quinta-feira, 30 de maio de 2013

Batalhas da Restauração



Batalhas da Restauração

Golpe palaciano que pôs fim a 60 anos de governo filipino em Portugal e colocou no trono o duque de Bragança, D. João IV. A 1 de Dezembro de 1640, um grupo de conjurados, membros da nobreza portuguesa, atacou o paço da Ribeira, prendendo a vice-rainha, a duquesa de Mântua, e matando o secretário de estado, Miguel de Vasconcelos. Poucos meses depois (Janeiro de 1641), era jurado o novo rei, repondo-se a legitimidade dinástica anterior a 1580.

Duq. de Mântua
A conjura dava tradução política ao divórcio que se vinha gerando entre os interesses portugueses e os espanhóis, cuja aproximação, por sua vez, estivera na origem da união dinástica de 1580. Sobretudo a partir de 1620, operara-se uma viragem na conjuntura económica e social.

 À crise comercial e militar no império português do oriente, com sucessivas perdas para os ingleses e holandeses, e à recessão e instabilidade no comércio do Atlântico (África e Brasil), veio juntar-se a agitação social no reino, sobretudo em Évora e no Algarve (1637-38). Como em outras regiões da Península Ibérica, estas rebeliões eram motivadas pela pobreza e pela fome nos campos, agravadas por constantes aumentos de impostos sobre os bens de primeira necessidade

A multiplicação dos sinais de revolta anti-castelhana nas classes populares foi acompanhada de uma insatisfação crescente ao nível das elites. A crise no império afectava os seus rendimentos e esfumara-se o desejo, alimentado durante décadas, de transferir para Lisboa a capital da corte ibérica. A partir de 1621, o governo do conde-duque de Olivares, o ministro todo-poderoso de Filipe III, introduziu reformas de pendor centralista por toda a península, crescendo a vontade separatista em alguns círculos da aristocracia portuguesa, que acabaram por se unir em torno do duque de Bragança.

A Restauração foi acompanhada de uma abundante literatura de justificação, com um pendor nacionalista e legitimador da nova dinastia. Os soberanos espanhóis foram considerados usurpadores e desrespeitadores dos privilégios e costumes que tradicionalmente teriam vigorado na monarquia portuguesa. Foi essa especificidade que o novo rei jurou respeitar nas cortes. Não por acaso, porém, algumas das medidas filipinas mais criticadas, como a criação de novos impostos, foram confirmadas por D. João IV, a braços com novas necessidades financeiras e militares do estado.

Guerras da Restauração Conflito militar travado entre os dois reinos ibéricos desde a restauração da independência nacional, em 1 de Dezembro de 1640, e a assinatura do tratado de paz, no ano de 1668.

D. João IV
Neste contexto, assistiu-se à criação de um Conselho de Guerra permanente e da Junta Privativa da Defesa das Fronteiras. Todavia, a primeira fase do conflito, que coincidiu, grosso modo, com o reinado de D. João IV (1640-1656), não foi caracterizada por intensos combates. Contribuíram para tal as circunstâncias de a Espanha estar envolvida na Guerra dos Trinta Anos e de Portugal estar carenciado de meios técnicos e humanos. Ainda assim, as hostes portuguesas registaram alguns sucessos moralizadores, por exemplo, na batalha do Montijo(1644).

A intensidade da luta armada aumentou, consideravelmente, na década de 1660, mercê do fim da Guerra dos Trinta Anos (1659). Sucedia que, nessa época, o exército português estava melhor preparado e equipado, em resultado de apoios franceses e alemães e da contratação de experientes mercenários estrangeiros.

Nestas condições, Portugal conseguiu virar o curso da guerra a seu favor, situação que se consolidaria após a batalha de Montes Claros (1665). Nesse mesmo ano morreu Filipe IV, o último rei da dinastia que governou Portugal de 1580 a 1640, pelo que ficou eliminado mais um obstáculo ao entendimento definitivo. Firmada a paz em 1668, a Espanha reconheceu a independência de Portugal, cujas fronteiras se mantiveram intactas, apenas se verificando, no plano ultramarino, a perda da praça marroquina de Ceuta.

Batalha do Montijo 

Primeiro confronto militar da Guerra da Restauração da independência, que teve lugar a 26 de Maio de 1644, numa veiga do Guadiana, a nordeste de Badajoz. O exército português, composto por cerca de 7000 homens, comandados por Matias de Albuquerque, tinha tomado de assalto a vila fronteiriça de Montijo. De regresso a Portugal, na margem esquerda do rio Guadiana, esperava-o um contingente militar espanhol de 8500 homens, comandados pelo barão de Mollingen. Depois de uma primeira fase desfavorável às forças portuguesas e perante o descuido dos espanhóis, distraídos na pilhagem, Matias de Albuquerque ordenou um contra-ataque que acabou por dar a vitória aos portugueses.

Cercos de Elvas 

Os mais importantes cercos feitos à cidade de Elvas datam das guerras da restauração. Assim, em finais de 1644, o exército espanhol, comandado pelo marquês de Torrecusa, atravessou o rio Guadiana. Reconhecida a importância de Elvas, tentou tomar a cidade, acabando por retirar nesse mesmo ano, face à resistência portuguesa. 

Em 1658, um novo exército espanhol, desta feita sob o comando de D. Luís de Haro e equipado para manter um cerco prolongado, atacou a cidade. EmJaneiro de 1659, um exército de socorro veio ao encontro dos sitiados, terminando o cerco com a batalha das linhas de Elvas, de que os portugueses saíram vitoriosos.

Batalha de Castelo Rodrigo 

Confronto militar integrado na Guerra da Restauração, durante a regência de D. Afonso VI, que teve lugar em1664 na vila fronteiriça de Castelo Rodrigo, entre os vales do Côa e Ribeira de Aguiar, no distrito da Guarda, contra a ofensiva espanhola. 

Monumento à Batalha de Fig. Castelo Rodrigo

 O exército português era comandado por Pedro Jacques de Magalhães e composto por 2500 homens contra os 5000 espanhóis comandados pelo duque de Ossuna. Os portugueses venceram a batalha obrigando os castelhanos a bater em retirada.

Batalha de Montes Claros 

Confronto militar travado em 17 de Junho de 1665, numa planície entre as serras da Vigária e de Ossa, na freguesia de Rio de Moinhos (Borba), opondo tropas portuguesas e espanholas.

Este recontro surge integrado na Guerra da Restauração da independência nacional relativamente ao domínio dos Filipes de Espanha. As tropas portuguesas eram constituídas por 15 000 infantes e 5000 cavaleiros, sob o comando do conde de Schomberg (militar profissional de origem alemã que introduziu em Portugal importantes alterações de táctica militar), contra um contingente militar inimigo composto por 25 000 homens comandados pelos marquês de Caracena. 

Os espanhóis foram derrotados, sofrendo pesadas baixas, pelo que esta foi a última batalha da Guerra da Restauração, sendo a paz restabelecida em 1668.

Batalha do Ameixial 

Schomberg
Batalha travada a 8 de Junho de 1663, no contexto da Guerra da Restauração, entre portugueses comandados por D. Sancho Manuel (conde de Vila Flor) e pelo conde de Schomberg, e espanhóis sob o comando de D. João de Áustria, filho ilegítimo de Filipe IV. 

 As tropas espanholas saíram de Badajoz, invadiram Portugal, tomando Évora e Alcácer do Sal, e aproximando-se de Lisboa. 

Os portugueses derrubaram as forças espanholas nos campos de Ameixial, a 5 km de Estremoz, razão pela qual os espanhóis chamam a este confronto batalha de Estremoz.