Monumentos
Os 3 Magníficos - Alcobaça - Batalha - Jerónimos - Património Mundial - UNESCO
O Mosteiro de Alcobaça
Os 3 Magníficos - O Mosteiro de Alcobaça, o Mosteiro da Batalha e o Mosteiro dos Jerónimos, são os três monumentos Magníficos portugueses, todos merecedores da classificação, dada pela Unesco, de Património Mundial. Construídos em épocas diferentes da nossa História, Alcobaça no século XII quando da reconquista do território por D. Afonso Henriques, a Batalha quando da confirmação da independência portuguesa no século XIV depois da batalha deAljubarrota e os Jerónimos nos começos do século XVI para comemorar as Descobertas, quando os portugueses deram novos mundos ao Mundo. Estilos diferentes de arquitectura, Românico de transição, Gótico e Manuelino ( Gótico flamejante ), todos mostrando a capacidade realizadora dos portugueses, quando bem motivados e dirigidos.
Designação : Mosteiro de Alcobaça / Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça, túmulo de D. Pedro I e de D. Inês de Castro
Localização : Leiria, Alcobaça, Alcobaça
Património Mundial - UNESCO 1989.
Enquadramento : Urbano. Isolado, Implantado num extenso vale, a par do casario da vila, destaca-se pela monumentalidade e equilíbrio das suas edificações. As praças em frente da fachada O. e parte da N. ocupam o espaço do antigo Rossio da abadia. No lado O. um adro elevado, com tabuleiros ornados nos ângulos com pirâmides e flanqueados por 5 escadarias, dá acesso à entrada principal da igreja.
Descrição : Planta composta irregular, 1 estreito rectângulo, ala do colégio de Nossa Senhora da Conceição, justaposto aos quadriláteros das construções que envolvem os 3 grandes claustros. As fachadas N. e O. têm a mesma extensão, 221 m. Na última, o frontispício da igreja, de acentuada verticalidade, conjuga-se com as massas horizontais simétricas dos longos edifícios que a ladeiam, com 5 arcadas nas extremas, de 2 andares e cobertos com telhados de 4 águas.
Na fachada N. o alinhamento e o número de andares dos corpos que se estendem a O. da sala dos monges e do dormitório medieval, com muro em talude e contrafortado, é distinto da frontaria seiscentista, que se prolonga até à fachada E., com 3 andares. No lado S. destaca-se a fachada da biblioteca com 4 andares e um ático continuado, enquadradas por 2 corpos de 2 andares e a sacristia ligada ao deambulatório da igreja em frente da qual se abre a capela do Desterro. A IGREJA de planta longitudinal em cruz latina, orientada, com corpo de 3 naves, transepto saliente, onde se abrem 4 capelas, e cabeceira formada pela ábside, deambulatório e 9 capelas radiantes, disposição legível na massa exterior.
Fachada principal dividida em 3 panos por pilares arquitravados, com 3 andares ornados com estátuas; no 1º, mais avançado, o primitivo portal e nichos; no 2º a rosácea e janelões; sobre a cornija, frontão compósito entre torres sineiras. Os restantes frontispícios são coroados por platibanda merloada e telhados de 2 águas e têm diferentes modinaturas; ao contrário do N. liso, o S. tem 10 contrafortes na nave e 3 no topo do transepto e a capela-mor 8 arcobotantes. As naves, transepto e capela-mor são abobadadas com ogivas à mesma altura; as capelas radiantes com berços quebrados; iluminação: 1 janela de arco quebrado nos tramos das colaterais; nos muros da cabeceira e ilhargas do transepto ordens de lumes sobrepostos, janelas sobre frestas, substituídas por rosáceas nas paredes dos topos do transepto.
Ao braço S. do transepto liga-se a SALA DOS TÚMULOS, construção neogótica do Séc. 18 com 3 naves de tramos cobertos com ogivas que alberga 4 nichos com túmulos. Adossado à cabeceira um átrio com abóbada manuelina polinervada e 2 portais, o da CAPELA DO SENHOR DOS PASSOS, réplica setecentista do da SACRISTIA NOVA, atribuído a João de Castilho. De planta rectangular, esta sacristia tem tecto de estuque, recente, é iluminada por 3 janelas de verga rectilínias e dá acesso à CAPELA DO RELICÁRIO, de planta circular, coberta por cúpula iluminada por lanternim e revestida por talha.
CLAUSTRO DE D. DINIS - planta quadrangular, ligeiramente irregular, é uma larga construção de andares, o inferior abobadado com cruzarias de ogivas assentes em mísulas e o superior com tecto de madeira de 3 planos, cobertos com telhado de 2 águas.
