sábado, 9 de novembro de 2013

BÁRBAROS E MUÇULMANOS 411-1095DC


Primeiras invasões

NOTA - Neste períodos da História de Portugal, além dos acontecimentos mais importantes relacionados com a História de Portugal, também se descrevem os factos mais importantes da História Universal, que de uma forma directa ou indirecta, também influenciaram a História de Portugal.

Ano de 255 D.C., notícia da primeira invasão germânica .Atacam cidades do Norte de Hispânia, Tarragona, Clunia, e no Mediterrâneo em geral. As cidades reduzem-se e fortificam-se. Não se perde o tempo com monumentos. Pode considerar-se o começo do fim da Hispania romana. 

Anos 407-409 D.C. chegam em massa os invasores germânicos. Os vândalos vão para o Sul, os Suevos para Noroeste e os Alanos para nordeste. Os invasores germânicos são considerados às vezes como libertadores do jugo romano, outras vezes como invasores. Os efeitos imediatos das invasões são a insegurança e a anarquia. Sucedem-se os saques e as emigrações em massa . Perde-se a estabilidade imperial. Bandas incontroladas de gente que perdeu as suas terras dedicam-se ao roubo. Roma pactua com os visigodos para restabelecer a ordem na Hispania

A Idade Média - (476 - 1492)

A data consensual para o início da Idade Média é 476, definida pela primeira vez por Bruni, e que representa o ano em que é deposto o último imperador romano do Ocidente. No contexto europeu, considera-se normalmente o fim da Idade Média no ano 1500,nt 1 embora não haja um consenso universal alargado sobre a data. Dependendo do contexto, podem ser considerados como eventos de transição a primeira viagem de Cristóvão Colombo às Américas em 1492, a conquista de Constantinopla pelos Turcos em 1453.

Vándalos (Silingos e asdingos)

Eram um povo guerreiro de origem germânica, que mantiveram um reino no norte de África desde 429 até 534 DC., e que saquearam Roma em 455 DC. O seu nome (vandalismo), é sinónimo de maldade e destruição. 

Fugindo dos Hunos no começo do século V, invadiram e destruíram parte da Gália e estabeleceram-se na Hispania em 409. Fixaram-se a Este da Gallaecia e no ocidente da Bética. Em 429 D.C. passaram para África e chegaram a dominar todo o norte do continente. A sua religião era o Arianismo.

Compreendiam o ramo do Asdingos que foi para a Gallaecia, e o dos Silingos que se localizaram na Bética (Andaluzia), tendo sido destroçados em 418 D.C. pelo rei visigodo Valia e acolhendo-se os raros sobreviventes à protecção de Gunderico, rei vândalo da Gallaecia. Com o seu último rei, Gaiserico, passaram em 429 D.C. para a África.. Tornaram-se federados de Roma em 435, mas quatro anos mais tarde saíram da tutela romana, tomaram Cartago e formaram uma autocracia independente.

Chegaram a ter um grande poder naval. Estabeleceram-se firmemente no noroeste da Tunísia e nordeste da Algéria e evntualmente anexaram a Sardenha, Córsega e a Sícilia. As suas frotas piratas controlaram muito do Mediterrâneo ocidental. Sob o mando de Gaiserico, os Vândalos invadiram a Itália e capturaram Roma em Junho de 455 DC. Ocuparam a cidade durante 14 dias saqueando e pilhando todas as obras de arte valiosas. 

Eram ardentes cristãos arianos, e as suas perseguições à igreja Católica Romana foram ferozes, particularmente durante os últimos anos do reinado de Huneric ( reinou de 477-484), que tinha sucedido a Gaiserico. Em 533 os Bizantinos debaixo do comando de Belisário invadiram o Norte de África derrotaram e destruíram o reino Vândalo para sempre, restaurando as igrejas da Igreja católica Romana

Alanos

Povo de origem iraniana, guerreiro e nómada que chegaram do Irão à costa Este do Mar Negro. Os alanos apareceram mencionados na literatura romana no 1º século DC, e eram descritos como um povo guerreiro especializado na criação de cavalos. 

Em 370 DC, empurrados pelos Hunos, tiveram que emigrar para Oeste, atravessando as Gálias com os Vândalos e os Suevos ( 406 DC) até chegar à Hispania e assentaram-se no centro da península. Misturaram-se com os Vândalos e passaram da península Ibérica para África. Os reis vândalos tinham o título oficial de "Reis dos Vândalos e dos Alanos".

Alanos na Gália e na Hispânia

Aproximadamente em 370, os alanos foram sobrepujados pelos hunos. Eles foram divididos em dois grupos. Um dos grupos fugiu para oeste. Esses alanos 'ocidentais' se uniram às nações germânicas na sua invasão da Gália romana. Gregório de Tours menciona que seu rei Respendial salvou o dia para os vândalos num encontro armado com os francos ao cruzar o rio Reno (cerca de 407).

Acompanhando o destino dos vândalos na península Ibérica, (Hispânia) em 409, a identidade étnica separada dos alanos ocidentais se desfez. Embora alguns dos alanos se estabelecessem na Ibéria, a maioria seguiu com os vândalos para o norte da África em 429. 

Em 426, o rei alano ocidental Ataces, foi morto na batalha contra os visigodos, e esse ramo dos alanos subsequentemente apelou ao rei vândalo Gunderico para aceitar a coroa alana. Depois os reis vândalos do norte da África se auto-intitularam Rex Wandalorum et Alanorum ("Rei dos Vândalos e Alanos").


Migrações dos Alanos entre os séculos IV-V
Na Hispânia, os alanos eram famosos por seus cães de caça e ataque, que eles aparentemente introduziram naEuropa. Uma raça de cão muito grande chamada alano sobrevive no País Basco. Os cachorros, que são tradicionalmente usados na caça de porcos selvagens e pastoreio de rebanhos, são associados com os fortes cachorros que os alanos e os vândalos trouxeram para a Ibéria.

Suevos (Quados e Marcomanos)

Em 447 DC, sob o mando do seu rei Rechila, os Suevos espalharam-se pelas províncias Romanas da Lusitania e Baetica.


Apesar dos Suevos terem entrado em Hispania como pagãos, o seu rei Rechiar subiu ao trono como cristão em 448. Foi mais tarde derrotado pelos visigodos comandados por Teodorico II em 456. 

Um pequeno número de Suevos sobreviveram debaixo do comando de Maldras ( reinou de 456-460) e alguns reis rivais até 585, quando o seu reino foi anexado pelo estado Visigodo.

O Reino Suevo

O Reino Suevo configura-se como a mais antiga estrutura política das actuais regiões da Galiza e (norte e centro de) Portugal depois da queda do domínio romano. Foi o primeiro reino que se separou do Império Romano e cunhou moeda. 

Os Suevos, Suábios ou Alamanos, eram um povo germânico que teria entrado no noroeste da Península Ibérica em 409 numa vaga migratória ou guerreira mas com pouca população. 

Rapidamente tomaram o controlo do território, mas devido ao seu número reduzido não modificaram grandemente a estrutura nem a cultura em que se assentaram. 

As Crónicas de Idácio são uma das fontes que mais dados nos dão sobre a estada deste povo no noroeste peninsular e possui grande valor por tratar-se duma fonte contemporânea aos acontecimentos relatados.

Os Suevos, procedentes da Suábia, no centro da Europa, concentraram-se à sua chegada à Península Ibérica nas dioceses de Braga, Porto e Tui, a região mais desenvolvida e povoada da Gallaecia romana, na zona de influência da capital Braga

Nomearam como Rei Hermerico (409-438), que assinou um foedus com Roma em 410 ou 411 pelo qual os suevos estabeleceram o seu reino na província romana de Gallaecia e aceitaram o Imperador de Roma como o seu superior. 
São Martinho de Dume

Depois da morte de Hermerico reinou Réquila (438-448) que empreendeu uma política expansiva que fez com que os Suevos se consolidassem no norte da Lusitânia.

Sucedeu-lhe Requiário (448-456), que adoptou o Catolicismo em 449.

Em 456 teve lugar a batalha de Órbigo, que opôs Visigodos e Suevos, com a derrota destes últimos, o que teve como consequência o assassinato de Requiário e o saque de Braga pelos Visigodos.

