dos Pegões Altos em Tomar e o aqueduto da Amoreira em Elvas.

Alguns destes aquedutos desempenharam subsidiariamente funções militares em certas ocasiões, pela sua disposição estratégica no terreno.

Aqueduto das Águas Livre



O aeróstato - Padre Bartolomeu de Gusmão

Pioneiro da aerostática. De origem brasileira (nasceu em Santos), inventou o aeróstato movido a ar aquecido, cerca de setenta anos antes das experiências dos irmãos Montgolfier.

Fez estudos no seminário de Belém da Cachoeira, dos jesuítas, onde evidenciou desde cedo particular aptidão para o domínio da física e da mecânica. Ainda noviço, abandonou a Companhia de Jesus (1701), vindo a ser ordenado sacerdote mais tarde. 


Em 1708, frequentou a faculdade de cânones em Coimbra, tendo doutoran-se em 1720. Interrompeu os estudos para se dedicar a tempo inteiro ao seu invento um pequeno balão ou globo feito de lona ou papel, aquecido pelo fogo. Em 1709, realizou, em Lisboa, as primeiras experiências com a "máquina voadora".

A primeira vez que quis mostrar o seu invento a D. João V, o balão pegou fogo e não voou; contudo, na segunda tentativa, feita no paço real, o "instrumento de voar" elevou-se quatro ou cinco metros, até ao tecto da sala dos embaixadores. 

Há ainda registo de uma terceira experiência, em que o balão foi lançado da ponte da Casa da Índia, tendo subido a uma altura considerável. São apenas lendas as histórias de que Bartolomeu de Gusmão teria voado do castelo de São Jorge ao Terreiro do Paço ou da torre de São Roque ao convento de São Pedro de Alcântara.

A primeira máquina a Vapor

Em 6 de Fevereiro de 1742 a "Gazeta de Lisboa" publicava a seguinte notícia: «A rainha N.S. com os príncipes e o Sr infante D. Pedro foram a uma das casas reais de campo, do sítio de Belém, a que chamam da praia, e ali viram as operações de duas máquinas as quais por meio do peso do ar e da força do vapor levantavam água, dando o frio ocasião a que o peso do ar pudesse a tornar a reduzir em água os vapores, em que o calor a tinha transformado. 

El - rei N.S. com o Sr. infante D. António tinham já visto a operação destas máquinas, que são as que os ingleses chamam simples, as quais em terras abundantes de lenha são de grandíssima utilidade. Deve-se a sua primeira origem ao Marquês de Worcester, e invento da sua prática ao capitão Severi ( sic). Coube ao Dr. Bento de Moura Portugal ( mais tarde morreu aferrolhado nas prisões da Junqueira, por ordem de Pombal em 1760), a a montagem destas máquinas»


Tratava-se da máquina de vapor de Thomas Newcomen, (1663-1729), serralheiro e inventor inglês que em 1698 de parceria com o engenheiro Thomas Savery construíram a primeira máquina a vapor operacional, da qual conseguiram várias patentes. Em 1705 com a ajuda de Jonh Cawley melhora a máquina.

A máquina usava a pressão atmosférica e vapor de baixa pressão, foi largamente usada na maioria dos países da Europa para bombear água e foi melhorada mais tarde em 1725. A máquina de Newcomen foi exportada para a América do Norte até 1755.

Permaneceu praticamente inalterável até 1769, quando o engenheiro e inventor escocês James What inventou um condensador de vapor que aumentava substancialmente a eficiência da máquina a vapor de Newcomen. Em 1790 esta foi totalmente substituída pela máquina de Watt, já com regulador de velocidade.

Demorou quase 78 anos, até que a máquina a vapor fosse aplicada industrialmente em Portugal (1820), ao contrário do que tinha ocorrido na maioria dos países europeus. No entanto a primeira máquina a vapor como força motriz industrial só foi introduzida em 1835, no caminho de ferro em 1864 e na navegação marítima cerca de 1870. 

Assim, enquanto em Portugal em 1835 havia apenas uma máquina a vapor a indústria ingleses já tinha cerca de 10.000 em serviço num total de cerca de 100.000 cavalos-vapor. Em 1881 Portugal dispunha de 328 máquinas com uma potência instalada de 7.052 cavalos-vapor. 

(Condensado do Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão)

As primeiras máquinas a vapor

Operavam utilizando-se mais da propriedade de o vapor condensar-se de novo em líquido do que de sua propriedade de expansão. Quando o vapor se condensa, o líquido ocupa menos espaço que o vapor. Se a condensação tem um lugar em um recipiente fechado, cria-se um vácuo parcial, que pode realizar trabalho útil.