As galerias, com tramos marcados por contrafortes salientes, abrem para a quadra por arcadas com colunas assentes nos parapeitos. O número e perfil dos vãos é variável em cada galeria; no andar superior dominam os espelhos enquanto no térreo, protegido com arcos de descarga surgem tímpanos vazados por óculos decorados com rosáceas. Encostada ao corpo da igreja, a galeria S. apresenta 1 edícula saliente, de planta rectangular que albergava a escada de acesso ao piso superior. A galeria E. adossa-se ao braço do transepto da igreja e ao edifício medieval dos monges, com 2 pisos, dando acesso às suas instalações abobadadas onde predominam as cruzarias de ogivas.
De S. para N. rasgam-se os arcos plenos das entradas da SACRISTIA MEDIEVAL, abobadada em berço e iluminada por uma fresta no muro E., do CAPÍTULO, enquadrado por 4 arquivoltas e ladeado por 2 pares de janelas, que dá acesso a uma sala de 3 naves marcadas por 4 colunas e iluminada a nascente por 3 janelas, do PARLATÓRIO, abobadado em aresta no tramo central e com ogivas nos outros, e da SALA DOS MONGES, composta por 3 naves de 7 tramos assentes em 5 patamares. Entre as portas destas duas últimas, uma escada subdividida em lanços dá acesso ao DORMITÓRIO dos monges que, com 3 naves e 11 tramos, acrescidos de mais 2 no topo SE., ocupa todo o andar superior do edifício e é iluminado por 7 janelas em cada ilharga.
Na ala N. o portal do antigo calefactório, de arco pleno assente em 2 colunas, liga à COZINHA seiscentista com chaminé central assente em 8 colunas, 2 lareiras e 2 tanques de água corrente em mármore. Segue-se o REFEITÓRIO de 3 naves com 5 tramos também abobadado com ogivas e iluminado no muro N. e nas ilhargas por fiadas de janelas, algumas entaipadas, e conservando no muro O. a escada de acesso ao púlpito de leitura com 5 arcos inclinados assentes em colunelos. Em frente do largo portal do refeitório ressalta sobre a quadra o LAVABO; é uma construção de planta pentagonal, com 2 andares, coberta em terraço com platibanda e reforçada por contrafortes nos ângulos, contendo um tanque de mármore oitavado.
No topo poente da galeria a porta da primitiva cozinha dá serventia ao CLAUSTRO DE D. AFONSO VI, de planta rectangular e 2 andares. Incluídas no edifício que se estende até à fachada O. assinala-se uma sala rectangular precedida por uma galeria com 5 arcos; um pequeno claustro, idêntico ao de D. Afonso VI e 2 abobadadas em aresta, a SALA DAS CONCLUSÕES, muros muito espessos, iluminada por 4 janelas na fachada O., e a SALA DOS REIS, dividida em 3 naves por pares de colunas e com mísulas contendo as estátuas dos reis de Portugal até D. José e, no piso elevado, várias salas da hospedaria do mosteiro.
Nave |
CLAUSTRO DOS NOVIÇOS - Atravessado por um largo canal - a levada - a quadra deste claustro é delimitado a O. pelo edifício medieval dos monges, modificado no frontispício e precedido por um terraço com balaustrada, e pelas fachadas das instalações do abade geral e do NOVICIADO, com 3 andares tendo os 2 inferiores grandes arcadas de volta perfeita que repousam em pilares de secção quadrada, a N. e E. e o 3º piso é dividido por um corredor para o qual se abrem as celas.
CLAUSTRO DA BIBLIOTECA - Disposição idêntica ao do claustro dos noviços, os edifícios deste claustro encontram-se muito mexidos. Há contudo, a assinalar a sala da biblioteca setecentista de vastas dimensões (47,7 m X 12,7 m) iluminada na parede S. por 3 fiadas de vãos, 1 óculo e 2 janelas enquadradas pela galeria que corre ao longo das suas paredes.
Claustros |
Utilização Inicial : Cultual e Devocional. Abadia cisterciense
Utilização Actual : Cultual e Cultural. Aberto ao público na zona correspondente à igreja e dependências a N. dela. As zonas do mosteiro que envolvem os 2 grandes claustros orientais estão entregues ao Asilo de Lisboa
Propriedade : Pública: estatal
Época Construção : Séc. 12 / 18
Arquitecto/Construtor/Autor : Domingo Domingues e Diogo (claustro); João de Castilho (sacristia nova); João Turriano (frontispício da igreja)
Tipologia : Arquitectura religiosa gótica. A planta da igreja e dos edifícios regulares medievais reproduz, invertida, a da abadia mãe cisterciense de Claraval II. Segundo Cocheril o templo alcobacense segue a planta-tipo cisterciense de Claraval III, e a proporção das naves, a composição dos pilares e das mísulas em que assentam as nervuras da nave central, postas a certa altura do solo para permitir o encosto dos cadeirais é, também, característica das igrejas da ordem.