Na gravura, São Martinho de Dume, numa miniatura do Códice Albeldensis, c. 976. À esquerda, junto da cabeça pode ler-se Martinus episcopus bracarensis.

Os suevos fundaram o reino suevo com capital em Braga, chegando a dominar atéAeminium (Coimbra). Com as invasões desapareceram as instituições romanas, mas manteve-se de pé a organização eclesiástica, que os suevos adoptaram ainda no século V, seguidos pelos visigodos, e que foi um importante instrumento de estabilidade.

Apesar de inicialmente adeptos do arianismo e do priscilianismo, adoptaram o catolicismo das populações locais hispano-romanas no ano 449, evangelizados por influência de S. Martinho de Braga. A governação sueva baseou-se nas paróquias, descritas no Parochiale suevorum de .569. e o reino suevo tornou-se o primeiro reino cristão da Europa, sendo também o primeiro a cunhar moeda própria.

Começo da Idade Média em Portugal (478)

A Idade Média (adj. medieval) é um período da história da Europa entre os séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império Romano do Ocidente e termina durante a transição para a Idade Moderna. A Idade Média é o período intermédio da divisão clássica da História ocidental em três períodos: a Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna, sendo frequentemente dividido em Alta e Baixa Idade Média.

Durante a Alta Idade Média verifica-se a continuidade dos processos de despovoamento, regressão urbana, e invasões bárbaras iniciadas durante a Antiguidade tardia. Os ocupantes bárbaros formam novos reinos, apoiando-se na estrutura do Império Romano do Ocidente. No século VII, o Norte de África e o Médio Oriente, que tinham sido parte do Império Romano do Oriente tornam-se territórios islâmicos depois da sua conquista pelos sucessores de Maomé.

O Povo Godo 

Godos
Os godos eram um povo germânico originário, segundo Jordanes, das regiões meridionais da Escandinávia. Nenhuma outra fonte primária menciona esta longa migração, que poderia ter-se iniciado no Báltico ou no mar Negro e é possível que os godos tenham se desenvolvido como um povo distinto dos demais bárbaros nas fronteiras do Império Romano  . 

Os godos, segundo Jordanes, distinguiam-se por usarem escudos redondos e espadas curtas e obedecerem fielmente a seus reis.

A única fonte da história inicial dos godos é a Getica de Jordanes (publicada em 551), um resumo de Libri XII De Rebus Gestis Gothorum, história escrita por Cassiodoro, em doze volumes, por volta de 530. A obra de Cassiodoro perdeu-se e Jordanes nem mesmo devia tê-la em mãos para consulta, portanto esta fonte primária deveria ser considerada com cuidado. 

Cassiodoro estava no lugar certo para escrever sobre os godos, por ser ele um dos principais ministros de Teodorico o Grande, que certamente havia ouvido algumas das canções góticas que falavam de suas origens tradicionais.

Outras fontes principais para a sequência da história gótica incluem a "Historiae" de Amiano Marcelino, que menciona o envolvimento gótico na guerra civil entre os imperadores Procópio e Valente em 365 e relata a crise dos refugiados e a guerra gótica de 377-382 e o "de Bello Gothico" de Procópio de Cesareia, que descreve as Guerras Góticas de 535-553.

Beowulf, o herói do poema épico homónimo, era um godo.

Visigodos

Um dos dois grupos em que se dividiu o povo Godo, um dos mais importantes povos germânicos. Os Visigodos separam-se dos Ostrogodos no século IV DC, e invadiram os territórios Romanos, estabelecendo grandes reinos na Gália e na Hispania. 


Os Visigodos eram agricultores na Dácia ( actual Roménia ) quando foram atacados pelos Hunos em 376 e dirigiram-se através do rio Danúbio invadindo o Império Romano.

O Império permitiu-lhes a sus entrada mas os exageros tributários das autoridades Romanas levou-os à revolta e ajudados pelos Ostrogodos derrotaram o exército Romano em 378 matando o próprio imperador Valente, em Andrinopla.

Andaram 4 anos procurando sítio para estabelecer-se, mas em 382 Teodósio I deixou-os instalar em Mesia ( nos Balcãs) dando-lhes terras, aceitando-os como federados de Roma, com a obrigação de defender as fronteiras. 

Foi nesse período que se converteram ao Cristianismo Ariano. 

O seu bispo Wulfila traduziu a Bíblia em gótico. Permaneceram em Mesia até 395, mas sob a liderança de Alarico, abandonaram essas terras e dirigiram-se para a Grécia, onde saquearam Atenas, Corinto e Esparta e seguiram para a Itália, onde saquearam Roma em 410. Morre Alarico, e o seu sucessor Ataulfo leva os visigodos para o sudeste da Gália, e invadem a Hispania em 415.

Desde 418 a 475, os Visigodos foram federados de Roma, chamados por Constantino II, que necessitou da sua ajuda militar. Estabeleceram-se na província da Aquitania. O rei visigodo Teodorico I morreu lutando contra Átila na batalha de Catalaunian, e pode considerar-se como o primeiro monarca Visigodo. 


O seu filho Eurico, declarou-se independente de Roma, e fundou o reino Gálico com capital em Toulouse, que se extendia de do Loire aos Pirinéus e incluia uma grande porção da Hispania.

Seu filho Alarico II, foi derrotado e morto por Clovis e os seus Francos na batalha de Vouillé perto de Poitiers ( 507). 

Como resultado desta derrota perderam todas as suas possessões na Gália, excepto a Septimania, tira de terra ao longo da costa dos Pirinéus, com Narbona por capital, que os francos nunca foram capazes de conquistar. 

Acabaram por ser derrotados e destruídos pelos Muçulmanos em 711. Os visigodos governaram Septimania e grande parte da Hispania, tendo Toledo como capital.

A Egitânia

Egitânia era o nome dado pelos suevos e visigodos a uma cidade fundada pelos romanos no actual Portugal, que corresponde à actual Idanha-a-Velha, Civitas Igaeditanorum. Sob o domínio dos Flávios recebeu o título de município. O seu nome, Egitânia, passou por várias alterações até se fixar em Idanha.

A Idanha-a-Velha é hoje uma freguesia do concelho de Idanha-a-Nova, no Distrito de Castelo Branco.

O que resta da cidade ocupa uma grande área, e escavações metódicas foram iniciadas em 1955, pelos arqueólogos portugueses Fernando de Almeida e Veiga Ferreira que escavaram, fora das muralhas, parte de um edifício que dizem poder ser um balneário romano. 


Basílica da Egitânia
Do período romano foram também achados a ponte romana sobre o rio Ponsul, com cinco arcos, cujos pilares, alguns, afundaram-se e a abóboda do arco rachou; troços de calçadas romanas e as portas romanas. Os achados arqueológicos encontrados durante os trabalhos estão guardados nos museus Museu Lapidar Igeditano António Marrocos e o Museu de São Dâmaso.

Os arqueólogos já referidos encontraram extramuros uma basílica visigótica, um ba(p)tistério paleocristão; a torre de menagem foi edificada em tempos medievais sob os restos de um templo romano.

Do período visigótico é notável a quantidade de moedas de ouro (trientes) cunhadas na Egitânia. Do período paleolítico foi localizado um terraço na margem esquerda do Ponsul, rio que contorna a cidade. No cimo de alguns montes próximos foram descobertos castros (cabeço dos Mouros, Serra de Monsanto).

Na proto-história a população da região era celta, indicado pelas inscrições com nomes característicos. Uma inscrição datada do ano 4 a.C. pertencia a um monumento mandado levantar pela Civitas Igaeditanorum a César, neto de Augusto, príncipe da juventude. Outras, referem-se a militares; a grande maioria delas são funerárias.

As muralhas, do período romano, de perímetro de cerca de 750m, ainda convervam parte de seis torres semicilíndricas, uma rectangular e duas portas. A Egitania consta como diocese nas actas do Concílio de Lugo (569). Esta diocese foi trasladada para a cidade da Guarda em 1199, a pedido do rei D. Sancho I, e à margem dos esforços dos reis para a repovoarem, não lhes foi possível suster a decadência.

Do período suevo-visigótico restam, além de muitas peças de escultura decorativa, os alicerces e arcadas da catedral.