Em 1698, Thomas Savery (1650-1715), mecânico inglês, patenteou a primeira máquina à vapor realmente prática, uma bomba para drenagem de água de minas. A bomba de Savery possuía válvulas operadas manualmente, abertas para permitir a entrada de vapor em um recipiente fechado. Despejava-se água fria no recipiente para resfriá-lo e condensar o vapor. Uma vez condensado o vapor, abria-se uma válvula de modo que vácuo no recipiente aspirasse a água através de um cano.

Em 1712, Thomas Newcomen (1663-1729), ferreiro inglês, inventou outra máquina à vapor para esvaziamento da água de infiltração das minas. A máquina de Newcomen possuía uma viga horizontal à semelhança de uma gangorra, da qual pendiam dois êmbolos, um em cada extremidade, Um êmbolo permanecia no interior de um cilindro, 

Quando o vapor penetrava no cilindro, forçava o êmbolo para cima, e acarretava a decida de outra extremidade. Borrifa-se água fria no cilindro, o vapor se condensava e o vácuo sugava o êmbolo de novo para baixo. Isto elevava o outro extremo da viga, que se ligava ao êmbolo de uma bomba na mina.

O Telégrafo, Telefone e a Iluminação Eléctrica em Portugal

O Telégrafo eléctrico 

A inauguração da rede oficial de telégrafo eléctrico em Portugal foi a 1856. Fazia a ligação do Terreiro do Paço às Cortes.

Telegrafo de Hughes
Em 1857 o telégrafo estava ligado com a Espanha. Em 1870 é inaugurado o cabo submarino com a Inglaterra e Gibraltar. Em 1871 entra em funcionamento o cabo telegráfico submarino com a Madeira, Cabo Verde e Pernambuco. Em 1893 é efectuada a ligação desde Carcavelos até Ponta Delgada, Horta e a todo o arquipélago dos Açores. 

Extensão da Rede telegráfica em Portugal: 

Em 1860 - Cerca de 2.000 Kms 

Em 1900 - Cerca de 8.000 Kms 

Em 1911-26 - Cerca de 9.000 Kms

A telegrafia eléctrica tinha sido precedida pela telegrafia de semáforos e telegrafia óptica. Em 1803 já havia telegrafia óptica no Pragal, Guia, Cabo da Roca, castelo de São Jorge e Nossa Senhora do Douro.

O Telefone

Apenas três anos depois de Graham Bell ter registado a patente do telefone, começaram as experiências com estes aparelhos em Portugal. Corria o ano de 1879. Surgiram os primeiros pedidos de instalação de uma rede telefónoca ao Estado português.

No dia 13 de Janeiro de 1882 foi assinado o contrato de concessão das três redes de telefone ( Lisboa, Porto e Braga ) à companhia Edison Gower Bell Telephone of Europe. Era no escritório da companhia na rua do Alecrim que estavam os telefonistas ( homens e mulheres ) que faziam as ligações entre os 22 números a 1,5Km da central telefónica. 

Foram inauguradas cabinas públicas a 10 de Junho de 1882, na estação de Alfândega Grande e na Casa Havaneza no Chiado. Só funcionavam das oito da manhã às nove da noite. Poucas semanas depois o horário foi alterado e permitia-se chamadas nocturnas para a Polícia, Bombeiros ou médicos.

O número de telefones passou rapidamente de 22 para 68, para 104 e em 1889 já havia 1855 telefones na rede de Lisboa e do Porto. A empresa passou a chamar-se The Anglo Portuguese Telephone Company Ltd, uma empresa com técnica britânica mas controlada financeiramente pelo Estado português. 

Foi em 19 de Maio de 1882 que foi publicada a primeira lista telefónica em Portugal, com 22 nomes. Um deles era do Dr. Sousa Martins o médico que muitos consideram santo. 

(Condensado do Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão)

O Teatrofone do Jacinto 

Eça de Queiroz descreve nas Cidades e as Serras, o teatrofone do Jacinto que lhe permitia ouvir teatro ou música através do telefone. Sua Majestade o Rei D. Luís I imitou o Jacinto em 1884, quando estava de luto no Palácio de Ajuda, e impossibilitado de assistir à ópera Laureana, no teatro de S. Carlos. 

Instalou uma ligação telefónica entre a Ajuda e o Teatro de São Carlos e assistiu ao espectáculo sem sair do Palácio. No ano seguinte o Teatro de São Carlos criou assinaturas telefónicas para que pudessem ouvir-se os espectáculos da nova temporada lírica, sem sair de casa. A qualidade sonora devia ser um desastre, mas enfim !