O Claustro de D. Dinis influenciou os das Sés de Coimbra, Lisboa e Évora. Maneirismo - O partido adoptado no último registo da fachada O., atribuída a Fr. João Turriano, foi posteriormente repetido nas abadias cistercienses de Bouro, Salzedas e Seiça.
Caracteristicas Particulares : Considerado o monumento mais expressivo de arquitectura cisterciense em toda a Europa, a simplicidade da igreja combinada com a sua grandeza, produz uma impressão de austeridade rara constituindo todo o conjunto o monumento de maior importância na história da arquitectura medieval em Portugal. Por causa do sentido dos cursos de água os edifícios regulares estão dispostos na ilharga N. da igreja, em vez da S., como era corrente nas abadias de Cister.
A elevação das naves colaterais à mesma altura da nave central, constitui elemento singular nos edifícios da ordem. Existem 3 tipos de mísulas que permitem balizar as distintas campanhas de construção medieval e que referenciam o local ocupado pelo coro dos frades, dos enfermos e dos conversos.
A SALA DOS TÚMULOS é considerada a primeira experiência construtiva neogótica em Portugal.
Dados Técnicos : Igreja e instalações medievais - estruturas independentes; outras instalações - estruturas mistas e paredes autoportantes.
Materiais : Cantaria (edifícios medievais); alvenaria (construções posteriores
( Condensado da página da Net da DGMEN - Dir. Geral de Monumentos e Edifícios Nac.)
O Mosteiro da Batalha
Localização : Leiria, Batalha, Batalha
Acesso : Pç. do Mosteiro
Protecção : Património Mundial - UNESCO 1983
Enquadramento : Urbano. Implantado numa planície, na vila da Batalha, ao centro de um grande adro lajeado, a pouca distância da EN.1; a fachada N. do mosteiro é delimitada por um murete rematado por grilhagem em cantaria; frente à fachada S. ergue-se a estátua equestre de D. Nuno Álvares Pereira, sobre pedestal em cantaria.
Descrição : Planta composta irregular e volumes articulados com coberturas diferenciadas em terraços e telhado, desenvolve-se em sentido longitudinal de N. para S. em torno do claustro Real e de D. Afonso V; dependências conventuais adossadas e Igreja de 3 naves em cruz latina, transepto saliente e cabeceira de ábside poligonal e 4 absidíolos a que se adossam a Capela do Fundador, de planta quadrada e as "capelas imperfeitas", de planta octogonal. A sua forte horizontalidade é reforçada por inúmeras molduras e platibandas rendilhadas envolventes, apesar da verticalidade anunciada pelos arcobotantes e contrafortes rematados por pináculos e pelas agulhas que coroam os torreões sobre o transepto e a torre da cegonha. Panos murários em cantaria aparelhada.
IGREJA - PORTAL PRINCIPAL - aberto no eixo principal da igreja, recortado em profundidade por 6 arquivoltas de arco quebrado cingindo um tímpano em arco abatido, com franja polilobada, assentes em colunelos, é rebordado exteriormente por arco conopial, ornado por cogulhos no extradorso e ladeado no fecho pelos escudos de D. João I e D. Filipa.
Sobre as mísulas dos colunelos assentam as estátuas dos 12 profetas; nas arquivoltas figuras de serafins, anjos músicos, profetas, reis, santos e virgens mártires, coroadas por baldaquinos, que servem de pedestal às restantes figuras.
Sobre as mísulas dos colunelos assentam as estátuas dos 12 profetas; nas arquivoltas figuras de serafins, anjos músicos, profetas, reis, santos e virgens mártires, coroadas por baldaquinos, que servem de pedestal às restantes figuras.
PORTAL LATERAL - aberto no transepto, saliente da face do paramento, é ladeado por pilastras prismáticas rematadas por pináculos e encimado por gablete agudo tendo no tímpano as armas de D. João I e D. Filipa; arquivoltas em arco levemente quebrado, decoradas por dentes de serra e meios círculos, assentam em meias colunas, de capitéis fitomórficos; o vão do portal é enquadrado por arco trilobado.
INTERIOR - 3 naves de 8 tramos cobertas por abóbadas de cruzaria de ogivas, sexpartidas, separadas por pesados arcos torais quebrados, percorridas por uma cadeia longitudinal, unindo os fechos; capela-mor mais profunda e alta, rodeada por 4 absidíolos, com absides poligonais abrindo para os 5 tramos do transepto por arcos quebrados, decorados por franjas polilobadas.
Robustos pilares cruciformes com meias colunas adossadas, capitéis com relevos fitomórficos, bases e ábacos quadrangulares, dividem o espaço interior; meias colunas adossadas às paredes laterais. Capela-mor iluminada por frestas rasgadas nos 2 andares, capelas colaterais iluminadas por 3 frestas; janelões iluminam o transepto; a nave recebe luz do grande janelão da fachada O., de janelas abertas nas paredes das naves laterais e no clerestório.