Chegada do Cristianismo à Lusitânia

O Cristianismo chegou à Lusitânia no século III e à Galiza somente no século IV onde os ensinamentos heréticos e ascéticos de Gaul Priscillian, bispo de origem belga, foram mais influentes e retardaram a sua penetração.

Com o colapso da fronteira do Reno, ( 406 DC ), os povos bárbaros forçaram a sua entrada na Gália e atravessaram os Pirinéus. Uma tribo germânica, os Suevos, instalou-se na parte sul da Galiza ( 411 DC ) e os seus governantes residiram em, ou perto de, Bracara Augusta (Braga) e Portucale. Anexaram a Lusitânia, e por um tempo dominaram o resto da Península, mas os Visigodos dominaram e extinguiram a sua monarquia (469 DC)

Pouco se sabe até cerca do ano 550, quando a monarquia Sueva foi restaurada e convertida ao Cristianismo por São Martinho de Dume ( S. Martin, natural da Pannonia, actual Hungria ).

Braga é portanto famosa por ser o lugar onde os Visigodos renunciaram ao Arianismo e às heresias Pricilianistas contra a divindade de Cristo.


Em 585 o rei Visigodo Leovigildo derrotou outra vez a monarquia Sueva, toma Braga e anexou o território, mas permaneceu distinto da Espanha Gótica. A igreja de São Martinho agrupou à sua volta os bispos do território Suevo, até cerca do ano 660, a partir do qual, as divisões eclesiásticas foram ajustadas ao antigo sistema provincial romano e a região do sul do Douro foi restaurada como Lusitânia.

A Economia no Domínio Visigótico

O ouro triente cunhadas no Braga durante o reinado de Wittiza e a ter sua efígie em bruto.

Com o declínio do Império Romano por volta de 410 a 418, suevos e visigodos assumiram o vácuo de poder deixado pelos administradores romanos e estabeleceu-se como a nobreza, com algum grau de centralização do poder em suas capitais, em Braga e Toledo.

Embora tenha sofrido alguma queda, o direito romano permaneceu no Código Visigótico e infra-estrutura, como estradas, pontes, aquedutos e sistemas de irrigação, foi mantida em graus variados.

Embora o comércio diminuísse na maior parte das antigas terras romanas da Europa, sobreviveu a certo grau de Hispânia visigótica.

Arte visigótica - Arquitectura

Arte visigótica é aquela que designa as expressões artísticas criadas pelos visigodos, que entraram na península Ibérica em 415 e se tornaram o povo dominante da região até à invasão dos mouros em 711. Este período da arte ibérica se notabiliza pela arquitetura, artesanato (especialmente ourivesaria) e a escrita visigótica.

Os únicos exemplares sobreviventes da arquitectura visigótica do século VI são a igreja de São Cugat do Vallés em Barcelona, a ermida e Igreja de Santa Maria de Lara, a Capela de São Frutuoso em Braga, a Igreja de São Gião na Nazaré e alguns vestígios da Igreja de Cabeza de Griego, em Cuenca. 

Contudo o seu estilo propagou-se nos séculos seguintes, embora os exemplos mais notáveis sejam rurais e estejam na maioria em ruínas. Algumas das características da arquitectura visigótica são:

Planta de basílica, e por vezes cruciforme, podendo ser uma combinação de ambas, com espaços bem compartimentados.


Capela de São Frutuoso em Braga
Exemplares sobreviventes em Portugal da arquitectura visigótica:

Capela de São Frutuoso (Braga)
Igreja de São Gião (Nazaré)

O Islamismo (610-632)

Islamismo, Islão é uma religião abraâmica monoteísta articulada pelo Corão, um texto considerado por seus seguidores como a palavra literal de Deus (em árabe: Allāh), e pelos ensinamentos e exemplos normativos (a chamada suna, parte do hadith) de Maomé, considerado pelos fiéis como o último profeta de Deus. Um adepto do islamismo é chamado de muçulmano.

Os muçulmanos acreditam que Deus é único e incomparável e o propósito da existência é adorá-Lo.

Eles também acreditam que o islã é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada em muitas épocas e lugares anteriores, incluindo por meio de Abraão, Moisés e Jesus, que eles consideram profetas. Os seguidores do islã afirmam que as mensagens e revelações anteriores foram parcialmente alteradas ou corrompidas ao longo do tempo, mas consideram o Alcorão como uma versão inalterada da revelação final de Deus. 

Os conceitos e as práticas religiosas incluem os cinco pilares do islã, que são conceitos e atos básicos e obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica, que atinge praticamente todos os aspectos da vida e da sociedade, fornecendo orientação sobre temas variados, como sistema bancário e bem-estar, à guerra e ao meio ambiente.

Crenças

Islão ensina seis crenças principais:
  1. a crença em um único Deus;
  2. a crença nos anjos, seres criados por Deus;
  3. a crença nos livros sagrados, entre os quais se encontram a Torá, os Salmos e o Evangelho. O Alcorão é o principal e mais completo livro sagrado, constituindo a colectânea dos ensinamentos revelados por Deus ao profeta Maomé;
  4. a crença em vários profetas enviados à humanidade, dos quais Maomé é o último;
  5. a crença no dia do Julgamento Final, no qual as acções de cada pessoa serão avaliadas;
  6. a crença na predestinação: Deus tudo sabe e possui o poder de decidir sobre o que acontece a cada pessoa.

Os profetas

Miniatura persa que retrata a ascensão de Maomé ao céu.

O islamismo ensina que Deus revelou a sua vontade à humanidade através de profetas. Existem dois tipos de profeta: os que receberam de Deus a missão de dar a conhecer aos homens a vontade divina (anbiya; singular nabi) e os que para além dessa função lhes foi entregue uma escritura revelada (rusul; singular rasul, "mensageiro")

Cada profeta foi encarregado de relembrar a uma comunidade a existência ou a unicidade de Deus, esquecida pelos homens. Para os muçulmanos, a lista dos profetas inclui Adão, Abraão (Ibrahim), Moisés (Musa), Jesus (Isa) e Maomé (Muhammad), todos eles pertencentes a uma sucessão de homens guiados por Deus. 

Maomé é visto como o Último Mensageiro, trazendo a mensagem final de Deus a toda a humanidade sob a forma do Alcorão, sendo por isso designado como o "Selo dos Profetas". Quando Maomé começou a revelar o Alcorão, ele não acreditou que isso teria proporções mundiais, mas sim que somente reforçaria a fé no Deus.

O Alcorão

Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) estão contidos no Alcorão (Qur'an, "recitação"). Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu esses ensinamentos de Deus por intermédio do anjo Gabriel (Jibrīl), através de revelações que ocorreram entre 610 e 632 DC. Maomé recitou essas revelações aos seus companheiros, muitos dos quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição (omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras…).As revelações a Maomé foram mais tarde reunidas em forma de livro. Considera-se que a estruturação do Alcorão como livro ocorreu entre 650 e 656, durante o califado de Otman.

O livro sagrado do Islã, o Alcorão.

O Alcorão está estruturado em 114 capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez subdividida em versículos chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o menor possui apenas três versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição não reflete a ordem da revelação. 

Considera-se que 92 capítulos foram revelados em Meca e 22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A Abelha", "O Figo").

Uma vez que os muçulmanos acreditam que Maomé foi o último de uma longa linha de profetas, eles tomam a sua mensagem como um depósito sagrado e tomam muito cuidado com ela, assegurando que a mensagem tenha sido recolhida e transmitida de uma maneira a não trair esse legado. Essa é a principal razão pela qual as traduções do Alcorão para as línguas vernáculas são desencorajadas, preferindo-se ler e recitar o Alcorão em árabe. Muitos muçulmanos memorizam uma porção do Alcorão na sua língua original e aqueles que memorizaram o Alcorão por inteiro são conhecidos como hafiz (literalmente "guardião").

A mensagem principal do Alcorão é a da existência de um único Deus, que deve ser adorado. Contém também exortações éticas e morais, histórias relacionadas com os profetas anteriores a Muhammad (que foram rejeitados pelos povos aos quais foram enviados), avisos sobre a chegada do dia do Juízo Final, bem como regras relacionadas com aspectos da vida diária, como o casamento e o divórcio.

Além do Alcorão, as crenças e práticas do Islão baseiam-se na literatura hadith, que para os muçulmanos clarifica e explica os ensinamentos do profeta.