Durante o período do Estado Novo as redes telefónicas e telegráficas conheceram notável expansão.

A iluminação Eléctrica em Portugal: 

Já em 1904 se pode documentar em Lisboa a existência de consumidores particulares, que no entanto são excepções. Só a partir da segunda guerra ( 1914 - 1918 ) a luz eléctrica destrona o gás e começa a penetrar nos lares lisboetas. A inauguração da luz eléctrica em Aveiro é só em 1920. 

Em 1866 o Teatro São Carlos já dispõe de central eléctrica privativa para a sua iluminação eléctrica. Em 1889 a Companhia do Gás fornece energia eléctrica para a iluminação da Avenida da Liberdade. A partir de 1902 as Companhias Reunidas de Gás e Electricidade - CRGE começam a alargar a rede de iluminação eléctrica a toda a cidade de Lisboa. 

Em 1955 ainda algumas zonas de Lisboa, como o Bairro de Santa Catarina e outros, tinham iluminação pública a gás, e a zona central da baixa de Lisboa era alimentada com corrente contínua, obrigando a utilização de equipamentos especiais ( comutatrizes - motores de C.C. acoplados directamente a geradores de A.C. ) para transformar a corrente contínua em alterna, necessária para alimentar a maioria dos equipamentos que já se utilizavam nos comércios e casas particulares.

Sala de máquinas da Central da Senhora do Desterro (1907)

Em 1908 foi concedida a primeira concessão da bacia hidrográfica do rio Alva na Serra da Estrela, à Empresa Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela. Sendo a Central da Senhora do Desterro, no concelho de Seia, uma das primeiras centrais hidroeléctricas portuguesas e das primeiras zonas do país a serem electrificadas. 
Barragem do Castelo do Bode (1951)

No período do "Estado Novo" melhorou-se a irrigação e a electrificação do País. Construíram-se numerosas barragens, algumas monumentais e tradutoras de uma capacidade técnica excelente. Em 1974, Portugal produzia hidro-electricamente 47% de toda a sua produção energética. Apesar disso, a electrificação total do País achava-se ainda longe de realizada na década de Sessenta. 

O Caminho de Ferro em Portugal

Em 1844 José Bernardo da Costa Cabral fundou com o capital de 20.000 contos a Companhia de Obras Pública de Portugal à qual é concedida a construção de uma linha férrea para ligar Lisboa à fronteira de Espanha. Essa companhia nunca entrou em funcionamento. Cabe a Fontes Pereira de Melo fazer o lançamento da rede ferroviária nacional. 

Os trabalhos principiaram em 1853. Em 28 de Outubro de 1861 é inaugurado o troço ferroviário de Lisboa até ao Carregado. Em 1861 é efectuada a ligação do Barreiro a Vendas Novas. Em 1864 a linha do Norte chega a Gaia.e a do sul chega até Beja. 


 No período de 1875-77 foi construida pelo engenheiro francês Eiffel a ponte de ferro sobre o Douro. Em 1882 entra em funcionamento a linha da Beira Alta. e do Minho, também com a construcção da ponte internacional sobre o rio Mingho.. Em 1889 a linha ferroviária chega a Faro. Em 1863 fica concluida a ligação com a Espanha. A linha do Norte em 1864

Extensão da Rede Ferroviária nacional:

Em 1877 - 952 Kms Em 1894 - 2.353 Kms Em 1902 - 2.381 Kms 

Em 1907 - 2.753 Kms Em 1912 - 2.974 Kms 

Com o "Estado Novo" a rede de caminhos-de-ferro sofreu escassas modificações, e a sua extensão quilométrica poucos aumentos experimentou, à medida que as estradas e o número de automóveis e camionetas se multiplicavam. O que melhorou um pouco foi o material circulante e o serviço em geral.

Em 1926 electrificaram-se os primeiros comboios, mas houve que esperar pelos anos de Cinquenta e Sessenta para se continuar o processo, auxiliado pela introdução de locomotivas Diesel. Em 1968, havia electrificados mais de 400 Km de vias férreas. 

Outra novidade importante foi a inauguração dos primeiros quilómetros de comboios metropolitano, em Lisboa, em 1959 ( 100 anos depois do de Londres ).


O 1º Automóvel em Portugal ( 1895 )


O Panhard & Levassor, o primeiro automóvel em Portugal, 1895

O primeiro carro que entrou e circulou em Portugal foi um Panhard & Lavassor comprado pelo conde de Avilez que depois de uma viagem a Paris, ficou entusiasmado com este novo meio de transporte e encomendou um exemplar á Casa Panhard & Levassor de Paris.