Robustos pilares cruciformes com meias colunas adossadas, capitéis com relevos fitomórficos, bases e ábacos quadrangulares, dividem o espaço interior; meias colunas adossadas às paredes laterais. Capela-mor iluminada por frestas rasgadas nos 2 andares, capelas colaterais iluminadas por 3 frestas; janelões iluminam o transepto; a nave recebe luz do grande janelão da fachada O., de janelas abertas nas paredes das naves laterais e no clerestório.
CAPELA DO FUNDADOR - adossada aos 3 primeiros tramos da nave do lado S. e abrindo-se para ela por arco quebrado com franja polilobada, tem ao centro um recinto octogonal de pilares fasciculados, de secção triangular, com arcos quebrados com franja polilobada, sustentando a abóbada estrelada da lanterna, vazada por janelões mainelados. O recinto externo, coberto por abóbada com 8 tramos trapezoidais, é também recortado por janelões, com arcossólios adossados.
CAPELAS IMPERFEITAS - construídas do lado E. da igreja, no eixo da nave, rodeiam um pátio octogonal, para o qual abrem por arcos quebrados com franja polilobada; nos intervalos entre os muros das capelas, pequenos espaços de planta triangular, de ábside de 3 panos rasgada por um janelão, sobre os quais assentam feixes de colunas truncados, com decoração manuelina; capelas com ábside de 3 panos, rasgada por 3 frestas e cobertas por abóbadas polinervadas, com pedras de armas e emblemas heráldicos nos fechos; na capela de topo o túmulo de D. Duarte e D. Leonor de Aragão.
A comunicação do pátio com o átrio, que separa as capelas da cabeceira da igreja, faz-se através de portal rasgado no eixo da capela-mor. Por cima das capelas um varandim corrido com as armas reais nos ângulos; sobre o portal uma dupla arcada com guarda balaustrada, encimada por arquitrave com motivos escultóricos renascentistas. O átrio junto à cabeceira é coberto por abóbada polinervada, abrindo-se para o adro por portal em arco policêntrico com os emblemas manuelinos, a N., rasgado dos 2 lados por janelas maineladas de verga policêntrica.
CLAUSTRO REAL - adossado a N. da nave da igreja e respectivo transepto, de planta quadrangular, um piso, 7 tramos por ala, além dos tramos dos cantos, cobertos por abóbada de cruzaria de ogivas, com arcos torais separando os tramos e cadeia longitudinal ligando chaves, descarregando o seu peso sobre feixes de colunelos manuelinos onde assentam arcos quebrados que abrem para a quadra interior, com bandeiras decoradas por rendilhados de pedra cercando emblemas manuelinos; contrafortes de vários andares no paramento do lado da quadra encimados por pináculos piramidais, ressaltando acima da platibanda rendilhada circundante. No canto NO. o corpo quadrangular do lavabo, com torreão octogonal de remate piramidal adossado ao vértice, abre-se por arcos quebrados interceptados a meia altura por tímpanos rendilhados assentes em colunelos manuelinos; ao centro o lavabo com bacia e dupla taça escalonada, polilobadas. Todas as dependências que envolvem o claustro são rematadas por platibanda rendilhada igual à que encima a igreja.
SALA DO CAPÍTULO - abre para a ala E. do claustro principal por portal em arco quebrado com franja polilobada, rasgado nas 2 faces por arquivoltas reentrantes, e por 2 janelas com molduração semelhante; um janelão de 3 lumes rasga a parede fronteira, com vitral representando a crucifixão. De planta quadrada, é coberta por abóbada de nervuras estreladas, com as armas de D. João I no fecho central, amparada nos 4 ângulos por abóbadas nervadas triangulares.
REFEITÓRIO - divisão rectangular adossada à parte da ala O. do claustro, com abóbada de berço quebrado, dividida por arcos torais em 4 tramos, descarregando sobre moldura que circunda as paredes laterais.
CLAUSTRO DE D. AFONSO V - planta quadrangular, implantado a N. do claustro principal; 2 pisos, sendo o inferior abóbadado por cruzaria de ogivas, 7 tramos por ala, além dos tramos dos cantos, sem arcos formeiros, descarregando sobre mísulas adossadas dos 2 lados; emblema de D. Duarte e de D. Afonso V em alguns dos fechos.
Os tramos abrem para a quadra por arcos duplos, quebrados, assentes em colunelos duplos emparelhados transversalmente, com um mesmo ábaco, sobre parapeito, rasgado a meio de cada ala para permitir o acesso à quadra central; contrafortes intercalam as arcadas duplas; o 2º piso é coberto por alpendre apoiado em pilares octogonais; 2 contrafortes nos ângulos da quadra do lado S. encostam-se na diagonal até ao beirado do telhado que cobre o alpendre do 2º piso e dependências anexas.