Invasão Muçulmana na Hispânia (711)

Com a invasão Muçulmana de 711, e a derrota de Roderico ( Rodrigo) em Guadalete, a única resistência gótica séria, foi feita em Mérida. Com a sua queda todo o noroeste foi submetido. Tropas Berberes ( povos oriundos do Norte de África) foram colocadas no centro de Portugal e Galiza., mas com a revolta dos Berberes e a grande fome na região (740 - 750), estas foram evacuadas.

Por essa época, a conquista do norte da África estava consolidada pelos Árabes e o governador de Ceuta, Juliano ( o conde Julião dos cronistas), que outrora fora fiel ao monarca Visigodo havia cedido seu apoio aos Árabes (apesar de ser Cristão). Mas por quê? O rei Witza, da Hispania, tinha morrido e não foi permitido ao seu filho, Áquila, assumir o trono; os nobres Visigóticos elegeram Rodrigo, para o trono. Segundo Juliano disse aos Árabes, ele odiava Rodrigo, pois este havia desonrado sua filha ( lenda não provada ) , por isso, queria vê-lo derrotado e humilhado.

Os Árabes, que já vinham atacando, por meio de navios, as costas da Espanha há muito tempo, viram nessa inimizade sua chance para invadir e anexar a região que eles conheciam como al-Andalus. Em Junho de 711, Musa ibn Nuçair, o governador do norte da África, enviou à Hispania um exército composto por cem cavaleiros, quatrocentos guerreiros e sete mil Berberes. Os navios para o ataque foram fornecidos por Juliano, governador Visigótico de Ceuta.

Rapidamente, os Muçulmanos tomaram a cidade de Algeciras e os rochedos da costa (hoje conhecidos como Rochedo de Gibraltar). Depois disso, marcharam para Córdoba. O rei da Espanha, Roderico, estava ocupado combatendo osVascónios, no norte, e demorou certo tempo para conseguir mobilizar seus exércitos para combater os invasores. Enquanto as tropas reais não chegavam, Djabal al-Tariq assolava o sul da península.

Enfim, em 19 de Julho de 711, o Rei Roderico finalmente alcançou a região onde os Árabes estavam e a batalha iniciou-se. Esta iria durar sete dias, ou seja, até o dia 26 e ser decidida pela inteligência do general Árabe.

Numericamente superiores e providos da motivação de defenderem seus domínios, os Visigodos estavam a ponto de derrotar os Árabes. Foi quando Tariq convidou dois irmãos do Rei Witza (o Rei que havia morrido), e fez com eles um pacto: se estes desertassem com suas tropas, seriam poupados e recompensados. 

Sendo assim, no dia 26, dia do combate derradeiro, as duas principais frentes da cavalaria Visigótica debandaram e os flancos do exército Hispano ficaram desguarnecidos. Avisados de antemão que isso iria ocorrer, os Muçulmanos atacaram pelos flancos e trucidaram a infantaria Visigótica. Foi um massacre no qual tombou, inclusive, Roderico.

Ficando sem rei, a Hispania não conseguiu reagrupar-se para a defesa e, sendo assim, em dois meses, Tariq havia conquistado totalmente o sul da Hispania e preparava-se para marchar em direcção ao centro.


Conquista muçulmana da península Ibérica
Musa, na África, ao saber dos sucessos de seu general, reuniu um exército e desembarcou na costa leste da Hispania,formando agora duas frentes de invasão Muçulmana que atacavam a península. 

Os nobres Visigóticos que não tinham sido subornados pelos Mouros (nome pelo qual os Europeus, chamavam os Islâmicos), começaram a ser exterminados e, ao procurarem auxílio nas cidades, não eram bem recebidos, pois os Judeus (que dominavam o comércio e, sendo assim, a vida urbana) estavam cansados das perseguições Cristãs impostas a eles pelos Visigodos e preferiam a liberdade de culto (mediante o pagamento de impostos) oferecida pelos conquistadores.

Dessa forma, os partidários de Rodrigo, agora sob o comando de Pelágio, foram isolar-se nas montanhas do extremo norte da Hispania, onde, devido ao posicionamento estratégico, esperavam resistir ao extermínio da mesma maneira que osBascos vinham fazendo contra eles. Formou-se assim, o primeiro dos Reinos Hispânicos pós-conquista Árabe: o Reino de Astúrias.

Entre 711 e 714, os dois generais Árabes conquistaram toda a Hispania, excepto o Reino das Astúrias, que devido à sua localização de difícil acesso, pode resistir e se tornar, mais tarde, no século IX, o berço da Reconquista da Hispania, reconquista esta que teve o apoio, militar e financeiro, de Carlos Magno (pelo menos em sua fase embrionária).

Quanto a Tariq, foi mais um dos conquistadores esquecidos de nossa História, só não foi totalmente esquecida porque, em homenagem a ele, foi erigida uma cidade (na parte Europeia do estreito), e esta cidade foi baptizada com seu nome, cujas corruptelas futuras tornaram Gibraltar, o mesmo nome com o qual foram rebaptizadas as Colunas de Hércules, pois, se no passado o Semi-Deus havia afastado os perigosos Berberes da Europa por meio da separação dos dois continentes, agora, um general (que nada tinha de Semi-Deus conseguia quebrar a vontade dele e impor a sua, em outras palavras, oIslão ganhava terreno dentro da Cristandade.

Mesquita de Córdoba
Pouco depois, o governador árabe da África, Mouça-ibn-Nokair, sabedor do êxito de Tarik, desembarcou na Espanha, acompanhado de seu exército. E em menos de dois anos efetuou a conquista de quase toda a Península Ibérica. Em 713, na cidade de Toledo, proclamou o califa de Damasco, Omar II (717-720), soberano de todos os territórios conquistados.

As populações locais puderam permanecer nas suas terras mediante pagamento. Os seus hábitos, cristãos e judeus foram tolerados. . Apesar de arabizados, os moçárabesmantiveram um contínuo de dialetos românicos -a língua moçárabe- e rituais cristãos. Os novos ocupantes desenvolveram a agricultura, melhorando os sistemas de rega romanos, introduzindo a cultura de arroz e de citrinos, alperces e pêssegos.

Em 756 Abderramão I, resistindo ao domínio abássida, fundou no al-Andaluz um emirado independente que se tornou o florescentecalifado de Córdova. A sua economia assentava no comércio, na agricultura e na indústria artesanal muito desenvolvidos. A cunhagem de moeda foi fundamental e uma das mais importantes à época. 

A capital, Córdova, foi durante o século X uma das maiores cidades do mundo e um centro financeiro, cultural, artístico e comercial com bibliotecas, universidade, uma escola de medicina e de tradutores de grego e hebraico para o árabe.
A tentativa de Expansão Muçulmana na Europa

A Batalha de Poitiers, também conhecida como Batalha de Tours, travou-se entre o exército do Reino Franco, liderados por Carlos Martel — prefeito do palácio de Paris, da dinastia Carolíngia, governante de fato do reino — e o exército do Califado de Córdoba, liderado por Abd-ar-Rahman, governante de Córdoba.

Esta batalha é citada como sendo o marco do final da expansão muçulmana na Europa medieval. O exército franco postou-se junto a cidade de Tours, para sua defesa. O ataquemuçulmano foi rechaçado, com a morte de seu comandante, junto a cidade de Poitiers.

A Batalha de Poitiers
O emirado de Córdoba havia invadido anteriormente a Gália, tendo sido parado no seu avanço mais ao norte na batalha de Toulouse, em 721. O herói do evento que é menos celebrado foi Odo, o Grande, duque da Aquitânia, que não foi o progenitor de uma estirpe de reis nem patrono dos cronistas.

Embora Odo tivesse derrotado os invasores muçulmanos antes, quando eles retornaram as coisas estavam muito diferentes. A chegada nesse ínterim de um novo emir de Córdoba, Abdul Rahman Al Ghafiqi, que trouxe com ele uma grande força de cavaleiros árabes e berberes, dando início à grande invasão. Abdul Rahman Al Ghafiqi havia estado em Toulouse e as crónicas árabes deixam claro que ele se opôs fortemente à decisão do emir de não assegurar as defesas externas contra uma força de socorro, o que permitiu a Odo e sua infantaria atacar sem piedade antes que a cavalaria islâmica pudesse estar preparada. Abdul Rahman Al Ghafiqi não tinha a intenção de permitir outro desastre.