Está actualmente em exposição no Museu da Alfândega na cidade do Porto e é propriedade do Automóvel Clube de Portugal. Como se disse trata-se do primeiro automóvel a entrar em Portugal.


Várias peripécias marcaram a sua entrada em Portugal. Na Alfândega não sabiam qual a designação a atribuir ao objecto, Se uma alfaia agrícola ou uma "locomobile" (máquina movida a vapor). Acabou por se optar pela última designação.

Este foi o veículo protagonista do primeiro acidente de viação em Portugal, quando na sua primeira viagem de Lisboa para Santiago do Cacém, atropelou um burro.

As estradas em Portugal Antes de 1926, a rede de estradas portuguesas não chegava aos 15.000 Kms, todas de má qualidade e traçado mais próprio para carroças do que para veículos modernos. Na prática estavam baseadas nas antigas vias romanas da Lusitânia. 

Nos tempos do marquês de Pombal dizia-se que era mais rápido ir do Porto a Londres por mar, do que viajar por estrada também do Porto a Lisboa. Com a chegada do "Estado Novo" ao poder, a construção e reparação de estradas constituíram, durante muitos anos, o orgulhoso símbolo da nova administração. A rede de estradas chega aos 34.000 kms em 1974. 

A primeira, e durante muito tempo única, auto-estrada, foi aberta ao tráfico na década de 1940, seguindo o modelo das auto-estradas alemãs. A estrada marginal entre Lisboa e Cascais, construída também em 1940, continua ainda hoje a ser a principal via de acesso entre essas duas localidades. Mais importante foi a reparação de estradas, sobretudo nos anos de 1926-30 e de 1931-40, mediante verbas consideráveis, todos os anos atribuídas para esse fim. 


A construção de estradas foi acompanhada pela construção de pontes, edificando-se, entre muitas outras, algumas verdadeiramente espectaculares, como por exemplo a ponte da Arrábida sobre o rio Douro no Porto, inaugurada em 1963, e a ponte sobre o Tejo em Lisboa - a maior ponte suspensa da Europa - aberta ao tráfico em 1966.

Primeira vez que voou um avião em Portugal ( 1910 )

Pioneiros da Aviação Portuguesa

No ano de 1909 foi fundada em Portugal a primeira instituição dedicada à Aviação, o Aeroclube de Portugal, que teve um papel decisivo na divulgação da aeronáutica. Seria o Aeroclube de Portugal a trazer ao nosso país o piloto francês Mamet que fez as primeiras demonstrações com um avião em território português. 

Foi ainda do Aeroclub de Portugal que saíu (em 1914) a comissão que formou a Aviação Militar. Óscar Blank torna-se 1º Português a voar em Paris. Ainda nesse ano, decisivo para a Aviação Portuguesa, mais precisamente em Outubro, surgiu em Lisboa o francês Armand Zipfel , com intenção de ensaiar voos no nosso país. 


No dia 27 de Outubro de 1909, Zipfel compareceu no hipódromo de Belém, a nossa primeira pista oficial de aviação, e com um Voisin Antoinette tentou descolar, mas teve de se contentar com um salto de 200 m, a 8 m de altura.

A 14 de Novembro de 1909, perto de Lisboa, Artur de Morais, Raul Caldeira, Alberto Cortez, Gabriel Cisneiros e Ezequiel Garcia, fizeram os primeiros voos em planador no país. 

Seria o dia 27 de Abril de 1910 aquele em que pela primeira vez se voou num avião em Portugal, por intermédio de Julien Mamet, pilotando um Biénios XI. Descolou do hipódromo de Belém, descreveu um largo círculo a 50 m de altura, sobrevoou a Casa Pia, bordejou o Tejo e regressou novamente ao Hipódromo. Estava consumada a façanha.

Os portugueses sentiram-se estimulados pelo feito, e em 1912, depois da aprendizagem em França, Alberto Sanches de Castro, membro do Aeroclube, era o primeiro português a voar em território nacional, a 27 de Setembro de 1912, no Mouchão da Póvoa de Santa Iria, perto de Lisboa, a bordo de um Voisin Antoinette de 40cv.


Uma palavra ainda para D. Luís de Noronha, sócio do Aeroclube e um dos grandes incentivadores da aviação nacional civil e militar, ideando a constituição de escolas de aeronáutica e que foi o primeiro Português formalmente brevetado.

A Aviação Militar foi oficialmente constituída em Portugal no ano de 1914, nos ramos Exército e Marinha com a criação da Escola de Aviação Militar e Aviação Naval, culminando um processo que se vinha desenvolvendo desde 1912, com António José de Almeida.