Utilização Inicial : Cultual e devocional
Utilização Actual : Cultual / Cultural / Administrativa
Propriedade : Pública: estatal
Época Construção : Séc. 14 / 19
Arquitecto/Construtor/Autor : Afonso Domingues (1388 / 1402), Huguet (1402 / 1438), Martim Vasques (1438 / 1448), Fernão de Évora (1448/ 1477), Mestre Guilherme (1477 / 1480), João Rodrigues (1480), João Arruda (1485), Mateus Fernandes e Boitaca (direcção esporádica de obras), Mateus Fernandes II (1516 / 1528), João de Castilho (participação esporádica), Miguel de Arruda (1533 / 1563)
Cronologia :
1388 - Doação da "casa e mosteiro", dedicada a Nossa Senhora, à Ordem de São Domingos, cuja construção se iniciara a seguir à Batalha de Aljubarrota, em 1386, em cumprimento de voto régio, em terrenos comprados a Egas Coelho;
1416 - Deposição dos restos mortais de D. Filipa de Lencastre na capela-mor da igreja;
1426 - No seu testamento D. João I refere a construção da capela do fundador, destinada a panteão real;
1434 - Trasladação dos restos mortais de D. Filipa e D. João I para essa capela; estariam concluídas a igreja e capela do fundador, o claustro real e dependências anexas, dirigidas até 1402 pelo mestre Afonso Domingues e por mestre Huguet até 1437;
1437 - Compra de terreno junto à cabeceira, onde se dá início ao panteão de D. Duarte (Capelas Imperfeitas);
1448 / 1477 - Sob a fiscalização do mestre Fernão de Évora lavram-se os túmulos dos infantes e do rei, por João Eanes Rabuço, acaba-se a torre do relógio, o claustro de D. Afonso V, lajeiam-se os claustros, ladrilham-se varandas e aposentos;
séc. 16 (inícios) - Construção de contrafortes sobre os espaços intercalares das capelas imperfeitas, para receber futura cobertura, e ainda do átrio de ligação à igreja; decoração das bandeiras dos arcos do claustro e do corpo do lavabo;
1517 - D. Manuel, no seu testamento, recomenda ao seu sucessor que conclua o panteão iniciado por D. Duarte, estabelecendo uma ligação adequada com a igreja; obras promovidas por D. João III: varanda balaustrada, claustros a E. do claustro de D. Afonso V, destinados aos noviços e à hospedaria;
1755 - O terramoto provoca a queda da cúpula da capela do Fundador;
1811 - Ocupação pelas tropas francesas e incêndio nas instalações conventuais a E.; ( Nota - Sempre as asneiras dos pseudo - evoluídos irredutíveis gauleses, já em Alcobaça não estragaram mais porque não puderam ).
1834 - extinção das ordens religiosas e abandono do convento pelos monges;
1840 - início de um novo ciclo de restauros dirigidos por Luís Mouzinho de Albuquerque, continuados a partir de 1852 pelo arq. Lucas José dos Santos Pereira, por interferência de D. Fernando II;
séc. 19 / 20 - Alteração das dependências que rodeiam o claustro de D. Afonso V para a instalação de serviços públicos.
Tipologia : Arquitectura religiosa gótica, manuelina. Igreja de influência mendicante, de complexo conventual, ordenado à volta de 2 claustros, inicialmente 4. Simbiose harmoniosa de 2 estilos: o gótico mendicante e o flamejante. O arco conopial presente no portal O. e nos túmulos dos infantes e ainda o túmulo duplo surgem aqui pela primeira vez.
Caracteristicas Particulares : Mosteiro onde se funde a arquitectura gótica portuguesa característica dos séc. 13 / 14 com as novas tendências da arquitectura do séc. 15, nomeadamente de expressão flamejante, sobre a influência inglesa. Estrutura conventual assente em estacaria de pinho verde. Parede do lado do Evangelho mais espessa e não amparada por contrafortes, arcobotantes desse lado também mais robustos.
Construção erigida em calcário brando, das pedreiras locais, que permitiu uma riqueza de ornamentação, com destaque para o tecto coberto por abóbada de ogiva, as estátuas dos apóstolos e toda a decoração do portal principal, a abóbada estrelada da capela do fundador e as capelas imperfeitas onde nos seus arcos ponteagudos predomina o trabalho minucioso da mão do artista.
Dados Técnicos : Estruturas independentes (igreja, capelas sepulcrais, claustro principal, sacristia e sala do capítulo), estruturas mistas (adega e refeitório), estruturas autoportantes (dependências oitocentistas).