Desta vez os cavaleiros islâmicos estavam prontos para a batalha e os resultados foram terríveis para os aquitanianos. Odo, o herói de Toulouse, foi duramente derrotado na invasão muçulmana de 732, na batalha do rio Garone - onde os cronistas ocidentais declaram que "só Deus sabe o número de mortos" - e a cidade de Bordeaux foi saqueada. Odo fugiu ao encontro de Carlos em busca de ajuda, que por sua vez concordou em ir em seu resgate, desde que ele e sua casa fossem reconhecidos como seus soberanos - o que Odo fez oficialmente e de imediato. Assim, Odo desapareceu na história enquanto Carlos Martel despontou. Pragmático, Carlos formou o flanco direito de suas forças em Tours com seu antigo inimigo, Odo, e seus nobres aquitanianos.

Al-Andalus

Al-Andalus foi o nome dado à Península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII, tendo o nome sido utilizado para se referir à península independentemente do território politicamente controlado pelas forças islâmicas.

De início integrado na província norte-africana do império omíada, o Al-Andalus seria um emirado (929) e posteriormente um califado independente do poder abássida . Com a dissolução do califado em 1031, o território pulverizou-se em vários reinos Taifa.

Califado de Córdoba
Com a reconquista dos territórios pelos cristãos, descendentes dos godos, que se refugiaram na região dasAstúrias, no norte da península, num processo que ficou designado historicamente por Reconquista, o nome Al-Andalus foi-se adequando ao cada vez menor território sob ocupação árabe-muçulmana, na metade sul dapenínsula, aproximadamente a mesma área da antiga província romana Hispânia Bética, cujas fronteiras foram progressivamente empurradas para sul, até à tomada de Granada pelos Reis Católicos.

A região ocidental da península era denominada Gharb Al-Andalus ("o ocidente do Al-Andalus") e incluía o actual território português. De uma maneira geral, o Gharb Al-Andalus foi uma região periférica em relação à vida económica, social e cultural do Al-Andalus.

O Gharb al-Ândalus

O Gharb al-Ândalus era a parte mais ocidental do al-Ândalus, que corresponde a parte do actual território português. Como já se disse, em 711, as tropas muçulmanas atravessaram o estreito de Gibraltar e deram início à conquista daPenínsula Ibérica, o al-Ândalus; ao domínio muçulmano escapou somente uma pequena comunidade cristã, que se refugiou nas Astúrias.

O ocidente peninsular de influência mediterrânica, o Gharb al-Ândalus — corresponde aproximadamente aos limites da antiga Lusitânia — embora intensamente islamizado, não assumiu o protagonismo de outras regiões do al-Ândalus,resistindo sempre aos processos de centralização de Córdova, ou posteriormente de Sevilha.

O Gharb incluía cinco territórios principais correspondentes ao termo de Coimbra, ao estuário do Tejo, ao Alto Alentejo, ao Baixo Alentejo e ao Algarve. Estes territórios estendiam-se ainda para a Extremadura e Andaluzia Ocidental. Destacavam-se as cidades de Coimbra, Lisboa, Santarém, Silves, Mértola, Faro, Mérida e Badajoz.

O Gharb começou a perder terreno aquando da Reconquista, na qual os reis cristãos do norte da península, nomeadamente D. Afonso Henriques, começaram a conquistar o território para Sul. O fim do Gharb foi assinalado com a conquista do Algarve pelo rei D. Afonso III.

O Reino do Algarve

Algarve, (do árabe "al-Gharb al-Ândaluz", al-Gharb, «o Ocidente»; do "al-Andaluz"), foi considerado, durante séculos, e até à proclamação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910, como o segundo reino da Coroa Portuguesa — um reino de jure separado de Portugal, ainda que de facto não dispusesse de instituições, foros ouprivilégios próprios, nem sequer autonomia — na prática, era apenas um título honorífico sobre uma região/comarca que em nada se diferenciava do resto de Portugal.

Note-se, porém, que nunca nenhum rei português foi coroado ou saudado como sendo apenas "Rei do Algarve" — no momento da sagração, era aclamado como "Rei de Portugal e do Algarve" (até 1471), e mais tarde como "Rei de Portugal e dos Algarves" (a partir de 1471).

Xelb - O nome árabe da atual Silves 

Xelb (ou Shelb) era o nome dado à cidade de Silves durante o domínio muçulmano. Anteriormente, durante o domínio romano, chamar-se-ia Cilpes, nome que surge em algumas moedas romanas cunhadas nesse local no Século I a.C.. Um dos espécimes encontrados apresenta no obverso o nome CILPES entre duas espigas deitadas e no reverso um cavalo a galope, para a esquerda. O aspeto de Xelb por volta de 1230 foi notavelmente reconstituído pelo artista plástico Victor Borges num conjunto de painéis .

Castelo de Silves - Entrada
A primitiva ocupação humana da colina de Silves remonta à pré-história, acreditando-se que, no primeiro milênio a.C., navegadores Fenícios tenham penetrado no rio Arade, navegável até fins da Idade Média, e que, posteriormente, tenha conhecido a presença Romana, que aqui explorou uma jazida de cobre, conforme os testemunhos arqueológicos. Alguns autores pretendem que teriam sido estes os responsáveis por uma primeira fortificação, entre os séculos IV e V, também atribuída aos Visigodos que se lhes sucederam.

A partir do século VIII, diante da Invasão muçulmana da Península Ibérica, os novos senhores desta região iniciaram a fortificação de Silves (então as-Shilb), como o confirmam as recentes escavações. Graças à posição geográfica privilegiada a povoação cresceu com rapidez. Por volta do século XI, quando conheceu o apogeu, ultrapassando Ossónoba em importância, foi palco de inúmeras disputas entre príncipes muçulmanos vindo a ser conquistada pelo rei-poeta Al-Mu'tamid (1052), tornando-se sede de uma taifa. 

Embora uma historiografia clássica afirme que as forças de Fernando Magno conquistaram e saquearam a povoação em 1060, a realidade desse evento tem sido modernamente questionada.

Acredita-se que data deste período a configuração genérica do perímetro muralhado, envolvendo uma área de cerca de doze hectares. A muralha ameada, rasgada por três portas, era reforçada por torres de planta quadrangular. Internamente a povoação era definida por duas ruas principais, constituindo dois eixos. Junto à porta principal (Porta de Almedina, Porta de Loulé) erguia-se o vasto Palácio da Varandas, hoje desaparecido, que conhecemos pela poesia de Al-Mu'tamid.

A povoação encontra-se descrita na crônica de Xelbe, ao final do século XII, como um dinâmico centro urbano, comercial e cultural do mundo islâmico. Data do início do século XIII a reforma almóada das suas defesas, empreendida pelo último rei muçulmano, Ibn al-Mahfur, que lhe conferiu as linhas gerais que, com alterações, chegaram aos nossos dias.

Xintara ou Shantara no domínio muçulmano -Atual Sintra


Porta islâmica no Castelo dos Mouros (Sintra). 
Durante o domínio muçulmano surgem os primeiros textos que referem explicitamente a Vila de Sintra (Xintara ou Shantara em árabe).

Sintra é apresentada no século X pelo geógrafo Al-Bacr, fixada por Al-Munim Al-Himiari, como «uma das vilas que dependem de Lisboa no Andaluz, nas proximidades do mar». 

Outros textos assinalam-na como o centro urbano mais importante logo a seguir a Lisboa, neste território. Sintra «uma das regiões onde as maçãs são mais abundantes (...) [e] atingem uma tal espessura que algumas chegam a ter quatro palmos de circunferência» (Al-Bacr).

Lisboa a Al-Usbunaque foi durante o período de ocupação muçulmana um importante centro económico de tal dimensão que o cruzado Osberno, à data da reconquista, se lhe referiu como «o mais opulento centro comercial de toda a África e de uma grande parte da Europa».