Materiais : Cantaria, alvenaria de pedra calcária rebocada, tijolo, telhões em pedra, telha, madeira, vidro, betão armado.
( Condensado da página da Net da DGMEN - Dir. Geral de Monumentos e Edifícios Nac.)
O Mosteiro dos Jerónimos
O Mosteiro dos Jerónimos
Designação : Mosteiro de Santa Maria de Belém / Mosteiro dos Jerónimos e túmulos de D. Manuel I, de D. João III, de D. Sebastião e do Cardeal D. Henrique
Localização : Lisboa, Lisboa, Santa Maria de Belém
Acesso : Pç. do Império
Protecção : Património Mundial - UNESCO 1983
Enquadramento : Implantado no sítio da antiga praia do Restelo, junto à margem do rio Tejo. Assoreado todo este terreno ao longo dos tempos, tem defronte a Praça do Império delineada aquando da Exposição do Mundo Português em 1940.
Descrição :
Planta composta organizada em L invertido segundo eixos O. - E. e S. - N., volumes articulados com coberturas diferenciadas. O complexo arquitectónico estrutura-se em torno de duas quadras, sendo a maior definida por uma comprida arcada de dois pisos com um corpo central mais elevado e a menor pelo claustro a que se adossam a Portaria, Refeitório, Sacristia, Sala do Capítulo e Igreja.
IGREJA de planta longitudinal, em cruz latina, corpos articulados de volumetria horizontalista e coberturas com telhados de 2 águas, orientada a E. / O.. Fachada principal, orientada a O., semi-oculta pela ligação às arcadas, através de 1 abóbada de berço sob um terraço. Pórtico em arco polilobado decorado com relevos e estatuária de vulto. À direita do portal, avança em ressalto um corpo de base quadrada, provido de janelas de arco pleno, de 2 registos, do qual se vai elevar torre sineira amparada por arcobotantes e coberta por uma cúpula poligonal neo-manuelina.
Portal |
Na fachada S., dividida em cinco tramos, sobressai um pórtico monumental, composto ao modo de um grande retábulo pétreo. A ladear o pórtico S. duas janelas em arco de volta perfeita com colunelos de decoração espiralada. Internamente, composta de 3 naves, cruzeiro, capela-mor, transepto saliente, sub-coro e coro-alto. Cobertura em abóbada única rebaixada, polinervada, assente em mísulas embebidas na caixa murária e em 8 pilares. O cruzeiro é um espaço unitário coberto por abóbada polinervada com combados, de ponto mais subido que a das naves, e guarnecida por arcos torais e formeiros para poder dispensar os suportes centrais.
Capela-mor coberta por uma abóbada de berço de caixotões de mármore; lateralmente encontram-se as arcas tumulares de D. Manuel, D. Maria, D. João III e D. Catarina, sustentadas por elefantes de mármore. Ladeiam o arco triunfal 2 púlpitos de pedra, octogonais. Nos braços do transepto, de revestimento calcário e gramática maneirista, abrem-se acrossólios que contêm túmulos e altares. Sacristia de planimetria rectangular, ergue-se ao centro uma coluna decorada que termina numa expansão de nervuras, apoiada na caixa murária por meio de mísulas.
O CLAUSTRO, a N., articula o complexo arquitectónico do Mosteiro com a igreja, planta quadrada, vértices cortados em chanfra na fachada interna, formado por 4 lanços térreos cobertos pela abóbada de cruzaria. A forma octogonal formada pelas chanfras projecta-se nos dois pisos que constituem os alçados do claustro. No portal da fachada S. avultam nichos com as imagens dos Apóstolos, Profetas, Virgens mártires, Doutores da Igreja e Anjos músicos. A separar a dupla porta, um mainel com uma estátua identificada com o Infante D. Henrique.
Claustros |
No tímpano, dois relevos com passagens da vida de São Jerónimo. O pórtico principal localiza-se a O. e é ladeado por dois contrafortes que albergam estátuas de 6 apóstolos. Sobre estes foram colocadas ânforas neo-clássicas. As estátuas reais estão parcialmente ocultas pela moldura dos pés-direitos e não cabem nas mísulas. Do lado direito D. Maria São João Batista e do lado esquerdo D. Manuel e São Jerónimo. Superiormente existem 3 relevos separados por pilastras renascentistas, figurando no do centro uma cena de presépio, no da esquerda a Anunciação e no da direita os reis magos.
Todos denotam reaproveitamentos e apresentam molduras de gramática estranha ao Manuelino. No sub-coro, à esquerda está a capela do Senhor dos Passos, revestida de talha dourada dos sécs. 17 - 18, que enquadra 4 pinturas alusivas à Paixão de Cristo. Do lado oposto situa-se a capela baptismal, em cuja parede nascente foi rasgado um vão, tardiamente, para conter um altar. O primeiro tramo do sub-coro possui abóbadas manuelinas, mas, no segundo tramo encontramos uma reconstrução revivalista da cobertura.