A Economia no Al-Andalus

Em 711, os mouros ocuparam grande parte da Península Ibérica, que institui a Al-Andalus. Eles mantiveram a maior parte do legado romano, eles reparado e alargado de infra-estrutura romana, utilizando-a para a irrigação, enquanto a introdução de novas práticas agrícolas e de novas culturas, como arroz, cana de açúcar, frutas cítricas, damasco, e algodão. Comércio floresceu com sistemas eficazes de contrato invocado por comerciantes, que iria comprar e vender em comissão, com dinheiro emprestado a ele por investidores ricos, ou um conjunto de investimentos de diversos comerciantes, que muitas vezes eram muçulmanos, cristãos e judeus.

Parcerias de negócios são feitos por muitos empreendimentos comerciais e laços de parentesco habilitado aredes de comércios para formar a grandes distâncias. Os muçulmanos estavam envolvidos no comércio estendendo para a Ásia e os comerciantes muçulmanos viajaram longas distâncias para as actividades comerciais. Depois de 800 anos de guerra, os Reinos Católicos tornaram-se gradualmente mais poderosos e acabou por expulsar os mouros da península. No caso do Reino de Portugal aconteceu no Século XII; no Algarve, as forças combinadas de Aragão e Castela derrotou os últimos redutos muçulmanos ibéricos no Século XV.

Comentário  Como poderemos observar, depois de lermos O Império Islâmico, e embora nos possa surpreender um pouco, durante a dinastia Abássida, o Califado de Bagdad estendia-se desde o Sul da França até às fronteiras da China !

O que em palavras simples, significa que o território onde hoje ficam Portugal e Espanha, já pertenceram durante séculos a esse Califado, e os nossos antepassados que viveram nesses tempos, já foram súbditos do Califa de Bagdad !

Basílica Santiago de Compostela
A restauração das Sés Cristãs da Galiza, a descoberta do suposto túmulo de São Tiago(talvez algumas relíquias do Apóstolo Tiago trazidas desde Mérida - Ver Enciclopédia de la Bíblia - e a construção da sua Basílica em Santiago de Compostela, foram seguidas pela organização da fronteira do território de Portucale (868) por Vimara Peres; Embora Coimbra tenha sido anexada pelos cristãos, voltou outra vez a ser perdida.

Arte Moçárabe em Portugal

Arte Moçárabe se refere à arte dos Moçárabes, cristãos ibéricos que viviam em territórios conquistados pelos muçulmanos do período que vai da invasão pelos árabes da Península Ibérica (711) até o final do século XII, quando eles adotaram alguns costumes árabes, mas sem se converter ao Islã.

Literatura

Os principais expoentes da arte são as obras de religiosas de literatura: missais e livros de orações criados nos monastérios. Exemplos dessas iluminuras são: Commentarium in Apocalypsin (Comentário sobre o Apocalipse) do Beato de Liébana, Beato de Facundus ou Beato de Tábara. Toledo e Córdoba foram os mais importantes centros moçárabes.


Beatus de Facundus: Julgamento da Babilônia
Arquitetura

As comunidades moçárabes mantiveram alguns templos visigóticos que eram mais antigos que a ocupação árabe para a prática de seus ritos religiosos e raramente construíram novos templos porque a autorização para sua construção era limitada.

Igreja de Lourosa - Nave Central
A construção mais importante é a Igreja de Santa María de Melque. Outros são: Mosteiro de San Miguel de Escalada e o Mosteiro de San Juan de la Peña. Em Portugal a mais importante é a Igreja de São Pedro de Lourosa, em Lourosa concelho de Oliveira do Hospital.

Guerra civil no Al-Andalus

Em 1009 um golpe de estado iniciou um período de guerra civil no Al-Andalus, a fitna, que conduziu à fragmentação do califado em reinos rivais, as taifas. . O território a sul do Douro foi dividido entre as taifas de Badajoz, de Sevilha e de Silves. Livres de um poder central, cidades como Alcácer do sal e Lisboa e Silves desenvolveram-se com base no comércio. 

A partir de 1090 os almorávidas, que predicavam o cumprimento ortodoxo do Islão, foram chamados por Al-Mu'tamid, o rei poeta da taifa de Sevilha, para auxiliar na defesa face ao avanço de Afonso VI de Leão e Castela e reunificaram o al Andaluz por algum tempo até que este se desintegrou de novo, originando novas taifas. 

Entre 1144-1151 existiram três taifas no que é hoje Portugal: a Taifa de Mértola, a Taifa de Silves e a Taifa de Tavira, depois integradas no Califado Almóada vindos de Marrocos, descontentes com o insucesso em revigorar os estados muçulmanos e suster a reconquista cristã. A ocupação árabe da península durou mais de cinco séculos durante os quais, partindo dasAstúrias, a única região que resistiu à invasão árabe, se desenvolveu um movimento de reconquista da Península. .

O Sul Islâmico

Os Reinos Taifa

Os Muçulmanos chamavam al-Garb al-Andalus (o ocidente de Andaluz) a todo o território para ocidente e noroeste do Guadiana, correspondendo aproximadamente à Lusitânia romana e visigoda. Aí existiam várias grandes e médias cidades, sedes de kura,onde se registaram, ao longo dos séculos, rebeliões importantes e por vezes duradouras.

A partir de século XI, a ruína e o desmembramento do califado de Córdova, que unificara e robustecera toda a Península Ibérica sob domínio islâmico, levaram à criação de vários reinos, chamados de taifa (bandeira), alguns com dinastias de quase um século. 


O governador da marca ou província militar de Mérida, Ibn al-Jilliqi, literalmente o «filho do galego» por pertencer a uma família de cristãos convertidos chefiou a primeira revolta importante, em 868, que autonomizou durante décadas grande parte do sudoeste peninsular, originando a dinastia de Ibn Marwan, com quatro gerações.

Rebeliões no Al-Andaluz

Houve outras rebeliões em Lisboa, Beja e Faro. O estabelecimento de feudos semiautónomos com sede em Mérida-Badajoz, Beja e Faro foram normais no Sudoeste da Península. Sucedeu o mesmo um pouco por toda a parte. A tendência para a desagregação em Al-Andaluz acompanhava a feudalização de quase toda a Europa. 

A partir de 1012 constituíram-se reinos de taifa em Huelva, Badajoz (dinastia dos Banu al-Aftas, com quatro monarcas), Sevilha (Banu ' Abbad, com três monarcas) Niebla (Banu Yahya, com três monarcas), Faro (Banu Harun, com dois monarcas), Mértola e Silves (Banu Muzayn, com dois monarcas). Todos eles abrangeram, durante algum tempo, o espaço «português». O mais importante foi o de Badajoz, que chegou a abarcar todo o Portugal de hoje a sul do Douro - com excepção da parte do Algarve -, além de territórios no vale do Guadiana, actualmente pertencentes a Espanha que durou desde 1022 até 1094.

O fraccionamento do Califado e as lutas, por vezes violentas, em que se envolveram muitos dos reinos de taifa,favoreceram os Cristãos e o progresso da Reconquista. Em meados do século XI, os avanços do rei de Leão e Castela,Fernando I, conquistando Coimbra e ameaçando o vale do Tejo, induziram o rei de Badajoz a pedir auxílio aos chamados Almorávidas. 

Os Almorávidas haviam erguido um imponente império no Norte de África. Sentiu-se a ameaça que representavam para a independência dos pequenos reinos de taifa. Mas os muçulmanos espanhóis não tinham outra escolha. Os Almorávidas desembarcaram na Península, repeliram de facto os Cristãos mas resolveram ficar e reunificá-la sob o seu jugo.

Invertendo alianças, o rei de Badajoz pediu ajuda aos Cristãos, abrindo-lhes as portas de Santarém e de Lisboa (1093). Em vão. O poder almorávida tomara-se forte de mais para que se lhe resistisse. Todo o al-Garb 1hes caiu nas mãos (1094-1095). Pouco depois, as duas referidas cidades eram recuperadas e a fronteira muçulmana atingia novamente a bacia do Mondego.

Os reinos de taifa não duraram o bastante para criar no Sudoeste da Península Ibérica um conjunto político unificado. Para mais, os seus laços com o resto da Espanha muçulmana mantiveram-se sem quebra, dentro dum sistema fácil de comunicações e de relações económicas desenvolvidas. Foram Estados que nunca se sentiram auto-suficientes nem isolados do resto do mundo. 