O mesmo sucede com os 5 arcos tudor que a sustentam e abrem para as naves. Lateralmente estão os túmulos neo-manuelinos de Camões e Vasco da Gama. As 3 naves são cobertas com abóbada única sustentada por pilares octogonais decorados com grotescos e nichos. Na parede N. abrem-se 10 nichos sobre portas que dão acesso aos denominados "confessionários".
SACRISTIA - Localiza-se no prolongamento N. do transepto, embora não no seu eixo. Possui 3 portas de acesso: muro S. (acesso ao Cruzeiro, por um corredor); O. (comunicação com o claustro) e N. (comunicação com a tribuna da Sala do Capítulo e 2º piso do Claustro). Um arcaz quinhentista e um armário do séc. 17 constituem o recheio decorativo da sacristia juntamente com pinturas maneiristas de Avelar Rebelo, Simão Rodrigues e Campelo.
Nave da Igreja |
CORO-ALTO - Tem acesso a partir do cruzeiro, pela escadaria entre-muros, ou pelo 2º piso do Claustro. Ocupa os dois primeiros tramos da Igreja, juntamente com os corpos das 2 torres (embora apenas uma tenha crescido). Entre estes está um cadeiral de talha maneirista de grande qualidade, atribuído a Diogo de Carça, com relevos de temática sacra e grotescos.
CLAUSTRO - A parede S. é independente e oblíqua relativamente ao muro N. da Igreja e revela tempos diferentes de construção. Entre ambos corre uma escadaria abobadada que liga o transepto e o 1º piso do claustro ao coro-alto e ao piso superior. O acesso ao terreiro faz-se pelas chanfras. Pela parte interna das arcadas, em ambos os pisos, corre uma galeria abobadada, para a qual abrem portas de comunicação com os serviços do Mosteiro: 1º piso - Sacristia e Sala do Capítulo (ala E.); Casa Pia (ala N.); Refeitório e Portaria (ala O.); "confessionários" e escadaria entre muros (ala S.); 2º piso - antiga livraria, sacristia e tribuna da sala do Capítulo (ala E.); Pátio da Casa Pia (ala N.); Hospedarias e Escadaria (ala O.); escada entre-muros (ala S.).
CASA DO CAPÍTULO - Fica localizada na ala Nascente do claustro. O portal duplo foi rasgado em 1517 por Rodrigo Pontezilha. A sala, rectangular, parece que nunca foi terminada, ou ruiu pouco tempo após a construção. Em 1884 foi reconstruída sob as ordens do Engenheiro militar Manuel Raymundo Valadas, para aí se instalar o túmulo de Alexandre Herculano. Exceptuando a parte inferior da caixa murária, tudo é de estilo neo-manuelino.
Tumulo de Vasco da Gama |
Arcada - 24 tramos divididos por um corpo central mais elevado e delimitados nos extremos E. e O. por 2 torres octogonais rematadas por coruchéus poligonais. Exceptuando os tramos extremos, os arcos do 1º piso são quebrados, providos de mainel e envidraçados e as janelas do piso superior são em arco de volta perfeita, de cujo extradorso arrancam cogulhos. Só alguns blocos de pedra do piso inferior são originais, aproveitados da vasta arcada aberta, que constituía espaço de armazenagem de víveres e apetrechos náuticos das embarcações que aportavam ao ancoradouro do Restelo.
Utilização Inicial : Cultual e devocional: Mosteiro da Ordem de São Jerónimo
Utilização Actual : Cultual e cultural
Propriedade : Pública: estatal
Afectação : IPPAR, DL 120/97, de 16 Maio
Época Construção : Séc. 16 / 20
Arquitecto/Construtor/Autor : Boitaca, João de Castilho, Leonardo Vaz, Diogo de Torralva, Jerónimo de Ruão e outros.
Utilização Actual : Cultual e cultural
Propriedade : Pública: estatal
Afectação : IPPAR, DL 120/97, de 16 Maio
Época Construção : Séc. 16 / 20
Arquitecto/Construtor/Autor : Boitaca, João de Castilho, Leonardo Vaz, Diogo de Torralva, Jerónimo de Ruão e outros.
Cronologia :
1496 - Bula de Alexandre VI que permite a fundação de um Mosteiro para a Ordem de São Jerónimo;
1500 - Tomada de posse canónica e jurídica do sítio de Belém pelos monges Jerónimos;
1505 - Constituída a «mesa dos contos», as obras passam a ser administradas por um provedor - Gonçalo Álvares, um almoxarife - Diogo Rodrigues, um escrivão - João Leitão;
1513 - D. Manuel adquire terras e casas para a cerca do Mosteiro da qual é empreiteiro Diogo Roiz;
1514 - Primeira referência a Boitaca como Mestre de Obras tendo sido substituído, ainda este ano, por Leonardo Vaz, Rodrigo Afonso e Francisco de Arruda; Domingos Guerra dirige a obra de 5 tramos do dormitório;
Tumulo de Camões |
1516 - Regresso de Boitaca como Mestre de Obras, juntamente com Filipe Henriques e Aleixo Henriques;
1517 - D. Manuel estipula nova orgânica nos trabalhos do Mosteiro; João de Castilho dirige as obras do Claustro, Sacristia, Capítulo e Porta Lateral; Nicolau Chanterene tem a seu cargo a porta principal;
1519 - Encontra-se concluído o piso térreo do Claustro e duas alas do andar superior;
1522 - João de Castilho dirige as empreitadas das abóbadas e pilares do cruzeiro e da Igreja;
1524 - Alvará régio que proibe a construção de casas defronte do mosteiro;
1540 / 1551 - Diogo de Torralva dirige as obras do Mosteiro: arranjos na capela-mor, vestíbulo, portaria, conclusão do claustro;
1550 - Diogo de Carça, responsável pela construção do cadeiral do coro-alto;
1551 - Tomada de posse pelos monges jerónimos do novo Mosteiro de Santa Maria de Belém;
1557 - D. Catarina ordena a demolição da capela-mor manuelina, encarregando mestre Jerónimo de Ruão da construção da actual;
1560 / 1570 - Cardeal D. Henrique manda executar várias empreitadas a André Gonçalves - no pátio do Claustro, João Dinis - os tanques, João de Ruão - o grande lago do Claustro;
Estátua de D. Manuel I |
1569 - Ordenada a interrupção das obras de Belém;
1571 / 1572 - Reedificada a capela-mor em estilo maneirista, por Jerónimo de Ruão;
1572 - Trasladação dos restos mortais de D. Manuel, D. Maria e D. João III para as novas sepulturas da capela-mor;
1587 / 1591 - Revestimento das capelas do transepto com mármores coloridos sob a direcção de Jerónimo de Ruão, por ordem de Filipe I;
1594 / 1598 - Execução por Fernão Gomes de dois retábulos para os altares do Claustro;
1625 - Teodósio de Frias, arquitecto, e Diogo Vaz, mestre pedreiro, são responsáveis, por ordem de Filipe II, da construção da Casa da Portaria e da escadaria de acesso ao 2º piso do Claustro; é transferido o portal dos dormitórios para a nova portaria;
1631 - A Portaria é dada como concluída;
1682 - Mateus de Couto, por ordem de D. Pedro II, é responsável pelas sepulturas de D. Sebastião e D. Henrique;
1701 / 1704 - Conclusão da escadaria;
1711 - D. João V manda executar algumas obras de reparação no Mosteiro, sob orientação dos arquitectos Manuel do Couto e João Antunes;
1723 / 1763 - A Tanoaria Real ocupa parte da arcada sob os dormitórios;
1756 - Alfândega de Lisboa é instalada nas mesmas arcadas;
1834 - Extinção das Ordens Religiosas; A Casa Pia instala-se no Mosteiro e iniciam-se modificações e restauros que duram até 1863; início de uma série de campanhas de obras na qual estiveram envolvidos José Maria Eugénio de Almeida, Colson, Benet, Joaquim Possidónio da Silva, Valentim José Correia, Raimundo Valadas, Rambois, Cinatti e Victor Laloux, e se prolongaram no séc. 20;
1888 - O corpo de Alexandre Herculano é trasladado para a Casa do Capítulo - o escritor fora também o único presidente da Câmara de Santa Maria de Belém quando esta teve esse estatuto.
1907- 0 mosteiro é declarado monumento nacional.
1940 - 0 primeiro ano da década é o da Exposição do Mundo Português. Os túmulos de Camões e Vasco da Gama (que já estavam na igreja) são trasladados para o local onde se encontram hoje. Durante a década de 40, os alunos da Casa Pia abandonam grande parte do mosteiro.
1969 - Danos causados pelo sismo.
Tumulo de D. Manuel I |
1983- A UNESCO consagra o Mosteiro dos Jerónimos como Património da Humanidade. Nesse ano recebem o mesmo título a Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha, o Convento de Cristo, em Tomar, e o Centro Histórico de Angra do Heroísmo.
1985- Fernando Pessoa é trasladado para o claustro do Mosteiro.
Características Particulares : É a única igreja do séc. 16 europeu onde se atinge a plena isotropia. Destacam-se os sistemas de cobertura utilizados na igreja, com a utilização nas naves de uma abóbada única sustentada apenas por redes de nervuras terciárias.
Dados Técnicos : Estrutura autónoma
Materiais : Pedra calcária lioz da região de Lisboa
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