Os seus chefes jamais assumiram o título de califa, ou sequer o de rei, actuando sempre como representantes de uma autoridade suprema fictícia. Acentuaram-se, apesar de tudo, os localismos durante a sua existência. e tais localismos nunca tiveram força bastante para cristalizar em independência, ajudaram certamente a sacudir um jugo doravante havido por insuportável. 

Metidas nos seus pequenos interesses e oprimidas por um sistema militar cada dia mais pesado e rude, as parcelas locais do al-Garb tomaram-se as melhores aliadas dos cristãos na Reconquista. 

(Condensado da História de Portugal de A.H. de Oliveira Marques)


Cultura árabe na Península

Sociedade e demografia. Aspectos da vida quotidiana

A população do Al-Andalus era muito heterogénea e constituída por árabes e berberes (uns e outros muçulmanos), moçárabes (são os hispano-godos que, sob o domínio muçulmano conservaram a religião cristã de rito-moçárabe, mas adoptaram as formas de vida exterior dos muçulmanos), e judeus. Para além destes, existia outro grupo, os muladis, que eram os cristãos que se tinham convertido ao islamismo. 

Os moçárabes e os judeus tinham liberdade de culto, mas em troca dessa liberdade eram obrigados ao pagamento de dois tributos: o imposto pessoal de capitação (gízia), e o imposto predial sobre o rendimento das terras (carage). Estes dois grupos tinham autoridades próprias, gozavam de liberdade de circulação e podiam ser julgados de acordo com o seu direito.

Moçárabes e judeus estavam sujeitos às seguintes restrições: 

não podiam exercer cargos políticos; 
os homens não podiam casar com uma muçulmana; 
não podiam ter serviçais muçulmanos ou enterrar os seus mortos com ostentação; 
deviam habitar em bairros separados dos muçulmanos; 
estavam obrigados a dar hospitalidade ao muçulmano que necessitasse, sem receber remuneração. 

As cidades de Toledo, Mérida, Coimbra e Lisboa eram importantes centros moçárabes da península. Em Toledo os moçárabes chegaram a encabeçar uma revolta contra o domínio árabe.

Poucos anos depois da invasão muçulmana, os cristãos (hispano-godos e lusitano-suevos) acantonados nas serranias do Norte e do Noroeste da Península, iniciaram a reconquista do território, formando novos reinos que se foram estendendo sucessivamente para o sul. Alguns moçárabes migraram para os reinos cristãos do norte, tendo difundido neles elementos da cultura moçárabe ao nível arquitectónico,onomástico e toponímico. 

Os judeus dedicavam-se ao comércio e à recolha dos impostos; foram também médicos, embaixadores e tesoureiros. Hasdai Ibn Shaprut (915–970), um judeu, foi um dos homens de confiança do califa Abderramão III de Córdova.

Os árabes estabeleceram-se nas terras mais férteis, ou seja, no sul, no levante e no vale do rio Ebro. Quanto aos berberes, estes ocupariam as áreas de relevo mais montanhoso, como as serras da Meseta central e serra de Ronda, sendo também numerosos no Algarve (um berbere, Said ibn Harun, daria de resto o seu nome a Faro). Depois da revolta berbere de 740, muitos regressaram ao norte de África. 

Os negros chegaram ao al-Andalus como escravos ou como mercenários. Desempenharam funções como membros da guarda pessoal dos soberanos, enquanto que outros trabalhavam como mensageiros. As mulheres negras foram concubinas ou criadas. 

Os eslavos eram de início escravos, mas muitos conseguiram progressivamente comprar a liberdade; alguns alcançaram importantes cargos na administração. Durante o período dos primeiros reinos de taifas (século XI) alguns eslavos formariam os seus próprios reinos. 

As casas das classes mais abastadas caracterizavam-se pelo seu conforto e beleza, graças à presença de divãs, tapetes, almofadas e tapeçarias que cobriam as paredes. Nestas casas as noites eram animadas com a presença de poetas, músicos e dançarinos. 

Banhos públicos 

Nas zonas rurais e urbanas existiam banhos públicos (hammam), que funcionavam não só como espaços de higiene, mas também de convívio. Os banhos islâmicos apresentavam uma estrutura herdada dos banhos romanos, com várias salas com piscinas de água fria, morna e quente. 

Termas árabes
Neles trabalhavam massagistas, barbeiros, responsáveis pela guarda das roupas, maquilhadores, etc. A parte da manhã estava reservada aos homens e a da tarde às mulheres. Com a Reconquista cristã muitos destes banhos foram encerrados por ser entender que eram locais propícios a conspirações políticas, bem como à prática de relações sexuais. 

Alimentação 

O pão era a base da alimentação do al-Andalus, consumindo-se também carne, peixe, legumes e frutas. Os alimentos eram cozinhados com o recurso a ervas aromáticas, como óregãos, alecrim e hortelã-pimenta (esta última também usada no chá) e especiarias (gengibre, pimenta, cominhos...). A gordura usada era o azeite (az-zait), sendo o produzido na região de Coimbra famoso.

Queijadas de Sintra
Os doces eram também apreciados, como as queijadas (qayyata), o arroz doce povilhado com canela e diversos pastéis feitos com frutos secos e mel, que são ainda hoje característicos da gastronomia de certas regiões da península. 

Economia 

A chegada da civilização islâmica à península Ibérica provocaria importantes transformações económicas. De uma economia essencialmente rural passou-se para uma economia marcadamente urbana. 

Um dos locais mais importantes da cidade muçulmana é o suq ou mercado. Os mercados conheceriam um renascimento na península durante o período islâmico. Neles realizava-se o comércio de produtos diversos, principalmente dos produtos de metal e de outros produtos do artesanato. As oficinas e tendas do al-Andalus, onde se produziam esses trabalhos, eram propriedade do Estado. Os principais produtos do comércio eram as sedas, o algodão, os tecidos de lã. Alguns artigos de luxo produzidos no al-Andalus seriam exportados para a Europa cristã, para o Magrebe e mesmo para o Oriente 

A nível da agricultura, nas zonas secas do al-Andalus surgiria o cultivo do trigo e da cevada. Semeiam-se também ervilhas, favas e grãos, que eram a base da alimentação da população. Em períodos durante os quais a produção de cereais era baixa recorria-se à importação de cereais do norte de África. Foi durante este período que o cultivo do arroz foi introduzido na Península Ibérica, bem como da beringela, da alcachofra e da cana-de-açucar.


Pomares
Os pomares ocupavam uma importante área agrícola; Sintra seria mesmo cantada pelos poetas pela sua fruta, sendo famosa pelas suas peras e maçãs. O actual Algarve destacava-se pela produção de figos e uvas. Saliente-se ainda o interesse pela produção do mel. Embora o seu consumo seja interdito pelo islão, o vinho terá sido produzido e consumido no al-Andalus em grandes quantidades, pelo menos até ao período dos Almóadas, que reprimiram o seu consumo. 

A criação de gado era também uma prática comum, em particular de gado bovino e caprino. Os animais de capoeira como os coelhos e as galinhas eram muito apreciados na alimentação. 

Os muçulmanos cruzaram os sistemas hidráulicos dos Romanos com os dos Visigodos e com as técnicas que traziam do Oriente. Ao longo dos rios constroem moinhos de água, as azenhas (saniya). Para retirarem a água dos poços introduzem a nora (na ´ura) e a cegonha (ou picota).

Azenha
A abundante madeira das florestas era usada para o fabrico de peças de mobiliário e para a construção naval. Em Alcácer do Sal esta actividade era intensa devido à existência de bosques nas proximidades. 

A pesca e a extracção do sal eram propiciadas pela existência de uma considerável linha costeira. As espécies mais capturadas eram a sardinha e o atum, utilizando-se para a captura deste último um tipo de rede própria, denominada almadrava. 

Durante este período continua a exploração das jazidas de minérios da península, que já vinha desde o tempo dos Romanos. O ouro era extraído dos arenitos de alguns rios, como o Tejo. A prata poderia ser encontrada em jazidas em Múrcia, Beja, e Córdova. 

Pátio dos Leões em Granada
As primeiras manifestações artísticas e arquitectónicas islâmicas no al-Andalus continuam as tradições do período hispano-godo e fundem-nas com as tradições bizantinas e persas trazidas do Oriente. A presença visigoda pode ser vista, por exemplo, no uso do arco em ferradura, que contudo apresenta-se mais fechado. 

Os materiais de construção mais comuns foram a pedra e o tijolo e os elementos decorativos adoptados foram os geométricos, vegetais e epigráficos. 

Um dos monumentos mais representativos da civilização islâmica peninsular é a GrandeMesquita de Córdova. Este edifício começou a ser construído em 786, durante o reinado de Abderramão I, no local onde se encontrava a basílica visigoda de São Vicente, tendo sido alvo de sucessivas ampliações e modificações até aos finais do século X. 

Ciência 

À semelhança do que sucedeu no domínio artístico, os árabes e berberes que se fixaram na península Ibérica no século VIII começaram por recorrer aos saberes legados pela civilização visigoda. Progressivamente, fruto dos contactos com o Oriente (no contexto, por exemplo, da peregrinação anual a Meca) e do desejo de alguns soberanos do al-Andalus em fazerem das suas cortes centros de saber que rivalizassem com as cidades do Médio Oriente, desenvolveu-se no al-Andalus uma ciência que apresentou aspectos de originalidade. 

Abd ar-Rahman II foi um dos primeiros governantes que se esforçou por converter a sua corte em Córdova num centro de cultura e sabedoria, tendo recrutado com esse objectivo vários sábios do mundo islâmico. Um deles foi Abbas ibn Firnas, que embora tivesse sido contratado para ensinar música em Córdova, brevemente se interessou por outros campos do saber, como o vôo; ele seria o autor de um aparelho voador feito em madeira, com penas e asas de grandes aves (uma espécie de asa delta). 

Astrolábio Persa sec. XVIII

Decidido em testar a sua obra, atirou-se de um ponto alto da cidade de Córdova, e segundo os relatos, conseguiu voar durante algum tempo, mas acabou por despenhar-se, sofrendo alguns ferimentos. Em sua casa, Ibn Firnas construiu um planetário, no qual não só se reproduzia o movimento dos planetas, mas também fenómenos como a chuva e a trovoada. 

No campo da astronomia, devem salientar-se os trabalhos de Al-Zarqali que viveu em Toledo e em Córdova no século XI e que é conhecido no Ocidente pelo seu nome em latim, Azarquel. Notabilizou-se pela construção de instrumentos de observação astronómica, tendo inventado a azafea, um tipo de astrolábio que foi usado pelos navegadores até ao século XVI. Defendeu também que a órbita dos planetas não era circular, mas elíptica, antecipando Johannes Kepler neste domínio. 

Al-Zahrawi (936–1013), mais conhecido pelo nome Albucasis), médico da corte do califa al-Hakam, foi um importante cirurgião do al-Andalus. É conhecido como autor da enciclopédia Tasrif, na qual apresentou os seus procedimentos cirúrgicos (amputações, tratamentos dentários, cirurgias aos olhos...). Esta obra seria traduzida para o latim e usada na Europa no ensino da medicina durante a Idade Média.
Na botânica e farmacologia, Ibn Baitar (nascido em Málaga em finais do século XIII) estudou as plantas da península Ibérica, Norte de África e Médio Oriente graças às viagens que efectou nestas regiões. Foi autor da obra Kitab al-Jami fi al-Adwiya al- Mufrada, na qual listou 1400 plantas com os seus respectivos usos medicinais; embora se tivesse baseado nos antigos tratados gregos de botânica, Ibn Baitar apresentou o uso medicinal de cerca de 200 plantas até então desconhecidas. 

Ibn al-‘Awwam, residente de Sevilha do século XII, escreveu um tratado agrícola intitulado Kitab al-fila-hah, um dos trabalhos medievais mais importantes nesta área. Nele listava 585 espécies de plantas e 50 de árvores de fruto, indicando como deveriam ser cultivadas. 

No período que se estende entre o século X e o século XII surgiram os grandes geógrafos peninsulares, dos quais se destacam al-Bakri, Ibn Jubair al-Idrisi. Al-Bakri trabalhou essencialmente com fontes escritas e orais, nunca tendo deixado o al-Andalus. Foi autor do "Livro dos Caminhos e dos Reinos" no qual listava todos os países conhecidos na época. O livro estava organizado por entradas, cada uma relatando a geografia, história, clima e povo do país em questão. 

Ibn Jubair, secretário do governador de Sevilha, realizou em 1183 a peregrinação a Meca, tendo aproveitado a ocasião para descrever o Mediterrâneo Oriental, fazendo referência aos acontecimentos políticos que aquela região do mundo vivia, nomeadamente as Cruzadas. Al-Idrisi, nascido em Sabtah (Ceuta), recebeu a sua educação na Córdova dos Almorávidas, mas teve que abandonar a cidade por motivos de perseguição política e religiosa, tendo se instalado na Sicília dos Normandos. Nesta ilha ele escreveu o Livro de Rogério, (cujo nome deriva do nome do patrono de al-Idrisi, o rei Rogério II da Sicília), onde descrevia o mundo conhecido de então. As informações da obra seriam plasmadas num planisfério de prata.

Cronologia de Bárbaros e Muçulmanos

409 DCAlanos, Vândalos e Suevos invandem a Hispânia
416 DCOs visigodos invadem a Península
448 DCO Suevo Rechiarus converte-se ao cristianismo
501 DCConcílio de Braga
585 DCOs visigodos absorbem o reino suevo derrotando Andeca, o último rei suevo
711 DCInvasão muçulmana da Península - Batalha de Guadalete e derrota dos visigodos
718 DCRevolta de Pelágio. Formação do reino das Astúrias
868 DCReconquista neogoda do Porto
900 DCAbd-al-Rahman III instaura o califado de Espanha

Reis Visigodos da Hispânia ( 410 - 711 DC )
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410 - 415Ataulfo601 - 603Liuva II
Ataulfo - Conduziu o o povo visigodo até à Gália, onde estabeleceram a sua capital em Toulouse. Foi o primeiro godo a pisar a Hispânia. Casou com a princesa romana Galia Placidia, da qual teve um filho que faleceu em Barcino ( Barcelona ) onde ele próprio foi assassinado.
415Sigerico603 - 610Witerico
415 - 418Walia610 - 612Gundemaro
Walia - Federado de Roma, derrotou os suevos, vândalos e alanos na Península Ibérica e fundou o reino de Toulouse. Morreu em circunstâncias estranhas.
418 - 451Teodorico I612 - 621Sisebuto
Teodorico I - O rei que mais durou. Nos seus 33 anos de governo, o reino fortaleceu-se sob os olhos dos romanos. Aliado de Roma, enfrentou Átila e morreu na batalha dos Campos Catalaúnicos.
451 - 453Turismundo621Recaredo II
466 - 484Eurico621 - 631Suintila
Eurico - Assistiu à queda do Império Romano do Ocidente. Artuculou um corpo legislativo - o Código de Eurico - para melhor governar.
484 - 507Alarico II631 - 636Sisenando
507 - 510Gesaleico636 - 639Khintila
Khintila - Chegou ao trono aos 86 anos, antes da morte de Santo Isidoro, o grande intelectual da Europa medieval.
510 - 526Teodorico639 - 642Tulga
526 - 531Amalarico642 - 649Chindasvinto
531 - 548Theudis649 - 653Recesvinto/Chindasv.
548 - 549Theudiselo653 - 672Recesvinto
Recesvinto - Artífice do Liber Ludiciorum. O seu reinado foi caracterizado pela paz e florescimento cultural.
549 - 555Agila672 - 680Wamba
555 - 567Atanagildo680 - 687Ervígio
567 - 568Liuva I687/698/700Égica
568 - 571Liuva I e Leovigildo698/700/702Égica e Witiza
571 - 586Leovigildo702 - 710Witiza
Leovigildo - Conquistou toda a Península Ibérica, vencendo os suevos em 585. Promoveu o Codex Revisus.
586 - 601Recaredo710/711/716Ágila II
Recaredo - Durante o seu reinado, os visigodos converteram-se ao cristianismo, após o III Concílio de Toledo.
710 - 711Roderico
Roderico ou Rodrigo - O último rei visigodo, derrotado e morto pelos árabes na batalha de Guadalete.
Informação retirada da História de Espanha de Fernando G. Cartázar e José Manuel G. Veiga